ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - - - narrativa que revê, no século 20, as atrocidades e frustrações do movimento libertário do século 18, em minas gerais.
prevalece o tom evocativo e espiritualista, estilo da poetisa.
há clima de ansiedade e mistério
apesar da subjetividade inerente ao estilo da autora, há marcas do gênero épico, que se percebem no caráter nacionalista e histórico. além, claro, de certo teor heroico na caracterização dos chamados "inconfidentes".
já escrevi, mas repito: "inconfidente" é designação que portugueses deram aos brasileiros que reclamavam das cobranças injustas de impostos sobre o ouro -- dentre outras questões. "confidente"é quem confia. "inconfidente" é traidor. logo, brasileiros chamarem outros brasileiros de "traidores" é incoerente.
contudo, esse nome -- título do livro de cecília -- está absorvido pela cultura brasileira, parece difícil mudar. prefiro usar "conjura".
leia, pesquise, estude, veja os vídeos, se puder...
TEMAS PARA PESQUISA E ESTUDO
* quincas borba e o humanitismo - - romance satiriza, genericamente, teorias científicas do final do século 19
* angústia e o existencialismo - - ser humano fadado a fazer escolhas... e se responsabilizar por elas
* minha vida de menina - - personalidade de helena e o contraste com as posturas das figuras masculinas
* o cortiço - - questão da moradia; negritude criminalizada; bertoleza é a iracema do realismo (um português abusa de seu corpo e de sua origem, por isso morre)
* epígrafes de "sagarana" - - releia as epígrafes e estude como elas se relacionam com seus respectivos contos
-- clique aqui - epígrafes de sagarana - leia agora cada uma - clique aqui!
* mayombe - - floresta é tratada como "prometeu" africano: quem foi prometeu? por que tratar a floresta desta forma?
sim, domingo, 24 de novembro, tem mais vestibular FUVEST a quem interessar possa os livros "angústia" - graciliano e "quincas borba" - machado, têm minha preferência para este primeiro round dois romances de caráter crítico o primeiro, modernista, década de 1930; o segundo, realista, final do século 19. temas ?
veja :
as listas de leitura de unicamp e fuvest permitem aproximações temáticas que levantam discussões importantes que, não só ajudam no dia do exame, como servem de ilustração para possível produção de texto
1. o gênero "DIÁRIO" está em três obras, entre estas duas listas (fuvest & unicamp)
DIÁRIO DE UM DETENTO - racionais mc's MINHA VIDA DE MENINA - helena morley QUARTO DE DESPEJO - carolina de jesus
2. a questão RELIGIOSA "A RELÍQUIA" - eça - se aproximaria do soneto "A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR", gregório de matos : "Pequei, Senhor; mas não porque hei
pecado / Da vossa alta clemência me despido / Antes, quanto mais tenho delinquido / Vos tenho a perdoar mais empenhado. (...)
- - aqui e em eça de queiroz, a igreja enquanto instituição, é tratada com sarcasmo ainda em "A RELÍQUIA", a viagem surreal de raposão e topsius, até dia da morte de cristo pode ficar perto de "EVOCAÇÃO MARIANA", drummond, em "CLARO ENIGMA": dois episódios surreais... em eça, soa como paródia do novo testamento; em drummond, fantasia ligada à fuga da realidade mesmo... o eu lírico, em "claro enigma", é muito fraco
3. figura FEMININA
vários são os olhares possíveis à figura feminina, nas leituras de fuvest ou unicamp
mas aquela que sofre chama atenção
escolhi algumas
CAROLINA - diário de uma favelada MARINA - angústia TINA - caminhos cruzados CAMILA - a falência BERTOLEZA - o cortiço
releia as histórias citadas e veja de que sofrem essas mulheres, cada uma a seu modo: violência física, sexual, moral, violência social, racismo, desprezo, assédio sexual... a lista é grande
narrado em primeira
pessoa, luís da silva relata sua vida, em alagoas, como funcionário de
repartição pública e de um jornal, ligado ao governo do estado, onde faz
crítica literária, em maceió. século 20. década de 30.
muitos crimes
depois da revolução de 30. valeria a pena escrever isto? impossível, porque eu
trabalhava em jornal do governo.
órfão do pai -- camilo -- luís se mostra, na
vida adulta, muito rejeitado. solitário profissional. seus companheiros são moisés e pimentel.
vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos
(...) dão-me um ofício, um relatório, para datilografar, na repartição. até dez
linhas vou bem. daí em diante a cara balofa do julião tavares aparece em cima
do original, e os meus dedos encontram no teclado uma resistência mole de carne
gorda. (...)
em duas horas escrevo uma palavra: marina. depois,
aproveitando as letras desse nome, arranjo coisas absurdas: “ar”, “mar”,
“rima”, “ira”, “amar”. uns vinte
nomes.(...) o artigo que me pediram afasta-se do papel. é verdade que tenho cigarro e tenho
o álcool, mas quando bebo demais ou fumo demais, a minha tristeza cresce. tristeza e raiva. “ar”, “mar”, “ria”, “arma”, “ira”. passatempo estúpido.
trinta e cinco anos de
idade, luís se ressente da vida que leva, recebendo ordens para escrever
artigos, ora datilografando relatórios, sempre de cabeça baixa.
numa tarde, durante a
leitura de um romance, divisou a vizinha, unhas pintadas.
eu estava debaixo da mangueira, de onde via através da
cerca baixa o banheiro da casa vizinha, paredes pegadas com o meu, algumas
roseiras, algumas roseiras e um vulto que se mexia (...) era uma sujeitinha
vermelhaça, de olhos azuis e cabelos tão amarelos que pareciam oxigenados. não
havia nada interessante nela. devia ser moradora nova. cabelos pegando fogo e a
cara pintada. lambisgóia, falei comigo mesmo. depois notei que ela me
observava. encabulei. sou tímido. sei que sou feio. olhos, braços e boca muito
grande, além de um nariz grosso. (...)
a tal moça vermelha
era marina
naturalmente gastei meses construindo esta marina que vive dentro de mim, que é diferente da outra, mas se confunde com
ela. antes de eu conhecer a mocinha dos cabelos de fogo, ela me parecia
dividida numa grande quantidade de pedaços de mulher, e às vezes os pedaços não
se combinavam bem, davam-me a impressão de que a vizinha estava desconjuntada.
Agora mesmo temo deixar aqui uma sucessão de peças e de qualidades: nádegas,
coxas, olhos, braços, inquietação, vivacidade, amor ao luxo, quentura,
admiração a d. mercedes. (...) além disso ela era meiga, muito limpa. (...) passava uma hora no banheiro, e a roupa branca que vestia cheirava. (...)
á memória de luís,
conforme o relato caminha, aparecem tanto a figura do pai, camilo pereira da silva, como a de josé baía, contador de histórias de onça, além de outras
passagens do tempo de menino, como assistir ao trato com o gado, por mestre amaro ou lembrar o dia em que uma cobra se enrodilhou no pescoço do velho trajano.
o tempo passa e o
narrador percebe que seria patética uma disputa com tavares, mais rico, mais
poderoso. além do mais, marina estava pendendo para o lado do sujeito, roupas
bem cortadas, indo a passeios, teatro e cinema.
do seu próprio banheiro,
tempos mais tarde, percebe que a moça cuspia no chão e a voz de d. amélia, preocupada:
ela estava grávida e tavares não aparecia mais como antes... possuído de raiva
pensa em matar julião.
se marina voltasse... por que não? se voltasse
inteiramente esquecida de julião tavares, seríamos felizes. Absurdo pretender
que uma pessoa passe a vida com olhos fechados e vá abri-los exatamente na hora
em que aparecemos diante dela.
compõem o dia-a-dia de luís, a figura de ivo, homem simplório, às vezes bêbado; antônia, moça que vive
procurando homem; rosália e seus gemidos ouvidos de seu quarto, quando chega o
marido que ele nunca vira; as histórias repetidas de seu ramalho, como a do
moleque, retalhado à faca por ter deflorado uma moça; além do café onde, quase
sempre, esbarra no próprio ex-amante de marina.
medo da opinião pública? não existe opinião pública. o leitor de jornais admite uma chusma de opiniões desencontradas, assevera isto,
assevera aquilo, atrapalha-se e não sabe para que banda vai. (...) penso no
tempo em que os homens não liam jornais. penso em filipe benigno, que tinha um
certo número de ideias bastante seguras, no velho trajano, que tinha ideias
muito reduzidas, em mestre domingos, que era privado de ideias e vivia feliz. e lamento essa balbúrdia, essa torre de babel em que se atarantam os frequentadores
do café. quero bradar:
— eles escrevem assim porque receberam ordem
para escreverem assim. depois escreverão de outra forma. é tapeação, é safadeza
sem muito esforço, descobre que tavares estava tendo
um caso com uma moça que trabalhava numa loja de miudezas. pela madrugada,
seguiu-o até a casa, nas cercanias da cidade. esperou que saísse e o atacou com
uma corda, sufocando-o. influenciado pela visão do velho evaristo, enforcado, luís tenta transformar o crime em suicídio e procura pendurar o corpo na árvore,
mas acaba se machucando nas mãos e rasgando parte da roupa. desiste, quase
esquece o chapéu, tenciona voltar, mas acaba mesmo no rumo de casa. lá, mal
descansa, fica assustado.
falta ao trabalho no dia seguinte, assusta-se com um
pedinte, à porta, acreditando ser a polícia. cai de cama, com delírios, vendo
fatos passados, misturados, vagando por sua mente.
a narrativa inicia-se cerca de trinta dias após o narrador recuperar-se do
assassinato de tavares, e dura praticamente um ano — no tempo da narrativa,
apesar de prevalecer o tempo psicológico. luís vive num cenário por onde
passeiam prostitutas, velhacos, aproveitadores, pobres de espírito, enfim, um beco
sem saídas. vez por outra, surgem imagens de afogamentos, pesadelos com figuras
enforcadas ou a cobra enrolada no pescoço de trajano. quanto ao tempo,
confundem-se o psicológico e o cronológico. misturam-se. da primeira à última
página, dura o romance cerca de um ano. este é o tempo que cobre desde o
conhecimento de marina até a morte de julião. contudo sobram memória,
reminiscência e dor. referências à infância, o momento presente é evocado com a
tensão que os comunistas sofreram, na era vargas. a auto-estima baixa do
narrador traz à tona cenas da vida na época da adolescência, no campo, sua
relação curta e “inaugural” com berta, as imagens da fazenda, na época do avô e
a escola do antônio justino. pois bem, em meio ao dia-a-dia sofrido, cujo ponto
principal de dor é o rompimento com Marina, pululam imagens do passado, desde o
homem enforcado, o pai morto ou a tal cobra no pescoço do avô trajano. há quem
diga que a dor de luís mora na sua extrema carga de realidade que suporta na
frente dos olhos, mas isso é conversa de psicanalista
repare num trecho -- registrado acima -- quando luís se refere à imprensa: muita gente é enganada, acaba acreditando na realidade que lhes entregam... é tapeação, diz luis... imprensa é paga (comprada) para favorecer coronéis, acobertar crimes
a técnica do monólogo interior,é, aqui, motivo de comoção junto ao leitor. a alternância do uso do tempo, em planos diferentes, dá ao texto uma intensidade
e carga emotiva que poucos neste século XX conseguiram... talvez lúcio cardoso,
talvez clarice... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
muita gente apresenta dificuldade para inciar uma redação, principalmente quando o texto é um exame vestibular ou uma prova escolar.
vamos lá!
aristóteles já dizia: "a introdução é aquilo que
não pede nada antes, mas que exige algo depois".
ele tinha razão, pois a
introdução inicia o leitor no assunto
na introdução
APRESENTAR AO LEITOR - -
1 - assunto a ser abordado, localizá-lo no tempo e no espaço
2 - contextualizar
3- apresentar sua tese
(ideia) a respeito do tema sugerido
se o tema para sua redação for, por exemplo, o lixo e a necessidade de cuidados com reciclagem, vai a sugestão: nunca use clichês! são expressões de autoria universal, são praticamente ditos populares, de domínio público, não vale. começar um texto com "era uma vez uma garrafa pet boiando no riacho" não dá. muito menos "numa linda manhã, o bueiro chorava com a chuva e os detritos", não. pior é "no mundo em que vivemos". é de moer o pâncreas de quem lê
se não está seguro quanto a termos que não sejam considerados clichê, use o tema como sujeito de seu discurso
assim:
"os cuidados com o reaproveitamento do que se descarta, na vida urbana, são importantes ..."
ou
"lixo pode ser reaproveitado. nele mora uma série de ações que geram emprego ..."
contextualizar significa colocar sua frase em algum lugar no tempo e espaço. não seja genérico, usando termos como "mundo", "universo" ... particularize. se o tem é lixo, com certeza tratamos das relações dos humanos com ele na vida urbana.
assim:
"os cuidados com aproveitamento do que se descarta, na vida urbana, são importantes, uma vez que desde o final do século 20 até aqui, a atividade da reciclagem gera emprego e diminui índices de poluição ..."
na sequência, em sua introdução, faça uma afirmação segura a respeito do tema
ela -- a afirmação -- é sua tese, sua ideia
qual sua ideia? num rascunho, arrisque, por exemplo: lixo reciclado é saúde
pronto: basta juntar a tese à introdução
desta forma:
"os cuidados com aproveitamento do que se descarta, na vida urbana, são importantes, uma vez que desde o final do século 20 até aqui, a atividade da reciclagem gera emprego e diminui índices de poluição [ parágrafo ] importante destacar que, nesse sentido, reaproveitar o lixo é atividade saudável em uma sociedade organizada"
antes do século XIX, crônica erauma
compilação
de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo
cronos-
relativo ao tempo
MODERNAMENTE
CONSIDERA-SE CRÔNICA
●narrativa curta - prosa
●linguagem simples
●crítica à hipocrisia da classe média urbana
●crítica ao conservadorismo moral da sociedade
●recorte de realidade
●temporal
"cabra vadia" é coleção do que ele mesmo chamou de "confissões". relatos da vida urbana carioca recheadas de episódios históricos. vejam, na crônica "festa de cabeças cortadas" importante reparar:
●Alexandre Dumas - escritor
francês-séc 19 “Os três mosqueteiros”
●Revolução de 1789 versus 1968
●Cronista entediado com certo
caráter oficial da manifestação e das greves
●Por esse clima um tanto
artificial, idiotas estariam à frente do movimento, daí o tédio
●Idiotas e imbecis são maioria
●Faz ressalva, elogia o idioma com
certa bajulação… o idiota francês não é trivial
●Ao final, diz que viu Sartre ao
lado dos grevistas, fingindo-se de idiota para sobreviver
●J P Sartre (1905-1980) filósofo
existencialista, escritor, ativista social progressista
por que as crianças, filha de vitória e fabiano, não têm nome? como identificar a necessidade de reforma agrária, no país, pela história de fabiano? essas e outras perguntas, no vídeo abaixo! assista-me!
Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história
passional, que guardei a sete chaves, e meu coração bate incompassado
entre gaufrettes. Conta mais essa história, me aconselhas
como um marechal-do-ar fazendo alegoria. Estou tocada
pelo fogo. Mais um roman à clé? Eu nem respondo. Não sou dama nem mulher moderna. Nem te conheço. Então: É daqui que eu tiro versos, desta festa — com arbítrio silencioso
e origem que não confesso — como quem apaga seus pecados de
seda, seus três monumentos pátrios, e passa o ponto e as luvas.
* gaufrettes - wafers; tipo de biscoito doce
* roman à clé - "roman à clef" - narrativa: autor trata pessoas reais através de personas fictícias
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a poesia de ana crsitina cesar (1952-83) não conseguiu tempo de maturar. resvalou-se na arte da literatura marginal, mas não se mostrou coesa nesse campo.
"sete chaves" parece tratar o tema da morte com colcha de retalhos de eufemismos.
imagens coladas como num diário despretensioso tornam seu estilo bem isso: despretensioso.
falta novidade para se considerar "a teus pés" uma obra de peso. e qual o parâmetro? leminski, pedro tierra, cacaso, leila míccolis, torquarto neto, chacal, só pra ficar em seis bem mais encorpados. claro está que a morte de ana ceifou a chance de sua obra crescer. mesmo assim, vestibulares aqui no estado de são paulo vão cobrar a leitura de sua obra " a teus pés", em novembro 2018 e janeiro 2019.
história do cerco de lisboa [ romance ]
séculos 20 e 12
fácil entender:
raimundo silva tem tarefa de revisar texto antigo sobre a tomada de lisboa pelos cristãos liderados por afonso henriques, 1147 movido por inquietações psicológicas -- ou literárias -- raimundo escreve um "não" em uma das frases que revisa. os portugueses não teriam sido auxiliados pelos cruzados na luta por retirar os mouros de lisboa advertido pela editora, raimundo não é demitido. seus patrões decidem colocar uma "errata" nas publicações que saem para livrarias maria sara, uma figura chamada pela editora para supervisionar o trabalho de raimundo, se interessa pela personalidade do revisor é dela a ideia de que ele escrevesse uma história do cerco de lisboa como imaginasse... que desse vazão à imaginação
peça teatral de dias gomes 1962 modernismo brasileiro
sucupira bahia
no enterro de mestre leonel fixa-se a ideia de que a cidade de sucupira precisa de um cemitério... estão levando o velho pescador morto para outra cidade. prefeito : odorico paraguaçu secretário : dirceu borboleta amante do prefeito : dulcinea esposa de dirceu : dulcinea coveiro : chico moleza jornalista : neco pedreira primo : ernesto irmãs de dulcinea : judicea e dorotea jagunço : zeca diabo
depois de pronto o cemitério era necessário inaugurá-lo e, com isso, expor a imagem de um prefeito trabalhador. contudo, necessário um defunto.
nesse meio, dirceu desconfia que sua mulher tem um amante. o secretário de odorico fez voto de castidade. passa o tempo caçando borboleta. sem metáfora.