em 1975, drummond
sugere a pedro paulo de sena madureira, editora imago, que publique o livro de adélia, cujos poemas lhe
pareciam "fenomenais".
“bagagem, meu primeiro livro, foi feito num entusiasmo de fundação e
descoberta nesta felicidade. emoções para mim inseparáveis da criação, ainda
que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. descobri ainda que a experiência
poética é sempre religiosa, quer nasça do impacto da leitura de um texto
sagrado, de um olhar amoroso sobre você, ou de observar formigas trabalhando.“
a seleção portuguesa de futebol, neste 2019, conquistou a liga europa. torneio que veio no lugar da "eurocopa". competição, aliás, também vencida pelos tugas anos atrás. em junho de 2010, a seleção brasileira de futebol esteve em durban, áfrica do sul, pela copa do mundo, a jogar contra portugueses. o mesmo lugar que, por acaso, foi de fernando pessoa. o primeiro português, oficialmente, a estar no sul da áfrica foi bartolomeu dias em 1488. já o poeta chegou por lá, mas em 1896, em função do trabalho do padrasto, o
cônsul joão rosa. o heterônimo c. r. anon (brincadeira com "anônimo")
nasceu em durban. em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul. na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos: "Jaz aqui, na pequena praia extrema O Capitão do Fim Dobrado o
Assombro, O mar é o mesmo: Já ninguém o tema!(...)" -
["Mensagem"]
falando em futebol, meu time português, para todo o sempre, está escalado:
GUARDA REDES (camisa 1)–Vieira
ALA DIREITA (4) – Gil Vicente
DEFENSOR (3) – Mário de Sá-Carneiro
DEFENSOR (2) – Branquinho da Fonseca
LÍBERO – (5) Eça de Queiroz
ALA ESQUERDA – (6) Miguel Torga
técnico -sá de miranda massagista - alexandre o'neill auxiliar técnico - josé régio reservas guarda redes - ramalho ortigão defensor - antero de quental meia defensivo - camilo castelo branco ala - bocage médio - joão de deus avançado - camilo pessanha
vi "glass" [ vidro ] - s. jackson - b. willis - mc avoy
é parte de uma trilogia que contém "fragmentado" e "corpo fechado", do mesmo diretor m. shyamalan
vale dizer que para uma atividade interdisciplinar, nível ensino médio em diante, é possível ver apenas este.
personagem kevin possui múltiplas personalidades e crê ser um super-herói.
assim como david -- que não tem as múltiplas personalidades -- mas também imagina ser mais que humano, uma vez que foi único sobrevivente de um acidente de trem
internado há tempos, em um hospício, está elijah -- mr. glass -- que é astuto e possui segredos dos outros dois ... ele irá manipulá-los. vale a pena pedir aos alunos que assistam. colher deles as opiniões a respeito de cada personagem.
questionar o grupo a respeito de uma definição, um conceito de herói. fazer paralelos com outros filmes ou quadrinhos com mesmo tema qual poder é possível desenvolver? músculos? argumentação? culinária? pesca?
o que sabemos sobre o que conseguimos fazer fora do que é considerado normal?
- o que sabemos fazer de diferente que não prejudique o próximo [ nem o distante ] - sugerir ao grupo que criem um super-herói inédito [ou heroína ou trans ou...] - uma figura que tenha poderes e que use ou não disfarces, uniformes...
depois, esperar o resultado com ansiedade
eles -- os alunos -- podem gravar pequeno vídeo com essa figura
tornar material público, procurar interagir com outras comunidades que viram o filme etc etc...
falei com meus alunos, esta semana, sobre o conto "o espelho" -- veja vídeo, ao final do texto, aqui -- de machado de assis. a história é simples. jacobina, aos vinte e poucos anos de idade, rio de janeiro, século 19, é alçado ao cargo de alferes o que causa júbilo na família e certa inveja em alguns amigos. a tia marcolina lhe dá de presente um espelho, lá dos tempos de joão sexto. num determinado momento da narrativa, jacobina se vê sozinho, no sítio da tia -- que se ausentou por uns dias -- e treme de medo. passa dias nervoso, tenso. os escravos tinham fugido. para piorar, olhava no espelho grande que ganhara e não via sua imagem. as leis da física só voltaram ao normal depois que ele vestiu sua farda de alferes. é um conto sobre a vaidade. no texto, usam-se expressões como "alma exterior", "alma interior". padre vieira e muitos sacerdotes cristãos também condenavam a vaidade. até hoje, dar destaque a si mesmo, tatuagens, apliques no cabelo, lentes de contato coloridas, pulseiras, anéis, piercings pelo corpo, tudo ainda causa alguma repulsa em muita gente. apesar de haver quem se diga distante da cristandade -- nascedouro das condenações à liberdade humana -- muita gente se pega julgando e mostrando repulsa ao que pode tornar alguém um destaque. é pena.
pela democracia pelo futuro que se avizinha obscuro e letal pelo presente que nos esmaga pelo passado que não deve ser esquecido este golpe desde 2016 planta a semente do ódio aos pobres, criminaliza a miséria social é autofagia necessário se faz manter a população acordada! educadores de toda ordem estudantes diletantes gente que gosta de viver com justiça vamos espalhar o que é justo! o que alimenta o intelecto vamos compartilhar filosofia, ciência, arte, saúde, prazer, empatia... por favor
poesia pós-romântica poeta filósofo protagonista da questão coimbrã amigo de germano meireles quase amigo de ramalho ortigão inimigo natural de antonio castilho
saiba mais sobre os temas acima, nesses dois vídeos!
presidente da república, eleito, tomou posse em janeiro 2019, diz que filosofia e sociologia não merecem apoio do brasileiro... essas ciências não dariam retorno -- palavras de jair -- e melhor seria focar em medicina etc etc... nem precisa lembrar que para ser médico razoável (e não doutor bum-bum) passa-se pelo estudo da ética... para ser engenheiro razoável (e não sergio naya) é preciso ter mínima noção de cidadania e para que serve uma obra.
mas não adianta escrever isto, porque gente como esse presidente não entende de argumento, não trabalha com intelecto, nada sabe de empatia, diferenças sociais e importância da educação.
falharam governantes anteriores... estaduais, federais, municipais... deveriam ter feito mais pela ciência, pela educação básica, pelos professores, mas a ideia nunca foi esta... foi o curto prazo, a eleição baseada em promessas voláteis, como "honestidade", "dignidade", "trabalho", termos tão vagos quanto "sempre" e "nunca".
falharam elite e clero que, nada, nada estavam a quinhentos anos ditando regra para a população mais pobre. falharam porque planejaram tudo pensando no próprio umbigo e nunca deram ouvidos a quem estava na escola... nossa elite sempre pulou essa parte do estudar. hoje só sabe de auto-ajuda e nem assim deixam de bater em mulher, sonegar imposto ou sustentar turismo sexual...
o título desse texto não se dirige apenas ao óbvio tuiteiro que fez arminha com a mão durante campanha eleitoral... é também aos que elegeram esta desgraça que envergonha até -- pasmem -- que flertou com nazismo, tamanhas as besteiras ditas a respeito da segunda guerra mundial.
precisamos de nossa dignidade de volta. educação é o único lugar. não é no congresso apenas, nunca foi na igreja, não é no armamento, nem condenando à morte negros, mulheres, comunidade lgbt e afins como se vem fazendo há tempos.
quem é educador, educadora, precisa sempre manter a dignidade.
babel – bíblico: torre inacabada por
castigo divino, daí seus idiomas se confundiram; caos
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
"labirinto confuso", no título, indica um pleonasmo e intensifica o estado conflituoso do eu lírico
- tema do texto pode muito bem combinar com estado de luís da silva, em angústia ou mesmo rubião, lá do quincas borba - estilo barroco se revela nas ocorrências de contradições ao longo do texto
ja é abril de 2019 e continuo vendo notícias de gente que afirma ser a terra plana, que não gosta de vacina, que julga o comportamento sexual dos outros, que ataca mulheres, que diz ser o nazismo de esquerda... já é abril de 2019 e o assassinato de marielle franco continua sem esclarecimento já é abril de 2019 e o rio de janeiro ainda sofre com enchentes como se fora uma cidade do século 19 é depressivo, é extenuante tentar elaborar tudo isso sem ver brotar o desgosto, raiva e o desespero no coração precisa refletir precisa usar da educação como ferramenta, ponto de apoio, marca de acolhimento para ajudar a despertar, no ser humano jovem um tanto de autonomia e confiança na realidade palpável é necessário usar do laboratório de ciências da escola pra debater a própria ciência é necessário reviver cafés filosóficos no pátio é necessário criar jogos de interação entre estudantes nos espaços livres da escola já é abril de 2019
texto curto, narrativo, um conflito. é definição rasa de um conto. machado foi mestre nesse gênero. em sala de aula, fundamental 2 ou médio, fomentar reflexão e debate sobre relações pessoais o que fazer
1. ler com os estudantes ou pedir que leiam em casa 2. questionar, para a sala, o que eles perceberam de diferente ao lerem sobre um dia dentro de uma escola, no século 19, quando comparado com o dia de hoje 3. a mesma pergunta, agora a respeito do que se manteve, na escola de hoje, desde o que se leu em machado 4. pedir à classe que repare na postura do pai de pilar quanto a seu futuro: ser capitalista, comerciante... e o que faz pilar, em sala de aula?... negócio! 5. o que seria melhor para o filho do professor, ao invés de pedir a um colega as respostas do exercício? 6. professor policarpo está preocupado com a provável ascensão de pedro segundo, com menos de 16 anos, ao poder... fica entretido com o jornal... repare que a cena final, do menino de calças novas atrás dos oficiais com tambor, lembra bem batedores adiante do imperador que, não por acaso, teria idade parecida com a de pilar 7. o nome do narrador, "pilar", sugere que tipo de relação entre ele e raimundo? saiba mais:
chega de violência contra pessoas, homossexuais, trans, negros, índios, mulheres...
a escola ainda é um lugar em que se pode gerar conhecimento, debate, união... violar direitos humanos é crime.
disque 100 é uma saída também. funciona 24 horas. semana toda, mês todo... o 100 analisa denúncias em relação a trabalho escravo, violência contra imigrantes ou refugiados, discriminação racial, violência contra ciganos, idosos, crianças etc...
professor que ainda insiste em se esconder atrás do maldito conteúdo para não se expor diante de questões sociais atuais como as de brumadinho, suzano ou marielle realmente não merece a cátedra. é quase um crime. cabe às coordenações, direção geral de escolas fomentar nos professores a urgência de debates e ações com alunos sobre esses temas.
empatia e voz a todos é um começo para, por exemplo, permitir que alguém que sofre algum tipo de violência -- em casa ou na escola mesmo -- se exponha... cabe aos adultos da história (professores e orientadores, funcionários) lidar com isso regularmente... dar de ombros por medo de que a comunidade (pais pagantes, por exemplo -- na rede privada) se incomode é ser conivente com o que aconteceu em suzano e em tantos outros locais similares.
seguindo a linha aberta, com
sucesso, por sautet (um café para sócrates), Marinoff procura seduzir o leitor
com a tentação do momento : filosofia. filosofia aplicada ao cotidiano,
assinala o subtítulo.
logo
de cara, o filósofo diz a que veio :
"na
medida que as instituições religiosas estabelecidas perdem cada vez mais a sua
autoridade e que a psicologia e a psiquiatria excedem os limites de sua
utilidade na vida das pessoas (e começam a fazer mais mal que bem), muitas
pessoas estão passando a ser dar conta de que a especialização filosófica
abarca lógica, ética, valores, racionalidade, tomada de decisão em situações de
conflito ou rico e todas as vastas complexidades que caracterizam a vida
humana. (...) durante todo este século [XX], um grande abismo se abriu debaixo
de nós quando a religião retrocedeu, a ciência avançou e o significado se
extinguiu."
marinoff
defende a ideia de que a filosofia deveria fazer parte de todo processo de
educação. na verdade, hoje, recuperar valores comuns, mínimos de convivência
entre pessoas e o próprio meio-ambiente parece não ser tarefa fácil, no
ocidente voltado apenas para a estrada do "compro-vendo-financio".
nesse
ritmo, o grande embuste do século vinte, a psicologia, colaborou para que se
fizessem, no máximo, relatos de posturas, síndromes ou justificativas (quase
sempre superficiais) para suicídio, depressão, dificuldade em se relacionar ou
facilidade para fazer contas mentalmente. daí a brincadeira com "prozac"... marinoff traz relatos de como a filosofia ajudou, de fato, pessoas a resolver
conflitos como separação matrimonial, postura ética na escola, dúvidas sobre
opção ideológica (vida comum ou monástica, por exemplo), o que vem a ser
"o bem", essas coisas. o crescimento de cafés
filosóficos e aconselhamentos, tanto informalmente como em clínicas, numa
tentativa — segundo marinoff — de superar as limitações de trabalhos
psicoterápicos, tornou-se uma tônica, nesse mundo cheio de catástrofes, como as
guerras, exploração econômica ou verticalização de conhecimento como sinônimo
de progresso.
o livro é pretensioso, direto,
defende bem o peixe do autor e ainda ataca a ferida de muita gente ligada às
humanidades, na medida que contrapõe filosofia e psicologia. e esta última fica
devendo a que veio.
narrado em primeira
pessoa, luís da silva relata sua vida, em alagoas, como funcionário de
repartição pública e de um jornal, ligado ao governo do estado, onde faz
crítica literária, em maceió. século 20. década de 30.
muitos crimes
depois da revolução de 30. valeria a pena escrever isto? impossível, porque eu
trabalhava em jornal do governo.
órfão do pai -- camilo -- luís se mostra, na
vida adulta, muito rejeitado. solitário profissional. seus companheiros são moisés e pimentel.
vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos
(...) dão-me um ofício, um relatório, para datilografar, na repartição. até dez
linhas vou bem. daí em diante a cara balofa do julião tavares aparece em cima
do original, e os meus dedos encontram no teclado uma resistência mole de carne
gorda. (...)
em duas horas escrevo uma palavra: marina. depois,
aproveitando as letras desse nome, arranjo coisas absurdas: “ar”, “mar”,
“rima”, “ira”, “amar”. uns vinte
nomes.(...) o artigo que me pediram afasta-se do papel. é verdade que tenho cigarro e tenho
o álcool, mas quando bebo demais ou fumo demais, a minha tristeza cresce. tristeza e raiva. “ar”, “mar”, “ria”, “arma”, “ira”. passatempo estúpido.
trinta e cinco anos de
idade, luís se ressente da vida que leva, recebendo ordens para escrever
artigos, ora datilografando relatórios, sempre de cabeça baixa.
numa tarde, durante a
leitura de um romance, divisou a vizinha, unhas pintadas.
eu estava debaixo da mangueira, de onde via através da
cerca baixa o banheiro da casa vizinha, paredes pegadas com o meu, algumas
roseiras, algumas roseiras e um vulto que se mexia (...) era uma sujeitinha
vermelhaça, de olhos azuis e cabelos tão amarelos que pareciam oxigenados. não
havia nada interessante nela. devia ser moradora nova. cabelos pegando fogo e a
cara pintada. lambisgóia, falei comigo mesmo. depois notei que ela me
observava. encabulei. sou tímido. sei que sou feio. olhos, braços e boca muito
grande, além de um nariz grosso. (...)
a tal moça vermelha
era marina
naturalmente gastei meses construindo esta marina que vive dentro de mim, que é diferente da outra, mas se confunde com
ela. antes de eu conhecer a mocinha dos cabelos de fogo, ela me parecia
dividida numa grande quantidade de pedaços de mulher, e às vezes os pedaços não
se combinavam bem, davam-me a impressão de que a vizinha estava desconjuntada.
Agora mesmo temo deixar aqui uma sucessão de peças e de qualidades: nádegas,
coxas, olhos, braços, inquietação, vivacidade, amor ao luxo, quentura,
admiração a d. mercedes. (...) além disso ela era meiga, muito limpa. (...) passava uma hora no banheiro, e a roupa branca que vestia cheirava. (...)
á memória de luís,
conforme o relato caminha, aparecem tanto a figura do pai, camilo pereira da silva, como a de josé baía, contador de histórias de onça, além de outras
passagens do tempo de menino, como assistir ao trato com o gado, por mestre amaro ou lembrar o dia em que uma cobra se enrodilhou no pescoço do velho trajano.
o tempo passa e o
narrador percebe que seria patética uma disputa com tavares, mais rico, mais
poderoso. além do mais, marina estava pendendo para o lado do sujeito, roupas
bem cortadas, indo a passeios, teatro e cinema.
do seu próprio banheiro,
tempos mais tarde, percebe que a moça cuspia no chão e a voz de d. amélia, preocupada:
ela estava grávida e tavares não aparecia mais como antes... possuído de raiva
pensa em matar julião.
se marina voltasse... por que não? se voltasse
inteiramente esquecida de julião tavares, seríamos felizes. Absurdo pretender
que uma pessoa passe a vida com olhos fechados e vá abri-los exatamente na hora
em que aparecemos diante dela.
compõem o dia-a-dia de luís, a figura de ivo, homem simplório, às vezes bêbado; antônia, moça que vive
procurando homem; rosália e seus gemidos ouvidos de seu quarto, quando chega o
marido que ele nunca vira; as histórias repetidas de seu ramalho, como a do
moleque, retalhado à faca por ter deflorado uma moça; além do café onde, quase
sempre, esbarra no próprio ex-amante de marina.
medo da opinião pública? não existe opinião pública. o leitor de jornais admite uma chusma de opiniões desencontradas, assevera isto,
assevera aquilo, atrapalha-se e não sabe para que banda vai. (...) penso no
tempo em que os homens não liam jornais. penso em filipe benigno, que tinha um
certo número de ideias bastante seguras, no velho trajano, que tinha ideias
muito reduzidas, em mestre domingos, que era privado de ideias e vivia feliz. e lamento essa balbúrdia, essa torre de babel em que se atarantam os frequentadores
do café. quero bradar:
— eles escrevem assim porque receberam ordem
para escreverem assim. depois escreverão de outra forma. é tapeação, é safadeza
sem muito esforço, descobre que tavares estava tendo
um caso com uma moça que trabalhava numa loja de miudezas. pela madrugada,
seguiu-o até a casa, nas cercanias da cidade. esperou que saísse e o atacou com
uma corda, sufocando-o. influenciado pela visão do velho evaristo, enforcado, luís tenta transformar o crime em suicídio e procura pendurar o corpo na árvore,
mas acaba se machucando nas mãos e rasgando parte da roupa. desiste, quase
esquece o chapéu, tenciona voltar, mas acaba mesmo no rumo de casa. lá, mal
descansa, fica assustado.
falta ao trabalho no dia seguinte, assusta-se com um
pedinte, à porta, acreditando ser a polícia. cai de cama, com delírios, vendo
fatos passados, misturados, vagando por sua mente.
a narrativa inicia-se cerca de trinta dias após o narrador recuperar-se do
assassinato de tavares, e dura praticamente um ano — no tempo da narrativa,
apesar de prevalecer o tempo psicológico. luís vive num cenário por onde
passeiam prostitutas, velhacos, aproveitadores, pobres de espírito, enfim, um beco
sem saídas. vez por outra, surgem imagens de afogamentos, pesadelos com figuras
enforcadas ou a cobra enrolada no pescoço de trajano. quanto ao tempo,
confundem-se o psicológico e o cronológico. misturam-se. da primeira à última
página, dura o romance cerca de um ano. este é o tempo que cobre desde o
conhecimento de marina até a morte de julião. contudo sobram memória,
reminiscência e dor. referências à infância, o momento presente é evocado com a
tensão que os comunistas sofreram, na era vargas. a auto-estima baixa do
narrador traz à tona cenas da vida na época da adolescência, no campo, sua
relação curta e “inaugural” com berta, as imagens da fazenda, na época do avô e
a escola do antônio justino. pois bem, em meio ao dia-a-dia sofrido, cujo ponto
principal de dor é o rompimento com Marina, pululam imagens do passado, desde o
homem enforcado, o pai morto ou a tal cobra no pescoço do avô trajano. há quem
diga que a dor de luís mora na sua extrema carga de realidade que suporta na
frente dos olhos, mas isso é conversa de psicanalista
repare num trecho -- registrado acima -- quando luís se refere à imprensa: muita gente é enganada, acaba acreditando na realidade que lhes entregam... é tapeação, diz luis... imprensa é paga (comprada) para favorecer coronéis, acobertar crimes
a técnica do monólogo interior,é, aqui, motivo de comoção junto ao leitor. a alternância do uso do tempo, em planos diferentes, dá ao texto uma intensidade
e carga emotiva que poucos neste século XX conseguiram... talvez lúcio cardoso,
talvez clarice... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
vamos lá! se vc, educador, professora, educadora gosta de livros e possui alunos entre final do ensino fundamental 2 e início do médio, vale a dica para atividade com literatura - o que fazer : alunos lêem "o gato preto" - edgar allan poe (séc 19) -- um conto de terror 1. questionar os alunos sobre que tipo de relação se criou entre o personagem central e pluto (plutão) 2. por que emparedar esposa e gato? 3. o gato é animal venerado em que sociedade, antes de cristo ? 4. o que é literatura gótica? de onde veio o termo "gótico"? 5. discutir com eles essa ideia: por que muita gente se interessa por contos de terror? saber mais? assista-nos!
se vc, educador, professora, educadora gosta de livros e possui alunos entre final do ensino fundamental 2 e início do médio, vale a dica para atividade: - o que fazer leitura do livro "o pequeno príncipe" - a. exupèry
- sugestões de atividades : 1. lido o livro, questionamentos verbais, em sala: a) o que faz o personagem ser entendido como "príncipe", na história? b) por que amizade é importante para o príncipe ? c) como o leitor percebe uma crítica aos reinados? 2. alunos escrevem um bilhete ao escritor - - obviamente, exupèry está morto (desapareceu e nunca foi encontrado), mas uma atividade fictícia em que os alunos possam expor dúvidas - alunos escrevem uma pergunta ao escritor - professor recolhe os bilhetes e, surpreendentemente, distribui os bilhetes a outros estudantes, na sala, de modo que cada um tenha uma pergunta pra responder como se fosse o escritor 3. discutir com eles essa ideia: todos temos direito a momentos de isolamento e reflexão... assim como de compartilhar sentimentos de angústia ou tristeza... é humano ficar triste, é humano estar depressivo... não se deve, penso, abominar essas questões e sim tratar, lidar, deixar o outro expressar que é tímido, que é mais recolhido... acolher o outro... ser amigo é também isso 4. se houver tecnologia disponível, no processo, os estudantes podem fazer postagens, numa rede social, usando hashtag #opequenoprincipe e também #letradeletra (assim eu também participo) e colocar pequenos depoimentos de até 30 segundos, sobre o livro, marcando outros amigos e professores....
1985,
romance distópico "o conto da aia", de margaret atwood, canadense.
é ficção futurista,
ambientada num estado teocrático, totalitário. nele, as mulheres são vítimas preferenciais de opressão,
tornando-se propriedade do estado, e o fundamentalismo se fortalece como força
política.
"o conto da aia"é uma distopia narrada em primeira
pessoa por offred,
uma mulher designada para ser aia. ela, mulher de 33
anos, era casada e tinha uma filha.
país chama-se gilead. a poluição e condições climáticas alteram a taxa de natalidade e, no passado, presidente foi morto a tiros e o exército delcarou estado de emergência
mulheres são presas, perdem direito e o nome e as que não procriam são fiscais e/ou educadoras; as férteis são aias e usam uniformes vermelhos -- elas devem fornecer filhos para a elite
offred é uma aia e está confinada em um ginásio esportivo
na parede do armário de offred se lê "nolite te bastardes carborundorum"; mais tarde, através do comandante, ela saberá que significa: "não deixe que os bastardos esmaguem você". chama atenção a
justificativa religiosa para dominação e violência masculinas sobre as mulheres
há mulheres fiscalizam as aias e as mantêm sob controle. são as "tias". sarah e elizabeth andavam entre as camas do dormitório com aguilhões elétricos de tocar o gado. o medo reina soberano.
offred é obrigada a ficar entre as pernas da esposa do comandante e manter relações sexuais -- violentada -- uma vez ao mês até engravidar e entregar o filho a esta família.
num determinado momento da narrativa, offred passa a frequentar quarto do comandante quando sua esposa não está eles se tornam amantes. para ir a determinados lugares é necessário companhia, pois uma aia fiscalizaria outra. com a parceira de passeio, ofglen, ambas estão na rua, acabam vendo-se, olho no olho, enquanto observam uma vitrine. estão mais à vontade, questionam se deus saberia tudo, ambas concordam que não. em casa, é abordada pela esposa do comandante que a ameaça pois descobriu seu caso com o marido. o grupo "mayday" está lá fora, para buscar a narradora. comandante e serena joy nada podem fazer.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a narrativa expõe o fenômeno das ascensão de um fundamentalismo totalitário e cáustico, valorizando individualismo masculino sob argumento de segurança para a espécie humana sempre houve desrespeito para com o universo feminino quando este resvala em ações independentes. principalmente quando põem em risco a autoridade masculina que se faz através do sexo. o fenômeno do crescimento do autoritarismo sustentado pela via religiosa é reflexo do quão permissivo o estado é diante das ações dessa falsa religiosidade que, no limite, se apodera da liberdade de pensar do outro, tira-lhe a auto-estima, corrói suas finanças e faz o fiel crer que tudo está programado por algum deus xis. o fiel, então, passa a depender dos discursos e ordens do sacerdote mais próximo, uma vez que, é claro, deuses só falam pelas bocas desses seres, geralmente de vestes diferentes e que pregam o medo como arma de dominação. pior: julgam e condenam que não acredita nessa mitologia.