por que as crianças, filha de vitória e fabiano, não têm nome? como identificar a necessidade de reforma agrária, no país, pela história de fabiano? essas e outras perguntas, no vídeo abaixo! assista-me!
Vamos tomar chá das cinco e eu te conto minha grande história
passional, que guardei a sete chaves, e meu coração bate incompassado
entre gaufrettes. Conta mais essa história, me aconselhas
como um marechal-do-ar fazendo alegoria. Estou tocada
pelo fogo. Mais um roman à clé? Eu nem respondo. Não sou dama nem mulher moderna. Nem te conheço. Então: É daqui que eu tiro versos, desta festa — com arbítrio silencioso
e origem que não confesso — como quem apaga seus pecados de
seda, seus três monumentos pátrios, e passa o ponto e as luvas.
* gaufrettes - wafers; tipo de biscoito doce
* roman à clé - "roman à clef" - narrativa: autor trata pessoas reais através de personas fictícias
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a poesia de ana crsitina cesar (1952-83) não conseguiu tempo de maturar. resvalou-se na arte da literatura marginal, mas não se mostrou coesa nesse campo.
"sete chaves" parece tratar o tema da morte com colcha de retalhos de eufemismos.
imagens coladas como num diário despretensioso tornam seu estilo bem isso: despretensioso.
falta novidade para se considerar "a teus pés" uma obra de peso. e qual o parâmetro? leminski, pedro tierra, cacaso, leila míccolis, torquarto neto, chacal, só pra ficar em seis bem mais encorpados. claro está que a morte de ana ceifou a chance de sua obra crescer. mesmo assim, vestibulares aqui no estado de são paulo vão cobrar a leitura de sua obra " a teus pés", em novembro 2018 e janeiro 2019.
Eu tenho uma missão e não vou parar
Meu estilo é pesado e faz tremer o chão
Minha palavra vale um tiro e eu tenho muita munição
Na queda ou na ascensão, minha atitude vai além
nas músicas há diálogo com gêneros da arte literária como o diário e o conto policial, por exemplo, além do manifesto, do lirismo e claro, a oração
a canção "mágico de oz" é exemplo de música-manifesto pois faz denúncia social
procura convencer seu ouvinte com argumentos
vale a pena ouvir também "fórmula mágica da paz", "diário de um detento" e "tô ouvindo alguém me chamar", além, claro, de "mágico de oz"
os horrores seriam fruto do abandono a que a periferia é relegada
recado claro :
“deixe o crack de lado” [ periferia é periferia]
o vício tem dois lados :
- rico e pobre
- urbano e periferia
a droga deixa as periferias iguais em "periferia é periferia" vemos que o termo periferia é o adjetivo para amontoado de casas destruídas pela droga e pelos que são donos de aviões Na periferia a lei é a da bala e da droga
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saber mais ?
assista-me!
comentário geral do álbum e trechos de entrevistas com mano brown
história do cerco de lisboa [ romance ]
séculos 20 e 12
fácil entender:
raimundo silva tem tarefa de revisar texto antigo sobre a tomada de lisboa pelos cristãos liderados por afonso henriques, 1147 movido por inquietações psicológicas -- ou literárias -- raimundo escreve um "não" em uma das frases que revisa. os portugueses não teriam sido auxiliados pelos cruzados na luta por retirar os mouros de lisboa advertido pela editora, raimundo não é demitido. seus patrões decidem colocar uma "errata" nas publicações que saem para livrarias maria sara, uma figura chamada pela editora para supervisionar o trabalho de raimundo, se interessa pela personalidade do revisor é dela a ideia de que ele escrevesse uma história do cerco de lisboa como imaginasse... que desse vazão à imaginação
peça teatral de dias gomes 1962 modernismo brasileiro
sucupira bahia
no enterro de mestre leonel fixa-se a ideia de que a cidade de sucupira precisa de um cemitério... estão levando o velho pescador morto para outra cidade. prefeito : odorico paraguaçu secretário : dirceu borboleta amante do prefeito : dulcinea esposa de dirceu : dulcinea coveiro : chico moleza jornalista : neco pedreira primo : ernesto irmãs de dulcinea : judicea e dorotea jagunço : zeca diabo
depois de pronto o cemitério era necessário inaugurá-lo e, com isso, expor a imagem de um prefeito trabalhador. contudo, necessário um defunto.
nesse meio, dirceu desconfia que sua mulher tem um amante. o secretário de odorico fez voto de castidade. passa o tempo caçando borboleta. sem metáfora.
romance de eça de queiroz, narrado em primeira pessoa pelo personagem teodorico raposo, o "raposão". ele precisa provar a sua tia patrocínio que é merecedor da herança da mulher. para isso, bastava que ele fosse uma espécie de beato, religioso, carola mesmo. contudo, sua personalidade é de um espertalhão, mulherengo. tudo isso, no século dezenove. é o período realista. saber mais ? assista-me!
o vestibular da universidade estadual de campinas, unicamp, neste janeiro 2018, cobrou dos candidatos um debate -- em forma de discurso de palestrante -- a respeito da pós-verdade. tem sido comum, nos últimos anos, o crescimento dessa atividade (pós-verdade) que é sustentação típica da falta de embasamento argumentativo de nossa elite e boa parte da classe média que usa redes sociais. nelas, nas redes, opinião é verdade. opinião é argumento válido. como nada mais há além da superficialidade, sobra ódio e alienação. notícias falsas nascem daí. eu já recebi, em grupo de "wzap", notícia falsa, a respeito de política brasileira. retruquei, alertando que era notícia falsa. adiantou zero. existe até gente adulta, diplomada, mas que se instrui da própria raiva por não entender o mundo em que se vive. é triste essa solidão da ignorância. o papel da escola é importantíssimo, nesse quesito -- e em outros, claro -- daí a proposta de redação da unicamp acertar na veia a questão da pós-verdade. professores, principalmente os de ensino fundamental e médio, devem instigar alunos ao debate sobre realidade, ética e vida com as diferenças. democracia, leitura, escrita etc etc etc. claro, o professor deve também fazer o mesmo tipo de exercício para não correr o risco de ser reprovado no quesito "educador". os vídeos abaixo tratam dos temas "política", "educação" e "leitura". vale a pena. veja, deixe comentário.
a seguir, as 10 epígrafes do livro "sagarana". são nove contos, uma para cada narrativa e mais outra que abre o livro.
esta:
"Lá em cima daquela serra,
passa boi , passa boiada,
passa gente ruim e boa
passa a minha namorada".
[ quadra de desafio ]
“For a walk and back again”, said the fox. “Will you come with me? I’ll take you on my back. For a walk and back again.”
(Grey Fox, estória para meninos)
[ passear e voltar, disse a raposa / você vem comigo? levo você nas minhas costas / para passear e voltar ]
as histórias, basicamente, se passam no cenário da quadra de desafio... a chamada de grey remete ao caráter de fábula que norteia boa parte do livro, como em "conversa de "bois", "burrinho pedrês" ou mesmo "são marcos" e "corpo fechado" com suas magias.
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“E, ao meu macho rosado,
carregado de algodão,
preguntei: p’ra donde ia?
P’ra rodar no mutirão.” (Velha cantiga, solene, da roça)
burrinho pedrês -
o animal que, em princípio era mais fraco e feioso do que os cavalos, acaba salvando a vida humana, carregado de gente, passando o rio
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“Negra danada, siô, é Maria:
ela dá no coice, ela dá na guia,
lavando roupa na ventania.
Negro danado, siô, é Heitô:
de calça branca, de paletó,
foi no inferno, mas não entrou!”
(Cantiga de batuque, a grande velocidade)
“— Ó seu Bicho-Cabaça!?
Viu uma velhinha passar por aí?...
— Não vi velha, nem velhinha,
corre, corre, cabacinha...
Não vi velha nem velhinha!
Corre! corre! cabacinha...”
(De uma estória)
a volta do marido pródigo (lalino) -
"negro danado" que evita o inferno, se afasta de problemas pode ser referência ao personagem central, o lalino, por ser ladino, sim, o malandro
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"E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
– Tenho dentes de navalha, e com um pulo de ida‐e‐volta resolvo a questão!...
– Exagero... – diz a arraia – eu durmo na areia, de ferrão a prumo, e sempre há um descuidoso que vem se espetar.
– Pois, amigas, – murmura o gimnoto*, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: se eu soltar três pensamentos elétricos, bate‐poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas..."
[ conversa a dois metros de profundidade ]
duelo -
turíbio todo e cassiano gomes travam perseguição, por vingança
contudo, timpim-vinte-e-um é quem consegue assassinar turíbio, simbolizado, na cantiga, pelo peixe elétrico
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"Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai...
Não cantes fora de hora, ai, ai, ai…
A barra do dia aí vem, ai, ai, ai...
Coitado de quem namora!...”
(O trecho mais alegre, da cantiga mais alegre, de um capiau beira-rio)
sarapalha -
contradizendo a legenda da cantiga, a história é bem triste... argemiro e ribeiro, primos, ambos com malária, acabam se separando... um expulsa o outro, por ciúme... argemiro, num gesto de humildade e coragem, confessa a ribeiro que gostava da mulher do primo... por isso é expulso do lugar... ele, argemiro, cantou fora de hora
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“Tira a barca da barreira,
deixa Maria passar:
Maria é feiticeira,
ela passa sem molhar”
(Cantiga de treinar papagaios)
minha gente -
maria irma é objeto de desejo do protagonista mas acaba se casando com ramiro... o leitor sabe que ela, maria, é tida como feiticeira; não por acaso, foi ela quem arrumou armanda (assim, "r" mesmo) para o protagonista que logo se apaixona e se casa com a moça... por que será?
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“Eu vi um homem lá na grimpa do coqueiro,
ai-ai
não era homem, era um coco bem maduro,
oi-oi
Não era coco, era a creca de um macaco,
ai-ai
não era a creca era o macaco todo inteiro
oi-oi”
(Cantiga de espantar males)
são marcos -
a cantiga repete, como ladainha, que o que se vê, na verdade, era outra coisa. o conto trata também da oração de s marcos ligada a poderes além da humanidade... como diz a legenda, "espantar males". o preconceito de josé (izé) por mangolô é nítido. além da feitiçaria, há a questão da negritude... o que torna a figura de josé mais desprezível. no fim da história, o protagonista será salvo da cegueira pelo tal mangolô feiticeiro que, então, não era o que parecia
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“A barata diz que tem
sete saias de filó...
É mentira da barata:
ela tem é uma só”
(Cantiga de roda)
corpo fechado
narrativa em que manuel fulô consegue matar o valentão targino - que está armado e atira - usando apenas uma pequena faca, sem se ferir. o autor da mágica é tonico das pedras... e parece, ao final do confronto, que manuel fulô tinha sete vidas, sete escudos, muitas proteções... mas o que ele demonstra é ter confiança... uma vida só... a cantiga de roda, nesse contexto, bem se justifica
narrativa com caráter fabuloso. oito bois, dentre eles "namorado", "brabagato" e "dançador", traçam plano de melhorar a vida de tiãozinho e matam o carreiro, agenor, que estava em cima do carro de bois e, segundo consta, já estava interessado na mãe de tiãozinho, recém-viúva. o corpo do pai de tiãozinho estava no carro, no momento do desfecho da trama (morte de agenor). eles realmente fizeram a terra tremer
Eu sou rica, rica, rica, vou-me embora, daqui!...”
(Cantiga antiga)
“Sapo não pula por boniteza,
mas porém por precisão.”
(Provérbio capiau)
a hora e vez de augusto matraga -
o primeiro texto pode fazer referência à partida de dionora, esposa de matraga, que o abandona para ficar com ovídio moura. os termos "eu sou pobre" e "sou rica" também podem ser lidos como "sofrimento", "dor" -- para "pobreza" -- e "aconchego" e "conforto" (com ovídio) -- para "riqueza".
o provérbio capiau pode fazer referência à atitude final de matraga que, rejeitando seus novos hábitos de recluso e religioso, acaba assassinando um jagunço, joãzinho bem-bem. ou seja, se é sapo, vai pular. se é matraga, irá cometer alguma violência.
camilo castelo branco, escritor português do século 19. montou uma narrativa interessante desancando com o estilo romântico piegas de um certo silvestre da silva. é assim: narrado em terceira pessoa por um editor, o livro conta a vida de silvestre da silva, cujas histórias amorosas estavam em cadernos manuscritos. com a morte de silvestre, o tal editor acreditou que poderia saldar algumas dívidas do falecido com a renda obtida depois da publicação do livro "coração, cabeça e estômago", de silvestre. a narrativa está justamente dividida nessas três partes como se lê no título. este sujeito é um sonhador, mau poeta e vulnerável às paixões. vai sofrer. logo na primeira parte das três, ele narra como se apaixona por nove mulheres.