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terça-feira, 26 de outubro de 2021

altino arantes 543

 

  
                             [um dos poucos buracos no mundo com memória ]

em frente a casa de meus pais, em ribeirão preto, havia um terreno grande, com uns buracos cheios de formiga e pequenos lagartos verdes, alvos perfeitos para nossas pedradas. era o começo dos anos 1970. chamávamos um dos buracos de "base". eu e irmão renato íamos pra lá e olhávamos o mundo de outro jeito, pelo menos de baixo pra cima.
brinquei ali na rua altino arantes, com dimas, roque (um cachorro preto e branco), jussara, quenia e mais uns outros moleques de uma vila, na mesma quadra. do cachorro, na verdade, eu tinha medo, mas não faz diferença agora.

as pessoas perdi com o tempo; a "base" não existe mais porque demoliram o terreno, que agora se chama "conjunto de casas". aliás, várias casas, nessas últimas décadas foram feitas sobre nossa base. já tive vontade de voltar pra lá, tempos atrás, meter-me num buraco, qem sabe de repente sairia como personagem de livro de guimarães rosa. ele gostava de um furo no chão, uma vereda escura... mas rosa já morreu e buracos não costumam ter memória.
um dia ainda caio em um.
todos caem.

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