já aconteceu, janeiro 2020, mas queria dividir essa história. em janeiro, recebo email da editora que publica três de meus livros, achei que era mala direta com alguma publicidade, mas mesmo assim abri. li isto:
Como você contaria uma história em apenas seis palavras? O conceito de “Six Words Stories” (em português, “histórias de seis palavras”) foi criado por Ernest Hemingway, escritor norte-americano e autor do livro Por Quem Os Sinos Dobram. Não se sabe ao certo como a ideia surgiu – se em uma conversa de bar ou um desafio entre amigos – apenas que a primeira flash storie de 6 palavras foi escrita por ninguém menos que o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1954.
“Vende-se: sapatos de bebês, nunca usados”, escreveu ErnestHemingway, enfileirando seis palavras em uma frase que, apesar de inofensivas, são pauta para longas horas de discussão.
Quem está vendendo?
Por que os sapatos nunca foram usados?
De que cor são os sapatos?
Quanto custa o par?
A história acaba, mas as possibilidades são infinitas.
Os detalhes, como a causa da morte e o momento, ficam livres para imaginação. E é isso que torna o formato 6×6 tão interessante: prova que não é necessário contar tudo ao leitor, basta acender a faísca.
pois bem, eu entrei nessa. não para ganhar concurso, mas o nobel, como ernest, citado acima. lá vai minha frase que enviei : Então, tudo começa nesse vão medonho
não foi suficiente pra animar o júri. perdi. agora olhem, saiu a lista dos ganhadores do prêmio da editora clube de autores e suas respectivas micro narrativas
O juri do CDA suou a camisa e trabalhou incansavelmente nessa última semana para formar o nosso ranking de queridinhos. Confira na lista abaixo os 10 ganhadores do Desafio CDA:
Léo Ottesen com "Marido morto, ela presa. Estava livre!"
Marcelo Ribeiro da Silva com "MOSCA: Zoom, zoom, zoom, 24h. Fim."
Jorge Souza Oliveira dos Santos com "NÃO TEM MAIS AMANHECER, APENAS GRADES"
Cleonaldo Pereira Cidade com "Entregou, chorando, os pertences à sogra."
Gyorgy Laszlo Gyuricza com "Nadando pelado. Piranha. Ai, meu pênis!"
Elias Pedroso com "Diagnóstico? COT! TOC? Sim, alfabeticamente ordenado!"
Jota Carino com "Duvidam? Olhem como eu atravesso... Aaai!"
Adriana Guimarães Costa com "Chorei de saudade; ela, de cebola."
Adriano Vox com "Promoção: casacos de pele, edição limitada..."
Renato Alves com "Fez fortuna vendendo espetinhos; odiava gatos."
muito importante que haja interdisciplinaridade, nas escolas. a mistura favorece o desengessar desse método fordista-taylorista de ensinar. ensina-se mas pouco se aprende. ou quase anda se aprende, na verdade. essa divisão mesquinha entre "humanas", "biológicas" e "exatas" é muito mesquinha, estéril. já deu esse papo de matemática ser diferente de português ou história distante da química. enfim, aqui, continuo alardeando o que chamo de boas leituras para fomentar debate interdisciplinar, ou seja, professor não precisa ser "o de química", "a de história", "geografia" ou "arte". basta ser professor(a) e se propor a comentar, abrir espaço no planejamento para temas sociais e artísticos, sem perder o fio daquilo que é assunto de sua aula. educar também é propor debate, assim como transmitir conteúdo. é bom que haja coordenação em torno disso, porque sem um catalisador o verso desanda. aqui vão seis (6) leituras que podem ajudar este debate, principalmente, entre final do fundamental 2 e ensino médio. assista-me, leia os livros e fique à vontade para criar a partir dos temas que brotam.
rosana hermann nunca deixou a física nuclear para ser roteirista de programas televisivos. ela é multifacetada porque usa de artifícios do fazer científico para criar e reinventar histórias.
é simples.
em um universo em que a onda é ser específico e saber seu nicho, vai aqui mais uma figura que, a meu ver, expõe o óbvio: não existe diferença entre "exatas", "humanas" e "biológicas" como ingenuamente repetem como mantra muita gente que está na educação, como numa sala de visita alheia e nunca tocou em nada. a divisão em plataformas é o pior do fordismo... se é que há algo de bom nisso, enfim. há exceções, eu sei, eu sei... mas, exceção não é regra. e enquanto uma entrevista sobre alguém feliz com o que faz continuar causando impacto, espanto, é porque muita coisa está errada.
a entrevista é de 2017. não sei quanto tempo esse vídeo suporta ficar público, acessível, enfim, mas vou insistir e divulgar.
ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA - - - narrativa que revê, no século 20, as atrocidades e frustrações do movimento libertário do século 18, em minas gerais.
prevalece o tom evocativo e espiritualista, estilo da poetisa.
há clima de ansiedade e mistério
apesar da subjetividade inerente ao estilo da autora, há marcas do gênero épico, que se percebem no caráter nacionalista e histórico. além, claro, de certo teor heroico na caracterização dos chamados "inconfidentes".
já escrevi, mas repito: "inconfidente" é designação que portugueses deram aos brasileiros que reclamavam das cobranças injustas de impostos sobre o ouro -- dentre outras questões. "confidente"é quem confia. "inconfidente" é traidor. logo, brasileiros chamarem outros brasileiros de "traidores" é incoerente.
contudo, esse nome -- título do livro de cecília -- está absorvido pela cultura brasileira, parece difícil mudar. prefiro usar "conjura".
a ideia é acolhimento de quem está depressivo, entristecido e até sentindo-se ameaçado por esse sistema que condena quem se opõe ou pensa diferente de alguns governantes de hoje.
a educação é pincipal alvo dessa gente que se sentou no projeto exposto na expressão "com supremo, com tudo". era para tirar das pessoas os direitos e avacalhar com as minorias: comunidade lgbt, crianças, idosos. pregar que quem gosta de educação e equidade é "comunista" e, por isso, precisa ser abatido. é o horror. a ignorância promovendo ódio.
parte de nossa imprensa é conivente e ativa na defesa desses valores descritos acima. pior doença é a ignorância. contra ela, escola. contra ela, civilidade.
contra a ignorância, defender a qualquer preço a empatia, o acesso a livros, arte e pesquisa científica. divulgar e compartilhar ações educativas que acontecem nas escolas. quem se diz progressista, quem se diz democrata, precisa sim unir forças a seus semelhantes e transmitir cidadania.
é preciso fazer valer o lado da história que usa cérebro. e quem usa cérebro educa, lê, ensina, aprende e divulga ações educativas, em escolas: gincana, sarau, feira de ciência, festa do folclore, show de talentos, teatro, música, dança, fotografia, cinema, prevenção ao uso indevido de drogas, palestras, concurso de poesia, qualquer coisa.
hora de colocar e pauta mais ações interdisciplinares nas escolas.
por favor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
lista de mais de 30 leituras, entre romances, conto, teatro, poesia e até filme autores como machado, graciliano, luisa geisler, pessoa, bernardo carvalho, jorge amado, cecília meireles, alencar e outros estão neste livro
para cada leitura, um tanto de proposta para ações em sala de aula com estudantes, desde oitavo ano (fundamental 2) até ensino médio.
quase sempre, em meios escolares ou não, ouço reclamações de pessoas quanto a presença do aparelho celular nas mãos de estudantes. recentemente, 2019, noticiou-se que na espanha há escolas proibindo a posse do aparelho, tamanho é o medo do objeto. vi que surgiram apoiadores da ideia, por aqui. é o velho estilo ensino jesuítico e jurássico ganhando sobrevida: o autoritarismo; o medo; ameaça... o de sempre. é triste. vamos lá, aprender: por que o problema da disciplina em sala de aula é sempre culpa do celular? por quê? parece que o objeto fora das mãos dos fofuchos vai fazer com que, num passe de mágica, a atenção se volte para a voz e os gestos do professor. só que não. tirar os aparelhos celulares dos alunos e publicar a ação é propaganda enganosa para famílias, sinto muito. sejamos coerentes: a aula precisa envolver dois itens: professor(a) e estudantes. se a relação entre professor(a) e a classe não for intensa, dinâmica, pode tirar o celular, as unhas, a canetinha colorida, papel, tudo: estudantes têm cérebro e podem, mesmo de corpo presente, ficarem alheios ao momento e navegarem pela imaginação, fugindo da tortura de uma aula ruim. melhorar a relação professor e aluno é básico dentro de uma escola e -- insisto -- não é só responsabilidade da pessoa que está ali, em pé, no papel de professor, professora. seria crueldade crer nisso. toda a comunidade se responsabiliza pelo processo educativo: direção, auxiliares, funcionários, professores, famílias, tudo. se o professor ou professora sente dificuldade no processo da aula, precisa pedir ajuda e cabe sim às coordenações gerenciar essa relação. se todos ou a maioria dos professores têm por hábito interagir com os alunos, durante as aulas, então quase todo o dilema se resolve. dar voz aos alunos, questionar o que ouviram ou leram. perguntar se estão bem, se o discurso está compreensível, essas coisas de humanidade. procurar não fugir de assuntos da atualidade: homofobia, drogas, bullying, função da arte, importância da ciência, valor do esporte. todos os professores, professoras, não importa área de atuação, precisam estar em dia com o planeta, para que no futuro seus alunos não cismem de achar que a terra é plana, ou que vacina faz mal. daí a certeza de que educar dá trabalho e é ação coletiva. deveria custar caro. professor(a) deveria sem muito bem pago. professor(a) deveria também aprender a mobilizar-se mais politicamente, ao invés de esperar o bom humor humanista de governantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . saiba mais sobre atividades em sala - clica
é possível que haja luz no fim do túnel e não locomotiva na contramão
esta é mais uma postagem da série "literatura para salvar o mundo"
de repente, estudantes ou professores ou tudo isso junto sentem-se à vontade de fazer movimento pelo trabalho interdisciplinar, pela pesquisa; pelo exercício com a cidadania
exemplo
"capitães da areia" - amado séries sugeridas - 1a. a3a. série (emédio)
o que pode ser trabalhado moradia; menor abandonado; violência contra mulher; religiosidade (cristãos e o candomblé); adoção
* existe problema de moradia na região de sua escola ou no bairro onde mora? * no início do livro, há relatos de meninas violentadas na praia: discutir o respeito às mulheres * um dos conflitos da narrativa é a prisão de uma imagem: ogum (guerreiro) ... em que medida o racismo é institucionalizado, até hoje? * como funciona o process de adoção, em seu país? - o intuito é provocar discussão sobre as relações que se estabelecem entre pessoas
- claro que o educador, a educadora, pode perguntar sobre as características do modernismo ou o significado do nome "sem-pernas" para o jovem do grupo de pedro bala etc etc ... mas nossa proposta principal é a da civilidade, o exercício de humanidade
de repente, com atividades envolvendo empatia, descoberta do outro ou reconhecimento da diversidade, poderemos ver, num futuro, pessoas que busquem a verdade, o respeito, não creiam em sandices como terra plana ou campanhas contra vacina, que queiram a união e não se sintam sozinhas diante de injustiças.