Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador literatura. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de maio de 2025

greve de vida - amèlie

 


há livros que me chamam atenção pela capa, e este é assim : uma menina, de vermelho, sentada na cama, entristecida, diante de uma gaiola com um passarinho igualmente entristecido e vermelho.

historinha simples, chamada "greve de vida", de amelie couture . a garotinha é lucie, de oito anos, está morando com o pai há pouco tempo, desde que sua avó falecera. era esta que cuidava da menina e a educava com carinho. entristecida, ela precisa aprender a conviver com a nova esposa do pai e seu pequeno bebê, luca. 
nada a faz sentir-se feliz, daí resolve não mais sair do quarto. faz isso por semanas seguidas, é quase assustador, tendo apenas a companhia de um passarinho em sua gaiola. mas o leitor experiente logo detecta a ponte para o desfecho possível. e não não vou contar aqui porque seria bobagem. 
mesmo que você já tenha passado a adolescência, vai se entreter com a novelinha e as ilustrações do marc boutavant. boa leitura.

 . . . . .  .   .  .   .

outras obras legais para leitores iniciantes 





. . . . . . . . . 

conheça o livro do conehcimento!




segunda-feira, 21 de abril de 2025

uma historiadora obstinada - chimamanda adichie

 


" uma historiadora obstinada"  -  conto do livro "no seu pescoço" de chimamanda adichie

"Muitos anos depois que seu marido morreu, Nwamgba ainda fechava os olhos de vez em quando para reviver suas visitas noturnas à cabana dela e as manhãs seguintes, quando ela caminhava até o riacho cantando uma melodia, pensando no cheiro de fumo dele, na firmeza de seu peso, (...) Outras lembranças de Obierika continuavam claras — seus dedos grossos envolvendo a flauta quando ele tocava à noite, seu deleite quando ela servia suas tigelas de comida, suas costas suadas quando ele voltava com cestos cheios de argila fresca  (...) Okafo e Okoye, os primos de Obierika, faziam visitas demais. Eles ficavam maravilhados com a habilidade de Anikwenwa para tocar flauta (...) mas Nwamgba via a malevolência incandescente que seus sorrisos não conseguiam esconder. Ela temia pelo filho e pelo marido e, quando Obierika morreu — um homem que estava saudável, rindo (...) — ela soube que eles o tinham matado com feitiçaria. (...) A morte de Obierika a deixou num desespero interminável. (...)

    . . . . . .  .  .   .    .    .    .

o conto narra trajetória de nwamgba, mulher determinada da etnia igbo, na nigéria colonial. ela se casa com obierika, apesar da desaprovação de sua família, e enfrenta desafios como abortos espontâneos e a inveja dos primos do marido. quando obierika morre subitamente, nwamgba se vê sozinha para proteger seu filho anikwenwa dos tais parentes gananciosos. temendo que ele fosse vendido como escravizado, nwamgba decide enviá-lo para uma escola missionária católica. lá, recebe o nome cristão de michael. com o tempo, ele (anikwenwa/michael) se afasta das tradições da mãe, tornando-se um cristão rígido. ele rejeita os costumes igbo e até mesmo a comida de sua mãe. o tempo da narrativa se dá entre as décadas de 1940 e 70. século 20.

(...) Seus companheiros eram homens normais, mas também pareciam estrangeiros, e apenas um falava igbo, mas com um sotaque estranho. Ele disse que era de Elele; os outros homens normais eram de Serra Leoa, (...) Eram todos da Congregação do Espírito Santo; (...) estavam construindo sua escola e sua igreja lá. Nwamgba foi a primeira a fazer uma pergunta: Eles por acaso haviam trazido suas armas, aquelas que tinham usado para destruir o povo de Agueke, e ela podia ver uma? O homem disse que infelizmente eram os soldados do governo britânico e os mercadores da Royal Niger Company que destruíam aldeias; já eles traziam boas novas. Ele falou de seu deus, que viera ao mundo para morrer, e que tinha um filho, mas não tinha esposa, e que era três, mas também era um. Muitas das pessoas que estavam perto de Nwamgba riram alto. (...)

michael tem uma filha. a neta de nwamgba se chamava afamefuna -- batizada grace, nos costumes católicos --; ela herda o espírito questionador da avó. educada na cultura britânica, ela, mais tarde, percebe a importância de sua própria história e decide estudá-la. divorcia-se do marido que demonstrava não ter interesse nas raízes históricas da nigéria. tornando-se historiadora, grace investiga o passado de seu povo e escreve um livro desafiando a visão colonial. no final da vida, ela resgata suas raízes ao mudar legalmente seu nome para afamefuna, reafirmando sua identidade e homenageando a avó.

  . . . . .  .  .   .

  saiba mais



terça-feira, 18 de março de 2025

a solidão - sophia de mello breyner - comentário

                                         
                        [ cristo de la expiración - francisco gijón  séc 17 ]


          6.  A solidão


   A noite abre os seus ângulos de lua

   E em todas as paredes te procuro

   A noite ergue as suas esquinas azuis

   E em todas as esquinas te procuro

   A noite abre as suas praças solitárias

   E em todas as solidões eu te procuro

   Ao longo do rio a noite acende as suas luzes

   Roxas verdes azuis.

   Eu te procuro.

 

   [ O cristo cigano, 1961, Sophia de M B Andresen ]

   . . . . . .  .  .  .   .   .    .


este é o sexto poema de "o cristo cigano".  a presença do cenário noturno intensifica a ideia de solidão. 

vale conhcer: sophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, década de 1680, recebera uma encomenda de uma estátua de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena em que pudesse ver alguém morrendo para conseguir imagem exata e fazer seu trabalho. para isso, presenciou de verdade o esfaqueamento de um cigano e, assim, obteve material visual que precisava. depois de pronta a peça de madeira (foto acima), muita gente reconheceu o cigano -- apelidado  "cachorro" -- no rosto da estátua e passaram então a chamar a capela onde a escultura está de "capela do cachorro". a obra é o "cristo de la expiración". 

isto posto, voltemos ao poema 6.
a voz do texto é do escultor -- que aparece no poema 1. pois bem, este escultor continua procurando um cristo em agonia, querendo capt
urar sua essência na matéria bruta, buscando-o nos recantos da cidade e fora dela. em algum momento encontrará.

 . . . .  .  .  .   .

  saiba mais





sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

rupestre moderno

 

                  [ rupestre moderno - versão engraçada feita por i. a. - fev 2025 ]

já fui um velho livro esquecido numa biblioteca subterrânea. ninguém sabia quem me escrevera, nem por que me haviam trancado ali. quem me folheou dizia que as páginas mudavam a cada leitura. o texto se embaralhava, era assombroso. às vezes, eu era um romance trágico; em outras, um tratado filosófico. houve quem jurasse ter encontrado fórmulas matemáticas nunca vistas antes, nas minhas páginas, enquanto outros diziam que eu contava segredos de borboletas extintas. vai vendo. todos que leram, morreram. se bem que é normal humanos morrerem.  até aí, as coisas.

por séculos, permaneci intocado, até que uma criança  -- chata, com certeza -- desobedecendo às placas de "cuidado" e "sopa de letrinhas fervendo", acabou me encontrando. a tal criança remelenta abriu minhas páginas e, pela primeira vez, eu soube o que era ter alguém que me lesse com curiosidade. e sem medo. será? 
a criança tinha uma camiseta azul e dourada, parecia uma caixa de cigarro vagabundo do século 20. uma testa curta. lia e ria sem abrir a boca. foi por pouco tempo. então, a criança foi diminuindo de tamanho, derretendo e se desfez junto com as remelas do nariz, saiu bamboelando pelo ladrilho como pudim fora do ponto, indo para o ralo cuja grade era o formato de um trevo de quatro folhas. que pena.  talvez nem criança fosse e sim uma aparição, um pesadelo, já que livros também sonham.

enfim, a biblioteca velhusca percebeu a movimentação e, mesmo depois da tal criança ter virado uma gosma geleca, estantes começaram a se mexer, os corredores foram rangendo e as prateleiras se moveram para tentar me esconder novamente.
antes que elas me engolissem, fiz o que nunca havia feito antes: deixei cair uma página solta, a primeira página, pedaço de mim. como mensagem na garrafa. 

no primeiro capítulo, dá pra ler o início: "já fui um velho livro esquecido..."

  . . . . .  .  .   .   .    .

 veja o que mais escrevi e publiquei na aba "meus livros", alto da página

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

a visão das plantas - djaimilia de almeida

 


romance - djaimilia almeida - angola, 2019

cenário é portugal  --  século 19, predominantemente

enredo base: celestino é um pirata idoso retornando a sua casa numa vila, na rua dos choupos. local estava abandonado e a casa vai sendo recuperada aos poucos, principalmente o jardim, com cravos, roseira, cameleira e outras plantas

o início é assim:

Noite abençoada. Acordou em casa, restaurado, após uma vida cheia. Mas a casa tinha mudado. Com as portadas trancadas, a mobília coberta com lençóis, a toalha manchada de vinho sobre a mesa, a arca da roupa fechada a um canto, os reposteiros de veludo negro, esgarçados pela traça, tudo era outro e, ainda, o mesmo. Na penumbra, o volume dos móveis insinuava fantasmas. O pó, tornado um ser, animava o espaço, iluminado pela claridade através das frestas das janelas.
(...)

segundo a narração -- 3a pessoa onisciente -- as plantas não davam a mínima importância às intenções e ações carinhosas, ali no jardim.

a comunidade da pequena cidade fica com receio quando da chegada de celestino, mesmo idoso, pois era era um reconhecido pirata: traficava escravizados, tinha matado gente, era temido.

há um jogo entre sonho e realidade, em que os pensamentos do capitão se misturam a devaneios e lembranças distorcidas. ao final, o delírio com a velha negra dentro de sua casa e que o acompaha pelas margens do ribeiro reforça essa ação do tempo sobre o raciocínio de celestino, trazendo à tona o delírio. 

um dos instantes de delírio do capitão:
A velha negra não aparecia há muito, mas a despensa ainda vivia durante a noite. Celestino despertou com o ruído de estalidos nas garrafas. Arrastou-se, seminu, entre as sombras. Ninguém o esperava, mas mal podia com o barulho vindo do interior das paredes. O silêncio e o que se seguiu a ele: o abrir do porão, o monte de cadáveres sufocados — ainda agora gente e já alimento de larvas —, o jogar dos corpos ao mar, um a um, sem direito a enterro.

aqui, a imagem do passado, quando celestino e parte da tripulação jogam sacos de cal no porão do navio sufocand e natando negros que fariam uma rebelião. essa oscilação de tempos confere à obra um caráter fragmentado, reforçando ideia de um homem à deriva em sua própria mente. 
com o tempo, as pessoas que demonizaram o retorno do capitão à vila vão morrendo... e as histórias antigas de celestino se tornam lendas e ele chega a ser visto, já bem próximo à morte, como uma espécie de herói. 

trecho final:

Os rumores sobre o seu passado feroz eram já cantigas de pescadores quando, numa noite de  inverno, acabou os seus dias, sem uma dúvida na consciência tranquila. Trazido pelo médico, padre Alfredo veio benzer o corpo na manhã seguinte. O defunto estava lívido e sereno. A sua cor e as rugas confundiam-se com o lençol amarrotado. À saída de casa, a visão das plantas pareceu-lhe uma aleluia pela passagem da alma do capitão. As rosas, os cravos, os abetos, a ameixoeira ainda não sabiam que o seu amigo tinha morrido. Alfredo contemplou o raio de luz que, iluminando as folhas, reflectiu no orvalho sobre as flores, os frutos, os espinhos. Meu pequeno pirata”, gracejou entredentes. As palavras escondiam cobiça. Nas suas mãos pias, todas as plantas morriam.        [ fim ]

a narrativa sugere que, assim como a natureza, o tempo apagará seus crimes e sua existência, tornando-o apenas mais um fragmento de história.
este desfecho aponta para um sentido crítico aos feitos -- por exemplo -- de portugueses que, ao longo de séculos, escravizaram e assassinaram centenas de milhares de pessoas através de seu processo de escravização e colonoziação predatória, por exemplo na áfrica, como é o caso do país de djaimilia: angola.
e mais: padre alfredo representa o teocentrismo, o clero conivente com as ações terríveis do imperialismo luso e os abusos das lideranças locais, como no brasil, moçambique ou angola, pelos séculos 19 e os anteriores. 
a frase final "as palavras escondiam cobiça" merece atenção: alfredo queria a fama de celestino? alfredo cobiçava as plantas?... 
       . . . . .  .  .  .   .    .

saiba mais :

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

o escultor e a tarde - sophia m breyner - comentário

 


    1. O escultor e a tarde


  No meio da tarde
  Um homem caminha:
  Tudo em suas mãos
  Se multiplica e brilha.

  O tempo onde ele mora
  É completo e denso
  Semelhante ao fruto
  Interiormente aceso.

  No meio da tarde
  O escultor caminha:
  Por trás de uma porta
  Que se abre sozinha

  O destino espera.
  E depois a porta
  Se fecha gemendo
  Sobre a Primavera.

       [ O cristo cigano, 1961, Sophia de M B Andresen ]

este é o poema número 1 de "o cristo cigano".
importantesophia breyner encontrou-se com joão cabral de melo neto, em sevilha, espanha, onde vivia o brasileiro que era também diplomata. lá, ela ouviu a lenda de que o escultor espanhol francisco gijón, no final do século 17, recebera uma encomenda de um cristo em agonia. para este fim, o tal artista buscou uma cena que pudesse ver alguém morrendo para conseguir inspiração e fazer seu trabalho. para isso, presenciou o esfaqueamento de um cigano e, assim, obteve material visual que precisava. depois de pronta a peça de madeira (foto acima), muita gente reconheceu o cigano -- apelidado  "cachorro" -- no rosto da estátua e passaram então a chamar a capela onde a escultura está de "capela do cachorro". a obra é o "cristo de la expiración".
                                                     
[ cristo de la expiración ]

sabendo disso, reler o poema faz bem. o texto tem caráter narrativo. tudo o que se multiplica e brilha é a função do artista: construir obras. ironicamente, o cristo do novo testamento transformou água em vinho, multiplicou os pães... só não arrumou um bom lateral pro vasco.
enfim, este poema 1 vai se ligar aos dois últimos poemas do livro, respectivamente os de número 10 e 11. neles, o leitor fica sabendo que um cigano foi morto entre paredes... provavelmente aquelas que ficaram por trás desta porta, aqui no texto 1.
  . . . .  .   .

  saiba mais


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

canção para ninar menino grande: a escrevivência de conceição evaristo

 


narradora -- numa espécie de prólogo -- explica ao leitor que vai contar histórias de amor e que o processo é difícil. 
o relato do livro trata das relações de mulheres com um homem chamado fio jasmim. no presente da história, ele está com 44 anos, casado, vários filhos, da esposa pérola maria e de outras, como dalva, a ruiva.

a construção do livro é obra de duas mulheres: a narradora e juventina. outras mulheres que surgirão na narrativa: aurora, dos santos, angelina, dolores, antonieta, tina, dentre outras. tina é apelido de juventina. 

"(...) a fala suspensa foge da escrita. E mais, a grafia não registra a intensidade de um silêncio intervalar, diante de um renovado estado de estupor (...) só falarei do brilho das estrelas, das árvores frondosas que habitam determinada esquin e debulharei as palavras, da sua raiz até suas derivações, se tudo me vier agarrado à vida (...) fui uma das mulheres de fio jasmim (...) não, o moço não me é estranho , como as mulheres que estiveram com ele também não. eis o motivo de minha preocupação em escutar todas. são muitas, plurais e diversas as vozes que me provocavam a escrevivência

depois, a narrativa se inicia com o mal estar de juventina. dores no peito. assusta as amigas que a acolhem e pedem que ela levante os braços e que cante, para ativar os sentidos, melhorar a dor, mostrar que está bem. ela canta "canção para ninar menino grande".

o livro é composto por episódios que narram encontros de fio jasmim com mulheres, nas cidades em que o trem para. na juventude, ele foi auxiliar de maquinista e tinha sido educado para se envolver sexualmente com mulheres. "pai (...) ensinando ao filho, quando ele ficou rapazinho, como conquistar as mulheres". fio jasmin, crescido, conquistava, seduzia -- ou era seduzido -- e depois seguia adiante com o trem, abandonando tudo, até mesmo mulher grávida. a masculinidade de jasmim -- atrelada ao apoio dos dois maquinistas mais velhos -- é cruel, toxica, misógina. ele se comporta como um corpo que carece de satisfazer os desejos e é motivado a isso pelos homens em seu entorno, incluindo a  memória de seu pai que o incentivava a provar virilidade. existe o episódio do "príncipe", na escola: criança, não o deixaram  fazer o papel de príncipe, por ser negro.

numa das passagens da história, dolores dos santos recebe um envelope e descobre, dentro dele, foto de jasmim com pérola maria e seis filhos. era uma mensagem avassaladora: ele realmente mentira para ela. dolores tinha duas filhas com jasmim: rubia e safira. dolores teve ódio. certa vez, olhando novamente a foto, percebeu no rosto de pérola as faces de outras mulheres, parentes mais velhas, sofridas, "uma gama de mulheres, um universo feminino em ebulição, mesmo quando aparentemente estático. eram muitas as mulheres. e foi então que dolores dos santos percebeu que matar aquela mulher seria se matar também".

reparar os nomes das cidades: vila azul, ardência antiga, nova ardência, chegada feliz, fé rompida, dois laços, águas infindas, dias felizes... -- dentre outros nomes peculiares que indicam, sugerem um cenário ligado ao prazer, ligado ao relacionamento de jasmim com as mulheres em cada lugar.

juventina (tina) - - aquela que viveu com fio jasmim por trinta e cinco anos, mesmo ele sendo casado com pérola, claro.

é de tina a obra musical "canção para ninar menino grande": ela fez para ele.

os nomes das mulheres são colocados por inteiro. reforçam identidade e tiram possibilidade de que sejam tratadas só por apelido ou pela função na história. a narrativa é marcante, pela sororidade. fio jasmim, em determinado momento, vai descobrir que amor não é apenas o sexo.

o último episódio do livro começa assim: "busquei escrever a história que tina me contou".

"escrevivência" o que é? 

ah, vai ter que assistir o vídeo abaixo!

saiba mais - -



quarta-feira, 20 de novembro de 2024

bala que ficou para trás -- ebook do carneiro

 


da série "emília e iracema", deste que vos fala. 

um conto -- ou algo assim -- que envolve a cidade de santos, três (ou quatro) mulheres apaixonadas, uma chance de morte, literatura e ... e você precisa ler. é por pagu -- a patrícia galvão --, só pra deixar claro.

clicando agora aqui  bala que ficou para trás (clica) -- consiga seu livro!

  . . . . . .  .  .   .   .    .

veja mais o que escrevi em "meus livros" -- botão acima

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

em dezembro 2024: o que será ?...

 

                          
                                     [ legenda por sua conta ]


           está 

        chegando

   . . . . . .  .   .    .

             clica




sexta-feira, 28 de junho de 2024

carta campinas entrevista professor

 


a plataforma "carta campinas" me convidou para uma conversa. foi ótima! 

com glauco, miguel e luís parra trocamos ideias e compartilhamos algumas angústias. 

os temas? política, educação e literatura.

se gosta, vale pena ir ao canal deles -- ytbe clique aqui -- e ver toda a conversa que durou mais de uma hora!

se preferir, fiz uma edição resumida, aqui, é só clicar.




quarta-feira, 19 de junho de 2024

escolas literárias - pequeno painel

 


vejam esta:


abaixo, do realismo até século 20


 . . . . . .  .  .  .  .  .   .    .

dante também está cansado

 

                                     [ dante e gérion -- ilustração: carlos h carneiro -- via i.a. ]


aqui no sudeste faz frio, venta, multiplicam-se galhos e folhas pela rua. roteiro que lembra um livro lá de florença, itália. é junho.
no caminho, inferno a dentro, o poeta dante sente arrepios de pavor diante de despenhadeiros, rios de fogo, poços fumegantes, fora a chance de ser morto por um centauro imenso. é "
a divina comédia", lá do século 14. 

não há centauros, lá fora, mas o barulho do vento pela janela incomoda. há notícia de pessoas sem casa ou sem teto. bueiros entupidos, árvore sobre carros e carros boiando em alagamentos. no rádio toca "meu santo tá cansado" (o rappa). qual saída?
para dante, poeta virgílio o aconselha abraçar-se a gérion, um monstro, meio gente, meio réptil, e assim poder passar de uma parte a outra, na busca de sair do inferno. ou seja, abraçar-se ao terrivelmente mau paa ter um pouco de paz...nesse caso, é literatura que fala?

  . . . . . . . . .  .   .   .


um pouco mais sobre "a divina comédia"

  . . . . .  .  .  .   .    .


sábado, 4 de maio de 2024

vida e morte de m j gonzaga de sá - considerações

 


quando : início do século 20

quem :  augusto machado e gonzaga de sá

romance em 1a. pessoa: augusto machado

personagem central : manuel joaquim gonzaga de sá

por que ler: livro publicado em 1919 discute realidade brasileira pós-império, no rio de janeiro; expõe males da eugenia e escancara abismo que separa pobres daqueles que têm poder... e é obra do lima barreto

conflito: diferença de classe

veja o que falei do livro neste vídeo

  . . . . . .  .  .   .   .    .

quinta-feira, 4 de abril de 2024

para viver um grande quadro

 

                                  [Vinícius de Moraes, 1938 – óleo –  56 x 47 cm  - Portinari]

                            [Maria L Proença, 1938 – óleo –  60 x 73 cm  - Portinari]

 

durante muito tempo, não soube que cândido portinari tinha feito retrato do poetinha. e ainda jovem. folheando "para viver um grande amor", do vinícius, achei uma crônica em que ele reclama com a filha susana, a posse do quadro. ela, prestes a casar-se, levaria consigo a peça de portinari. a questão era coerente: a nova namorada de vinícius (futura esposa) tinha sido também retratada por portinari: maria lúcia proença. o traço do pintor traz uma sobriedade que talvez não combinasse com ele, mas quem sabe do que se passa em mente de artista? se susana devolveu-lhe o quadro, não sei. só garanto que tenho um tanto de inveja desses anos 1930, 40, 50, no rio de janeiro, por onde passaram figuraças da música, arquitetura, cinema, literatura… de drummond a guimarães rosa, de vinícius a tom jobim... também clarice, maria martins, niemeyer, garrincha, cariocas ou não, estavam por lá, através do mundo da política, arte ou simplesmente pela boemia. dizem que tempo bom é o que a gente faz, então me acalmo… daí, não penso mais em um retrato meu, feito por portinari… difícil. primeiro, o pintor está morto; segundo, vinícius não me emprestaria a camisa rosada.

  . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .    .     .

 clica e conheça os casamentos de vinícius 

 clica para saber mais sobre suas mulheres

 [ supreenda-se com uma personagem de lobato no meio de tudo ]

sábado, 16 de março de 2024

portas

 

                                                 willtirando

quando capitu saiu do rio de janeiro, foi pra suíça, com seu filho ezequiel escobar perto de si. anos mais tarde, o próprio ezequiel, adulto, volta para ao rio em busca de dinheiro, pois faria parte das pesquisas arqueológicas, nas pirâmides do egito. capitu já havia falecido. o final, você já sabe, ele morre por lá e o enterram, em jerusalém.

em 2010, cerca de 111 anos depois de dom casmurro ter sido lançado, pesquisadores suíços descobriram uma porta de 5 mil anos de idade… isso mesmo, na suíça. se estava fechada, não sei. mas para que serve uma porta, se não para abrir? qual porta você tem mantido fechada, ainda? fico imaginando quem deixaria uma porta tanto tempo trancada.

quinta-feira, 7 de março de 2024

vida arteira


arte concepção: carlos h carneiro
via microsoft i.a. (2024)


anos atrás, deixei uma tarefa para os alunos que tinha, na época, ensino médio: assistir ao filme "as horas" (stephen daldry), sobre a escritora inglesa virginia woolf. em uma das questões pedia-se que respondessem seguinte: qual chance de uma obra de arte mudar a vida de alguém. será mesmo que uma obra de arte, quer seja livro, filme, música ou tela pode mudar os rumos de uma pessoa? então, cabe pergunta: por que se faz arte? entretenimento? terapia? fetiche? vingança? 
olhem, acredito que exista arte para que estejamos em contato com outra realidade. ver a vida, pelo menos, por outro viés. algo como recriar as coisas, os tons, as cores. e mais: diversão e geração de emprego são dois valores de que gosto, quando o tema é a arte. educação política também serve, mas não creio que toda obra de arte deva ser como "vidas secas" (ramos) ou "os miseráveis" (hugo), ou seja, um libelo contra a opressão e coisa e tal. há chance também para a catarse, como na ópera "tristão e isolda" (wagner) ou mesmo ouvindo bossa nova. 

  . . . . . .  .  .  .  .   .

sábado, 13 de janeiro de 2024

o cais em pessoa : durban dentro dele

 

um dos primeiros portugueses que, oficialmente, deixou sua marca por durban, áfrica do sul, foi bartolomeu dias, em 1488. no mesmo lugar, viveu parte da adolescência, o poeta fernando pessoa. ele chegou em 1896, em função do trabalho do padrasto, o cônsul joão rosa. na cidade de durban, pessoa escolheu um heterônimo: c.r. anon (brincadeira com "anônimo").
em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul.
na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos:

    Jaz aqui, na pequena praia extrema
   O Capitão do Fim 
   Dobrado o Assombro, 
   O mar é o mesmo: 
   Já ninguém o tema!

                      (...)

               [in "Mensagem"]

   . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .



quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

discutir literatura de homens ou mulheres no vestibular mascara o mais importante

 


figuras importantes da literatura, por aqui, não vêem com bons olhos a escolha de uma lista de leitura composta apenas por mulheres, para o vestibular da usp (fuvest), em 2026. de certa forma, uma lista só feminina pode mascarar o machismo inerente à cultura do país, principalmente nos século 19 e 20. concorda-se.
direito reconhecido em criticar o que quer que seja, tudo certo também. agora, sinto que se dá importância demais a um exame que não pretende medir o grau de conhecimento de estudantes. se fuvest escolhe este ou aquele, esta ou aquela, não vai alterar o preço do feijão. a literatura dos homens -- excluídos da lista -- não será excluída do mundo, eles continuarão aí. vestibular é exame, não é prova. vestibular não premia o bom esudante, a boa estudante. quem passa no vestibular xis só prova que foi bem naquele tipo de exame. passar em vestibulares, por aqui, não é tarefa apenas para quem estuda muito, mas sim, quem treina aquele tipo de prova.   
repito: legal discutir literatura, machismo, racismo etc. agora, não dá pra dar tanta moral pra uma prova (fuvest) que, de fato não busca medir conhecimento de modo pedagógico. quem faz isso é escola. pelo menos, deveria fazer. vestibular é exame. exclui, elimina, não gera aprendizado de fato. compare com a prova da carteira de motorista: fazer baliza e saber ler placas de trânsito não faz da pessoa -- necessariamente -- excelente motorista. educação no trânsito é outra coisa.
essa discussão sobre mais homens ou mais mulheres, no vestibular encobre o principal: leitura na escola (ens médio e fundamental). o debate de verdade precisa morar dentro das escolas. como estão as leituras nas salas de aula?

    clique aqui e veja a lista 2026 fuvest

  . . . . . .  .  .  .   .   .    .     .






quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

silêncio de um cipreste - cartola - um outro olhar

 


numa primeira postagem (julho, 2022) comentando o samba "silêncio de um cipreste", do rei cartola, afirmei o seguinte:    

(...) parece mesmo que existe culpa, nessa letra de cartola. então, a solução para o defeito seria mudar o pensamento – ao invés de tentar fazer alguma coisa. o pensamento, segundo o texto, é folha do cipreste que o vento leva, não tem peso. uma ação, pelo contrário, fica, tem peso, pode ser julgada. (...)

      [ clica aqui pra ler o texto todo ]

hoje, releio, estudo, converso, então, resolvo fazer ressalva. 
assim: a questão, no texto de cartola, não seria apenas o contraste entre o pensar e o fazer. lidar com pensamento não significa necessariamente deixar de fazer uma ação.  pode ser, mas nem sempre. olhem, a letra é introspectiva, revela arrependimento, é fato. agora, mudar o pensar também pode ser uma maneira nova de encarar o passado, ou seja, rever aquilo que o poeta diz não ter realizado, mas sem o peso. insisto: se o pensamento é como folha leve, então pode-se ver o passado de outra forma: com menos mágoa.

a letra está aqui:

  SILÊNCIO DE UM CIPRESTE
          Cartola [ 1908 - 80 ]

    Todo mundo tem o direito
    De viver cantando
    O meu único defeito
    É viver pensando
    Em que não realizei
    E é difícil realizar
    Se eu pudesse dar um jeito
    Mudaria o meu pensar
    O pensamento é uma folha desprendida
    Do galho de nossas vidas
    Que o vento leva e conduz
    É uma luz vacilante e cega
    É o silêncio do cipreste
    Escoltado pela cruz

. . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .

  saiba mais


sábado, 8 de outubro de 2022

dicas de leitura - ensino fundamental e médio

 



      LEITURAS PARA SALVAR O MUNDO

dentro desse mundo repleto de barbárie, há de se começar por algum lugar e, como trabalho em escolas, achei que poderia compartilhar o que pretendo fazer ano que vem com meus estudantes, todos do ensino médio.  de repente ajuda, no mínimo, a combater essa enxurrada de violência, ódio e racismo. quiçá, mudar o mundo pra melhor, de uma vez. 

 1. "a vida não é útil" (krenak) 

sugestão: 9o (fund2) e ensino médio

-- cuidar do planeta
-- relação do humano com a tecnologia
. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 2. "olhos d'água" (conceição evaristo)

sugestão: ensino médio

- - pelo menos dois contos: o primeiro e mais um

-- debate sobre racismo estrutural; amor; passado da negritude

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 3. "pequeno manual antirracista" (djamila)

-- racismo institucional e estrutural

sugestão: ensino médio, 8o. e 9o. anos

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 4.  "campo geral" (g rosa)

sugestão: ensino médio 

-- família o que é; infância; ética; busca de felicidade

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 5. "o conto da ilha desconhecida" (saramago)

sugestão: ensino médio

-- busca de felicidade; rei versus povo; sonhar; coletividade; viajar

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 6. "ideias para adiar o fim do mundo", krenak

sugestão: 9o. ano e ensino médio

-- ambiente; futuro; comunidades indígenas; tecnologia

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

 7. "o visconde partido ao meio" (calvino)

sugestão: 9o ano e  1a. série ensino médio

-- maniqueísmo; bem e mal; preconceito; democracia

. . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .   .   .

8. "cartola - dez sambas" (agenor de oliveira / música)

-- lirismo na literatura, desde idade média; questão social; identidade

sugestão: 8o. e 9o. anos; ensino médio

 . . . . . . .  .  .  .   .   .

9. "o meu amigo pintor" (lygia bojunga)

- - prosa cuja história se passa durante a ditadura militar: relação entre um garoto e um artista

- - amizade; política; arte plástica

sugestão : 9o ano a 2a série ens médio

  . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .    .

as leituras precisam ser compartilhadas com pelo menos mais um educador, educadora... ideal era que toda classe docente, em algum momento do ano, tratasse de um tema -- pelo menos -- dentro da leitura escolhida; mesmo no caso das chamadas "exatas" é possível ter um instante pra discutir, por exemplo, como a ciência, pode colaborar para acabar com racismo, preservar mais a natureza etc. olhem, em "conto da ilha..." o tema é a busca de um lugar novo que muito bem pode estar dentro de cada um... navegar é preciso, diz um ditado luso... por isso, unir música, história e física pode tornar a leitura de saramago (item 5) algo surpreendente.  é possível sim, juntar as áreas de matemática, arte e língua portuguesa para discutir economia, poluição, mundo digital, espírito colaborativo, reciclagem... ideia não falta.
olhe, se você acha que não dá pra salvar o mundo todo agora,  a gente pode tentar salvar uma pessoa de cada vez, mês a mês, ano a ano.

  . . . . . .  .  .   .   .   .   .   .

     ATENÇÃO  -  - 

o viscone partido ao meio - calvino - compre aqui

ailton krenak - a vida não é útil - compre

olhos d'água - evaristo - compre

campo geral - g rosa - compre

o meu amigo pintor - lygia - compre

pequeno manual antirracista - compre

o conto da ilha desconhecida - saramago - compre


pedras no sapato

  no livro " f elicidade ", gianetti expõe que no século 18, o período iluminista apresentava uma equação que pressupunha uma harm...

postagens mais vistas