quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

heartstopper - alice oseman - é livro suave sobre tema necessário

 

heartstopper é uma história em quadrinhos, de alice oseman, inglaterra. existem vários volumes, mas o primeiro é marcante e acolhedor. 

charlie e nicholas, dois jovens, vão descobrindo que podem ser mais íntimos e as dúvidas de nick (nicholas) sobre ser ou não ser gay são uma inspiração para o debate a respeito do que é o gostar, amar, ter empatia, respeito ao outro e, principalmente, ser feliz.

vejam o que fiz sobre este livro:


domingo, 1 de janeiro de 2023

com mais de quatro anos de atraso, brasil volta a ver um estadista na presidência

 

[presidente lula com representantes do povo, janeiro 2023]

"Desastrosas foram as circunstâncias que o levaram à prisão. Não custa reiterar: não há leitor, jurista ou não, que examine a sentença de Sergio Moro e aponte as páginas em que estão listadas as provas que levaram ao repto condenatório. Assim, a posse de Lula também marca o fim da era do terror jurídico que tomou conta do país na vigência da Lava-Jato (...)" 
                               [ reinaldo azevedo - portal UOL ]  
                                       clique e leia texto completo            

quem é desinformado ou tem problema de caráter vai pôr em xeque a ascensão de lula, desde 2017, quando é preso, até subir rampa do planalto em janeiro de 2023. em 2018, ainda liderava a corrida presidencial. sim, em 2018. só não levou porque estava preso. sem provas, mas preso.
olhem, tanto a promíscua lava-jato como o governo negacionista de jair tentaram enterrar a figura política de lula com pele e tudo. venderam sua imagem como um comunista.
 muita gente esqueceu dos 12 anos seguidos do partido dos trabalhadores na presidência (mais 2, até o golpe sobre dilma), em que se viu uma admistração bem capitalista, diga-se. nada de comunismo.
é estarrecedor o grau de alcance das fake news criadas pelo gabinete do ódio do clã jair e por centenas de figuras que se diziam religiosas -- "deus acima de tudo" -- algumas até eleitas para o congresso. entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022 o que se viu foi um governo desumano e anti-democrático. acabou.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

pesadelo em pablo picasso

 

                                                                      [ pablo picasso, 1939 ]

todo mundo tem pesadelos. se não teve, terá. é o mal de quem dorme.
a "divina comédia", de dante, é toda construída assim, a partir de sonos intranquilos, em sua primeira parte. o início de "a metamorfose", de kafka, é crucial para essa ideia de que pesadelos são fonte de literatura. e já leu "frankenstein"?
quando tinha pesadelos, eu conseguia guardar alguns, dentro de potes de plástico -- desses de maionese --, também em livros ou mesmo dentro caixas de óculos velhos. ultimamente, uso duas gavetonas, sob a cama. quando estou sem sono, olho pra elas, bato com o nó dos dedos sobre a madeira, daí espero ansioso a resposta... até dormir aos sobressaltos de cansaço.
picasso, fez um quadro supostamente singelo, quase infantil, em que um gato abocanha uma ave... é terrível e, por isso, um de meus pesadelos mais marcantes. nunca sei se sou o dente do felino ou o ventre dilacerado da ave. vocês lembram o final de "a hora e a vez de augusto matraga"? pois é. e do tal "prometeu"? lembram? 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

de homens para homens

 

milly lacombe, mais uma vez, brilhante:

"O troféu de melhor goleiro da Copa como um imenso pênis rígido: que final apoteótico para um torneio radicalmente testosterônico. O que representa mais o poder do que o falo imenso e ereto?... Perto de Emiliano Martínez enquanto ele fazia de seu trofeu o simulacro de um pau duro apontando para uma parte da torcida estavam os homens mais poderosos do mundo: o Emir do Qatar, o genro de Donald Trump, (Kushner), o bilionário abobado que comprou o Twitter - Elon Musk -, o presidente francês e uma série de outros magnatas que controlam tudo no mundo, das leis à comunicação. Uma Copa onde pouco se viu mulheres na torcida, num país em que não ser homem local de comportamento heterossexual faz de você um ser humano inferior. Tudo feito por homens para homens entre homens... (...)
Para levar a taça a campo no dia da final, Iker Casillas. Ao lado dele havia uma mulher elegantemente vestida. Não sei quem era, nem seu nome foi mencionado durante a transmissão. Perdi alguma coisa? Alguém sabe de quem estou falando ou se tratava apenas de um troféu ao lado da taça? Mulheres não interessam e não importa dizer seus nomes.
O futebol é uma das poucas arenas onde homens heterossexuais podem demonstrar carinho um pelo outro sem correrem o risco de serem chamados de viados. O homem branco heterossexual e burguês é entendido como o sujeito político universal. Não se fala em identidade nesse caso."

    [ portal uol - dezembro 2022 ]

veja o texto completo de milly - clica

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

tinha uma pedra etc...

 

[ moon & ba ]

no meio do caminho, tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio da vesícula. 
isso mesmo. pedras.
neste dezembro vou a hospital para procedimentos cirúrgicos e retirar o cascalho do órgão. não sei se a vesícula vai junto, não importa agora. falta pouco. dizem especialistas e os íntimos que vai ser tranquilo, que vai ser rápido e isso e aquilo. mesmo assim, fico tenso.
no mundo do consciente e inconsciente vislumbro a possibilidade dessas pedras serem, de fato, um amálgama do que deixei de dizer, do que deixei de fluir. esse pacote nada lírico se forma e fica acumulado na gente. um efeito psicossomático de dentro pra fora esse segurar o verbo, segurar o gozo, a resposta e o gesto, em nome de sabe-se lá o quê. isso tudo pode sim ter sido acumulado, e o que era sombra, medo, ansiedade virou pedra. então, me sinto prestes a parir. quem sabe agora aprendo. falta pouco. 

terça-feira, 29 de novembro de 2022

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

escolha de túmulo - josé paulo paes - comentário

 



                                                      [ j p paes - por osvalter ]


        
 ESCOLHA DE TÚMULO
                             José Paulo Paes

                               Mais bien je veus qu'un arbre
                             m'ombrage au lieu d'un marbre.  - Ronsard -

  Onde os cavalos do sono
  batem cascos matinais.

  Onde o mundo se entreabre
  em casa, pomar e galo.

  Onde ao espelho duplicam-se
  as anêmonas do pranto.

  Onde um lúcido menino
  propõe uma nova infância.

  Ali repousa o poeta.

  Ali um voo termina,
  outro voo se inicia.

     [in "prosas seguidas de odes mínimas", cia das letras]
   . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .   .

se você não sabe francês, a epígrafe de ronsard diz algo mais ou menos assim, tradução livre:
"só quero que uma árvore me faça sombra ao invés de um mármore".

poema com tema ligado à morte. a repetição "onde", no início de verso é conhecida como "anáfora", uma figura de linguagem.
o que temos, nese texto, é uma sequência de imagens ligadas ao fim da vida: "cavalos do sono", "pranto", "voo", "repousa" etc são uma maneira mais suave de descrever a passagem da vida para a morte, o que traz o nome de "eufemismo", outra figura de linguagem. 
vale lembrar que, pelo conjunto da obra de paes, podemos dizer que essa repetição de "onde" lembra uma reza, uma espécie de ladainha.
a figura do menino propondo nova história não deixa de ser um clichê que bem pode se ligar ao cristianismo e àquelas imagens de anjos, querubins e afins. contudo, a riqueza da proposta está no que o menino oferece: não se trata de outra vida, eternidades ou companhias divinas, mas sim uma outra infância. é inusitado. simbólico até o talo, faz crer que a infância é a melhor vida, porque livre, porque prestes a aprender tudo... é bem bonito. é literatura.

. . . . . . .  .  .  .  .  .

saiba mais:



sexta-feira, 18 de novembro de 2022

vai bater o sinal: vestibular não é tudo

 

a notícia é de 2007. charles, hoje, deve estar pelos 30 anos. escrevi o texto abaixo, logo que a notícia se deu, na época. 

foi assim: 

vejo no jornal desta semana que um jovem de 14 anos, no paraná, foi aprovado para ingresso em faculdade. teoricamente, alcançou vaga bem antes de terminar o ensino médio. charles ribeiro é seu nome. a faculdade é a puc de curitiba. família pleiteia, na justiça, direito de cursar a faculdade, pulando o ensino médio. 
ultimamente, tenho percebido muita pressa dos jovens em seguir logo em uma carreira, fazer cursos de especialização, idiomas, mais pós-graduações, correr, correr... não é bom. e por que continuam tentando pular etapas? pressão da comunidade? pressão do mercado? modismo? medo?
não sei quanto de precocidade há na mente de charles, o menino de quatorze anos que quer fazer faculdade, convivendo com mais velhos, respirando clima de gente que busca emprego e prazeres que só a privacidade de uma vida adulta e independente darão. tenho medo dessa pressa. dizem que, na época, charles era superdotado. pode ser. se considerado assim, apenas porque foi bem num exame vestibular, há controvérsia. os exames para faculdade não atestam, necessariamente, conhecimento profundo. não é uma avaliação, mas um exame. tem diferença. então, não é coisa de outro mundo um jovem de 14 anos conseguir fazer o exame. não duvido se muita gente, antes dos 15, estudasse um tanto, pudesse vencer um vestibular de faculdade. mas existe a vida a vencer e, para ela, não há prova antecipada. a maturidade é a experiência. a felicidade vem quase sempre junto.
a
proveito o espaço, aqui, para insistir: muito se pode fazer pelo planeta, pela reciclagem, economia de água etc. agora, é bom pensar um tanto na felicidade, com calma e responsabilidade.

tempos

 


ultimamente, figuras próximas perguntam como estou. pra uns digo que estável, pra outros não. depende da hora, depende do lugar.
há antidepressivos, remédios para pressão, umas iguarias mais específicas para alimentação. e pedras. sim, pedras. neste ano, detectaram várias, na vesícula, e devem ser retirada ainda em 2022.
uma canseira essa expectativa porque, apesar da distância de 4 anos, ainda lembro direitinho da cirurgia para retirar câncer de próstata. lembro bem porque o pós-operatório parece não querer sair da cabeça. nem do corpo. impotência, algum desânimo, sensação de solidão, desmotivação... 
parece que a decisão sobre o que fazer da vida já foi tomada, aqui dentro. só falta pôr em prática. parece simples. não é. 

sábado, 12 de novembro de 2022

comunicador fujiwara cria podcast sobre profissões

 


elucidar questões a respeito de determinadas carreiras pode ser a chave para um vestibular mais tranquilo. no mínimo, dá segurança. se você é estudante ou mesmo educador, precisa conhcer isto: voltado para estudantes de ensino médio, as conversas de oscar fujiwara buscam esclarecer ouvintes a respeito de determinadas profissões. 

vale a pena.

link abaixo
ouça podcast sobre profissões - clica

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

ao shopping center - josé paulo paes - comentário

 

                                                          [josé paulo paes 1926 - 98]

       AO SHOPPING CENTER
                   José Paulo Paes

    Pelos teus círculos

    Vagamos sem rumo

    Nós almas penadas

    Do mundo do consumo.

    Do elevador ao céu

    Pela escada ao inferno:

    Os extremos se tocam

    No castigo eterno.

    Cada loja é um novo prego em nossa cruz.

    Por mais que compremos

    Estamos sempre nus

    Nós que por teus círculos

    Vagamos sem perdão

    À espera (até quando?)

   Da Grande Liquidação.

 

     [in: "prosas seguidas de odes mínimas", cia das letras]
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criticando o consumismo, o eu lírico junta o espaço do shopping ao momento do julgamento final, à moda católica. o poeta afirma que "vagamos sem perdão", uma vez que o consumismo é símbolo de vaidade, ação tão condenada pelos católicos. olhem, gostar de si, querer agradar ao próprio ser é ruim para essa religião porque é a chance de que a pessoa seja mais dona de seus próprios atos e deixe de dar ouvidos a histórias de outros mundos.

aqui, o eu lírico não está criticando o catolicismo e suas leis punidoras, pelo contrário, condena os que frequentam shoppings centers e os trata como seres vazios. "cada loja é um prego" significa o erro de ser consumista, ou seja, ir ao shopping tira da pessoa a chance de ir à igreja. o poeta pune aquele(a) que compra.
o texto tem o caráter de uma "ode", ou seja, uma homenagem, na tradição clássica. no caso, uma grande ironia, como se lê ao final.
essas pessoas consumistas vazias esperam o grande perdão por serem o que são: consumidores. "grande liquidação", ao final, é t
rocadilho digno de aplauso. é instigante. é literatura.

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