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Mostrando postagens com o rótulo parnasianismo

plena nudez - raimundo correia - comentário

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                                                                    [ Vênus Calipígia, séc IV a.C. a pro x ]          PLENA NUDEZ     Eu amo os gregos tipos de escultura:    Pagãs nuas no mármore entalhadas;    Não essas produções que a estufa escura    Das modas cria, tortas e enfezadas.    Quero um pleno esplendor, viço e frescura    Os corpos nus; as linhas onduladas    Livres: de carne exuberante e pura    Todas as saliências destacadas...    Não quero, a Vênus opulenta e bela    De luxuriantes formas, entrevê-la    De transparente túnica através:    Quero vê-la, sem pejo, sem receios,    Os braços nus, o dorso nu, os seios    Nus... toda nua, da ...

as árvores - olavo bilac - soneto comentado

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     AS ÁRVORES    Na celagem vermelha, que se banha   Da rutilante imolação do dia,   As árvores, ao longe, na montanha,   Retorcem-se espectrais à ventania.    Árvores negras, que visão estranha   Vos aterra? que horror vos arrepia?   Que pesadelo os troncos vos assanha,   Descabelando a vossa ramaria?    Tendes alma também... Amais o seio   Da terra; mas sonhais, como sonhamos,   Bracejais, como nós, no mesmo anseio...    Infelizes, no píncaro do monte,   (Ah! não ter asas!...) estendeis os ramos   À esperança e ao mistério do horizonte...     [ Olavo Bilac - Tarde , 1919 ]     notas   celagem - aspecto do céu ao fim do dia ou no começo   espectrais - fantasmagóricas   bracejais - mexer, agitar galhos . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   . soneto do livro " tarde ", traz...

a iara - olavo bilac - soneto comentado

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                                                           A  I A R A       [ Olavo Bilac ]  Vive dentro de mim, como num rio,   Uma linda mulher, esquiva e rara,   Num borbulhar de argênteos flocos, Iara   De cabeleira de ouro e corpo frio.   Entre as ninfeias a namoro e espio:  E ela, do espelho móbil da onda clara,  Com os verdes olhos úmidos me encara,  E oferece-me o seio alvo e macio.   Precipito-me, no ímpeto de esposo,   Na desesperação da glória suma,   Para a estreitar, louco de orgulho e gozo...   Mas nos meus braços a ilusão se esfuma:  E a mãe-d’água, exalando um ai piedoso,  Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.         [ in: Tarde , 1919 ] notas - - - iara:  ser mito...

diziam que - olavo bilac - tarde

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  “ Diziam que, entre as nações sobreditas, moravam algumas monstruosas. Uma é de anãos, de estatura tão pequena, que parecem afronta dos homens chamados Goiasis. Outra é de casta de gente, que nasce com os pés às avessas, de maneira que quem houver de seguir seu caminho Há de andar ao revés do que vão mostrando as pisadas; chamam-se Matuiús. Outra é de homens gigantes, de dezesseis palmos de alto, adornados de pedaços de ouro por beiços e narizes, e aos quais todos os outros pagam respeito; têm por nome Curinqueãs. Finalmente que há outra nação de mulheres, também monstruosas no modo do viver (são as que hoje chamamos Amazonas, e de que tomou o nome o rio) porque são guerreiras, que vivem por si só sem comércio de homens; vivem entre grandes montanhas; são mulheres de valor conhecido ... ”     Pe. Simão de Vasconcelos (Crônica da Cia. de Jesus no Est. do Brasil  1663 )          -- in: TARDE -- Olavo Bilac  1919 a partir deste ralato...

morte de orfeu - olavo bilac

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A MORTE DE ORFEU Houve gemidos no Ebro e no arvoredo, Horror nas feras, pranto no rochedo; E fugiram as Mênadas, de medo, Espantadas da própria maldição. Luz da Grécia, pontífice de Apolo, Orfeu, despedaçada a lira ao colo, A carne rota ensanguentando o solo, Tombou... E abriu-se em músicas o chão... A boca ansiosa um nome disse, um grito, Rolando em beijos pelo nome dito: “Eurídice”, e expirou... Assim Orfeu, No último canto, no supremo brado, Pelo ódio das mulheres trucidado, Chorando o amor de uma mulher, morreu...                                                                   [ T ARDE - O Bilac ] . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .   . orfeu - mito ligado à música: b uscou recuperar sua amada morta...

tarde - sonetos de olavo bilac - resenha

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99 sonetos estilo burocrático parnasiano temas ligados à mitologia e alguma virtude humana confira, neste vídeo abaixo

este poema de amor não é lamento - jorge de lima

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Este poema de amor não é lamento nem tristeza distante, nem saudade, nem queixume traído nem o lento perpassar da paixão ou pranto que há-de transformar-se em dorido pensamento, em tortura querida ou em piedade ou simplesmente em mito, doce invento, e exaltada visão da adversidade. É a memória ondulante da mais pura e doce face (intérmina e tranquila) da eterna bem-amada que eu procuro; mas tão real, tão presente criatura que é preciso não vê-la nem possuí-la mas procurá-la nesse vale obscuro. de longe, não é o texto mais legal de jorge de lima, contudo, há vestibulares à vista e vamos estudá-lo. com influência do parnasianismo , a mensagem se prende à forma clássica do soneto (14 versos metrificados) e à linguagem culta, dentro dessa estrutura sabidamente erudita. de início, o poeta quer distanciar-se dos amores cantados nesse tipo de gênero (soneto: poema lírico), dizendo que é poema de amor mas não é isso, nem aquilo, nem aquilo outro. retórica. pura retórica...