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sábado, 9 de julho de 2022

alvorada - cartola - comentário


            ALVORADA
      Cartola  [1908 - 80]

 Alvorada lá no morro, que beleza
 Ninguém chora, não há tristeza
 Ninguém sente dissabor
 O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
 E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
 Você também me lembra a alvorada
 Quando chega iluminando
 Meus caminhos tão sem vida
 E o que me resta é bem pouco
 Quase nada, de que ir assim
 Vagando numa estrada perdida
 Alvorada
  . . . . . . . . . .  .  .  .  
.  .   .   .

samba contrapõe a paisagem do morro à realidade triste do poeta, dentro de seus caminhos "tão sem vida". uma maneira de ter mundo melhor seria o momento da chegada da pessoa amada, comparada, claro, ao amanhecer no morro, lugar sem tristeza e muito lindo. olhem, todos sabemos -- até os que não moram no morro -- que a vida nesses locais é árdua. às vezes o saneamento básico é precário, falta transporte, pouco acesso a diversão imediata... agora, o texto de cartola aponta para uma visão romântica do morro: terra maravilhosa, feita de alegria, lembra aquele poema do gonçalves dias, "canção do exílio".

cartola: agenor de oliveira, nascido em cantagalo, rio de janeiro, 1908. falecido em 1980, na mesma cidade.  o apelido "cartola" veio do tempo em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.