[ laerte ]
na cultura ocidental, carneiro costuma ser símbolo de sacrifício
só isso
milly lacombe deu a letra a respeito do episódio da simulação tosca de penalidade protagonizada por neymar, neste julho 2022, em um jogo amistoso, contra uma equipe japonesa:
(...) Abel Ferreira recentemente disse que somos ruins em formar homens. Não sabemos mesmo. Embora ele falasse apenas a respeito da classe "jogador de futebol" a verdade é que somos uma sociedade absolutamente fracassada na masculinidade tóxica. Incentivados a não amadurecerem. Incentivados a serem espertos. Incentivados a não levarem desaforo pra casa. A ludibriar, ter vantagem, (...) Abel está certo. Falhamos nesse negócio de formar homens. (...) A boa notícia é que é possível desprogramar esse negócio de masculinidade tóxica. Muitos homens estão nessa aventura. Muitos estão na batalha para se deseducar de padrões limitantes. Muitos estão lendo mulheres, escutando mulheres, estudando mulheres, citando mulheres. E muitos estão sendo bem sucedidos na tarefa. Para sorte de todos os envolvidos.
[ Milly Lacombe, portal UOL - julho 2022 ]
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leia mais sobre o tema:
neymar envergonha o futebol brasileiro [ clica ]
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Todo mundo tem o direito
De viver cantando
O meu único defeito
É viver pensando
Em que não realizei
E é difícil realizar
Se eu pudesse dar um jeito
Mudaria o meu pensar
O pensamento é uma folha desprendida
Do galho de nossas vidas
Que o vento leva e conduz
É uma luz vacilante e cega
É o silêncio do cipreste
Escoltado pela cruz
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canção expõe nota de arrependimento e busca de acolhimento. a tal da empatia, como
se diz nesse nosso século.
o eu lírico mostra que seu defeito é pensar no que não fez... parece mesmo que existe culpa, nessa letra de cartola. então, a solução para o defeito seria mudar o pensamento – ao invés de tentar fazer alguma coisa. o pensamento, segundo o texto, é folha do cipreste que o vento leva, não tem peso. uma ação, pelo contrário,
fica, tem peso, pode ser julgada. uma outra leitura seria a chance deixar de crer que seja ele – o pensar – um defeito.
cartola: agenor de oliveira, nascido no rio de janeiro, 1908. falecido na mesma cidade, 1980. torcedor do fluminense. um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola", veio dos tempos em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.
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saiba mais :
caborê é cervejaria oficial da cidade de paraty
1. a rua do fogo é passagem quase obrigatória. ela termina -- ou começa -- numa das laterais da igreja de santa rita.
2. o bar casa coupê é imprescindível: do lado da igreja matriz, na praça, tem no croquete de costelinha sua maior obra. seguido de perto por qualquer outra coisa que contenha frutos do mar. peça a pimenta da casa, por favor. na calçada da frente, na árvore, um comedouro de aves. com sorte, você vê sanhaçus, ferro-velho, cambacicas e outros seres voadores
3. livraria das marés: tem espaço, livros ligados à história da cidade e um café, ao fundo
4. margarida café: melhor truta com purê de batata doce do universo. além do drink jorge amado
5. ver as maçãs do elefante, na praça da matriz
6.outro estabelecimento com "café" no nome: café pingado. traz bolinhos saborosos com canela e os impagáveis docinhos de cachaça.
7. boteco da matriz é visita esperada. na traseira da igreja dos remédios. lá tem porções variadas e cervejas artesanais
8. andar pela praia de jabaquara. tem um ponto de ônibus que é parada de leitura. livros doados para compartilhar. tem também sombra, areia, sons de pássaros, uma dezena de quiosques ofertando de tudo, até o drink "jorge amado" -- recomendo!
9. a luz do inverno sobre o mar: vá para frente da ponte sobre o rio perequê, pertinho da matriz e olhe
10. ouvir os bem-te-vis do centro histórico: fazem coro com os periquitos. é audição que abraça e conforta
divirta-se!
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[ paraty ][ drink jorge amado no margarida café] [ maçã do elefante ]
[ trindade -- boteco da matriz -- ]
QUE É FEITO DE VOCÊ
Cartola (1908-80)
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saiba mais - -
Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
E o que me resta é bem pouco
Quase nada, de que ir assim
Vagando numa estrada perdida
Alvorada
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samba contrapõe a paisagem do morro à realidade triste do poeta, dentro de seus caminhos "tão sem vida". uma maneira de ter mundo melhor seria o momento da chegada da pessoa amada, comparada, claro, ao amanhecer no morro, lugar sem tristeza e muito lindo. olhem, todos sabemos -- até os que não moram no morro -- que a vida nesses locais é árdua. às vezes o saneamento básico é precário, falta transporte, pouco acesso a diversão imediata... agora, o texto de cartola aponta para uma visão romântica do morro: terra maravilhosa, feita de alegria, lembra aquele poema do gonçalves dias, "canção do exílio".
cartola: agenor de oliveira, nascido em cantagalo, rio de janeiro, 1908. falecido em 1980, na mesma cidade. o apelido "cartola" veio do tempo em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.
esses últimos vinte dias de junho foram movimentados demais. um misto de ressaca do mar e queda de meteorito. sentia que havia uma rave de babuínos dentro do peito. não vou entrar em detalhes, há mais vida lá fora e parece que vou melhorar. mas aprendi que em meio a ansiedades e frustrações o que resta é viver um dia por vez. dificílimo pra mim, porém cérebro é pra usar.
tento beber e fumar menos, isso é fato. vou a médicos, tomo comprimido. existe a terapia. existe a movimentação física. existe o trabalho. existem pessoas em volta, ainda preciso acreditar em alguém...
ansiedade, um dia ela vai embora. e você, que nem ansioso é, garanto que leu "fase", no título dessa croniqueta. frase boa é só uma fase mesmo.
2022: de 09 a 18 de junho, praticamente dez dias, estive em ribeirão preto, apartamento de pais idosos, ambos próximos dos 90 anos.
minha mãe caiu, em abril, dentro de casa, quebrou fêmur.
precisa acompanhamento o tempo todo; a memória falhando muito. meu pai já não tem o vigor de antes, memória vai enfraquecendo...
eu e irmão decidimos, nesses dez dias, que os pais iriam para uma casa de repouso, lá em ribeirão preto mesmo. e assim se fez. é
lugar com enfermeiras tempo todo e médico regularmente. fora outras pessoas para conversar e atividades físicas (musicoterapia, educação física, jogos de escrita, memória etc).
o nó é a sensação que fica de desmembramento das rotinas de todos: eu, irmão e pais. cada um com sua ansiedade. cada um com seu touro selvagem dentro do peito. mas tenho ouvido de gente próxima que o que foi feito foi o melhor, o mais acolhedor etc etc. na casa de repouso os dois estão cercados de cuidados. é brisa que traz algum conforto. e estou procurando atividade física mais regular, para mim mesmo, como frequentar -- mesmo que irregularmente -- o pequeno espaço de academia aqui do prédio onde moro... deve ajudar.
recebi energia de família, amigos, amigas, meus alunos, alunas, colegas de escola, figuras mais e menos distantes, isso anima e me berça. essas energias continuam me acolhendo. o muito obrigado, aqui, é o mínimo.
CORDAS DE AÇO
Cartola [1908 - 80]
Ah, essas cordas de
aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando
* pinho: violão (madeira usada para o instrumento)
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não consigo trabalhar sem um plano. aula; uma viagem; horários de chegada em determinado lugar... etc... embora, para algumas ações, só o primeiro ímpeto já vale o início de determinada tarefa, como, por exemplo, gravar vídeos para o canal do youtube. eles chegam ao espectador recheados de cortes, alguns suaves, imperceptíveis, outros abruptos e quase risíveis. algumas vezes refaço a gravação, mas na maioria delas, deixo como está, porque não quero o grammy latino, o troféu de edição, mas transmitir alguma coisa útil: literatura. e um pouco do meu jeito único de destroçar vídeos.
por que escrevo isso?
não sei.
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este do nelson é um dos mais retalhados
[ nos comentários tem uma crítica construtiva, aliás ]