romance moderno, frases curtas, discurso direto e indireto livre
prevalecem.
narrativa em terceira pessoa, onisciente. Aqui, o enredo expõe os
caminhos de gente abastada como zé maria ou leitão leiria; figuras quase
miseráveis como benévolo ou cacilda e também os de classe média e vida
assalariada como fernanda, honorato e prof. clarimundo. essas figuras vivem
realidade cinzenta, sem gosto, sonhando com outros mundos. é o caso de benévolo, assim como clarimundo ou mesmo noel. numa outra parte do enredo, a vida baseada no status
social expõe fragilidade do caráter de muitos personagens, como d. dodó
buscando fama na pobreza alheia ou mesmo seu marido e a postura adúltera que
assume. os devaneios e fantasias dos personagens são sempre superados pela
realidade.
repare que veríssimo se faz valer da técnica do "contraponto", ou seja, um evento mostrado sob diferentes pontos de vista.
por vezes, a narrativa assume cadência mais lenta, mas a descrição não é
estática e auxilia a compreensão da rotina dos personagens, muitos – se não
todos, levados pelo destino, sem muita iniciativa própria.
a expressão “ver a cara do madruga”,
do cel. pedrosa denota essa vontade de querer existir superando o outro,
apenas vivendo aos olhos do outro. à primeira vista, pode-se pensar que a
história toda é do homem sírio, como sugere professor clarimundo. o nome dele uma provocação: clarear o mundo. a realidade é cruel e
consome os menos corajosos. será? pode
ser que tudo seja obra do homem de sírio... essa dúvida é da arte.
são personagens simplórios no quesito ação ética (ou mesmo moral) mas
descritos com profundidade rara e antecipa, de certa forma, o que se vai ler no
traço de clarice lispector ou guimarães rosa.
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