quarta-feira, 9 de novembro de 2022

ao shopping center - josé paulo paes - comentário

 

                                                          [josé paulo paes 1926 - 98]

       AO SHOPPING CENTER
                   José Paulo Paes

    Pelos teus círculos

    Vagamos sem rumo

    Nós almas penadas

    Do mundo do consumo.

    Do elevador ao céu

    Pela escada ao inferno:

    Os extremos se tocam

    No castigo eterno.

    Cada loja é um novo prego em nossa cruz.

    Por mais que compremos

    Estamos sempre nus

    Nós que por teus círculos

    Vagamos sem perdão

    À espera (até quando?)

   Da Grande Liquidação.

 

     [in: "prosas seguidas de odes mínimas", cia das letras]
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criticando o consumismo, o eu lírico junta o espaço do shopping ao momento do julgamento final, à moda católica. o poeta afirma que "vagamos sem perdão", uma vez que o consumismo é símbolo de vaidade, ação tão condenada pelos católicos. olhem, gostar de si, querer agradar ao próprio ser é ruim para essa religião porque é a chance de que a pessoa seja mais dona de seus próprios atos e deixe de dar ouvidos a histórias de outros mundos.

aqui, o eu lírico não está criticando o catolicismo e suas leis punidoras, pelo contrário, condena os que frequentam shoppings centers e os trata como seres vazios. "cada loja é um prego" significa o erro de ser consumista, ou seja, ir ao shopping tira da pessoa a chance de ir à igreja. o poeta pune aquele(a) que compra.
o texto tem o caráter de uma "ode", ou seja, uma homenagem, na tradição clássica. no caso, uma grande ironia, como se lê ao final.
essas pessoas consumistas vazias esperam o grande perdão por serem o que são: consumidores. "grande liquidação", ao final, é t
rocadilho digno de aplauso. é instigante. é literatura.

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saiba mais :



domingo, 6 de novembro de 2022

patriota no caminhão é chamado para justiça agir contra antidemocratas

 

                       retrato do mundo paralelo em que vivem bolsonaristas
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milly lacombe escreve muito próximo do que eu gostaria de assinar. como sei que a ideia é multiplicar chance de melhorar a vida, coloco aqui trechos de seu artigo, de novembro, 2022:

Bolsonaro perdeu e seu bando tomou as ruas. Homens e mulheres vestidos em amarelo deixaram claro desde o domingo (30/11) à noite que seguiriam as ordens de seu mito e aguardavam coordenadas (...)
As coordenadas dadas a partir de Brasília foram cifradas e cada um interpretou como quis. Entre marchas com bandeira em punho e cantorias de hino nacional com saudação nazista, os patriotas berravam que a direita veio para ficar. Leia-se extrema-direita, evidentemente.
A anistia geral e irrestrita na década de 80, deixando sem punição os torturadores da ditadura, nos trouxe até esse estado alucinado e violento de coisas. Não podemos mais errar assim. (...) É preciso haver punição aos golpistas, aos policiais rodoviários prevaricadores, aos empresários que estão financiando a baderna. (...) Punir todos os responsáveis de forma categórica e exemplar. Em seguida, investigar as inúmeras suspeitas de crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro (...)

leia o texto de milly lacombe - clica

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a cena do patriota pendurado no caminhão, lá em pernambuco, é ilustração do golpe que não deu certo. aliás, não se dá golpe do dia pra noite. 
olhem, gente cantando hino nacional pra pneu na estrada, outros carregando bandeira do brasil no carro e buzinando pra lombadas ou mesmo os alucinados pedindo ditadura, ofendendo e ameaçando, são figuras manipuláveis, são os ilegais, principalmente quando pedem militares no poder, pedem a morte a lideranças que chamam de "esquerda", tudo em nome de algo que nem eles mesmos sabem.
sim, é uma alegria desmedida saber que foi tirado do poder uma figura atroz. é um alívio. economia parece estabilizar-se e há acenos da política internacional em prol do país e de sua saúde. o terrível é lidar com seus alucinados seguidores que chutam a lei e ameçam ordem pública.
milly tem razão quando diz que a anistia da década de 1980 deixou de banir torturadores e defensores de genocídios, aqueles praticados pelos militares e apoiadores, por 21 anos, entre 1964 e 85. a anistia perdoou essa gente. o resultado é claro e, hoje, e não se pode errar mais.
vejam: ex-ministros, o próprio jair, filhos, aquela gente que repassou notícia falsa, propagou cloroquina, que desdenhou da vacina e das máscaras, gente que queimou floresta, pediu propina para vacinação, estuprou indígenas, comprou voto com orçamento secreto etc etc, essa gente precisa pagar, precisa ser presa. do contrário, amanhã, não será um patriota pendurado num caminhão... será uma frota gigante de patriotas atropelando a vida de verdade.
a história não perdoa deslizes.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

canção - cecília meireles - comentário

 

     CANÇÃO

 Pus o meu sonho num navio
 e o navio em cima do mar;
 — depois, abri o mar com as mãos, 
 para meu sonho naufragar.

 Minhas mãos ainda estão molhadas
 do azul das ondas entreabertas,
 e a cor que escorre dos meus dedos
 colore as areias desertas.

 O vento vem vindo de longe,
 a noite se curva de frio;
 debaixo da água vai morrendo
 meu sonho, dentro de um navio...

 Chorarei quanto for preciso,
 para fazer com que o mar cresça,
 e o meu navio chegue ao fundo
 e o meu sonho desapareça.

 Depois, tudo estará perfeito:
 praia lisa, águas ordenadas,
 meus olhos secos como pedras
 e minhas duas mãos quebradas.

     Cecília Meireles [ Viagem, 1939 ]

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versos de oito sílabas poéticas, isso mesmo. octassílabos. ritmo regular com um par só de rimas por estrofe.
poema de caráter narativo, uma vez que há lista de ações e a voz de quem fala revela emoção; também de caráter lírico porque há ritmo regular e o apelo semântico desmedido presente no desfecho.
influenciada pelo simbolismo -- final do século 19 e inícios do 20 -- a poesia de cecília, aqui, expõe tristeza sem os exageros do romantismo. é de caráter depressivo, sim, o texto. lembra alguém que desiste de algo importante: o sonho. a bem da verdade, desistir de sonhos não é, necessariamente, algo ruim, mas aqui, é uma ação bem dolorosa, já que os olhos estão secos de tanto choro e mãos quebradas, ao final.
para ter certeza de que o sonho afundado está mesmo seguramente submerso, o eu lírico afirma que chorará muito: as lágrimas serão tantas que farão o mar crescer. haja rivotril. 


domingo, 30 de outubro de 2022

escolas precisam assumir seu papel na história do país

 


o tempo dos vestibulares estressantes e do caminho estreito para universidades pode -- finalmente -- estar se extinguindo. não que os vestibulares terminarão logo. mas haverá mais opções, mais vagas, é isso que tento dizer. daí, menos estresse, penso eu. pode ser que essa guinada chamada "novo ensino médio" apenas reforce que tudo ficará como está, no quesito acesso à universidade. esperar pra ver.
olhem, os vestibulares de hoje e de tempos passados ainda insistem em cobrar quase sempre apenas informação e não conhecimento. lamentavelmente, esse tipo de exame norteia quase todas as escolas de ensino médio, no país, principalmente as particulares. estudantes saem dessas escolas sabendo o número atômico do hidrogênio, a fórmula de bahskara, o sistema econômico da itália na idade média ... daí, quando estão na rua, votam em anti-vacina, em terraplanista ou naqueles que destroem natureza. é o caos. é quase um meme.
a escola deve tratar das necessidades da comunidade, tratar do combate ao racismo, à valorização da natureza, a ciência, a leitura, a arte e o esporte... e, principalmente, como funciona a política de sua cidade, de seu país. 

já escrevi mais sobre essa questão da escola na vida da comunidade em que está inserida. clique abaixo, me diz o que acha.
importância da escola - clica



sábado, 22 de outubro de 2022

canção de exílio - josé paulo paes - comentário

 

                                   

      CANÇÃO DE EXÍLIO
                      José Paulo Paes [1926 - 98]

  Um dia segui viagem
  sem olhar sobre o meu ombro.


  Não vi terras de passagem
  Não vi glórias nem escombros.

  Guardei no fundo da mala
  um raminho de alecrim.
 
  Apaguei a luz da sala
  que ainda brilhava por mim.

  Fechei a porta da rua
  a chave joguei no mar.


  Andei tanto nesta rua
  que já não sei mais voltar.

   [in "prosas seguidas de odes mínimas", cia das letras]
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poema paródia do adocidado "canção do exílio", gonçalves dias, 1843.
aqui, século 20, ao contrário das boas expectativas no citado poema romântico, temos dose de pessimismo.
texto de caráter narrativo, revela que o poeta não viu, no passado, nem "glória" nem "escombro", ou seja, nada de ruim ou bom.
no fundo da mala, ou seja, dentro de si, vai um ramo de alecrim. na tradição europeia, era chamado de "rosmarino" -- flor do mar, para os romanos. aqui pelo país, é costume crer que o alecrim afasta inveja ou pesadelo. 
veja, mesmo não enxergando nada de ruim, no passado, melhor prevenir e botar alecrim na mala. é o medo. insegurança.
o eu lírico fecha a casa, joga a chave no mar, ou seja, busca distanciar-se de suas origens, de seus possíveis problemas, quer mudar de vida. a expectativa sobre o que esse eu lírico faz depois de tudo é quebrada, porque, no final, se descobre que talvez ele tenha se arrependido e só não volta porque se perdeu. outra leitura possível para esse desfecho você mesmo pode criar. é divertido. é literatura.

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  saiba mais sobre josé paulo:



segunda-feira, 17 de outubro de 2022

o fantástico mundo da depressão

 


há pouco soube que psiquiatra e terapeuta vão trocar ideia sobre o paciente remediado: eu. nada mal. importante esse registro. importante que troquem impressões. o paciente -- no caso, eu -- parece melhorar, mas isso é no campo da comparação e, no limite, especulação. no final dos anos 1960, por exemplo, eu estava ligeiramente melhor que hoje, com a desvantagem de não ter a menor ideia de como seria meu futuro. tinha entre 4 e 5 anos de idade. pelo menos não tinha depressão e nem sabia da existência da ponte preta. depressão é ruim, senhoras e senhores. bem ruim. quem não tem depressão sempre acredita que isso "uma hora passa". outros acreditam nos remédios, nos fitoterápicos, nos alopáticos, enfim, em algo que se possa ingerir ou esfregar e, pumba, começa o show. viva a tarja preta. só que não. 

há alguns anos, ando por aí cerca de um centímetro do chão: engastalhado de comprimidos, alguma ansiedade e pressão alta.
o caminho para o outro lado desse mundo da depressão é algo que desanima... solidão é única certeza. ainda bem que, após 50 anos de vida, por instinto de sobrevivência, instalei um piloto-automático no meu cérebro, chama-se fingimento. então, com ele preparo aula, vou a mercado, tiro selfie com os próximos, boto água na planta, faço comida e até durmo. pouco, mas durmo.
a sensibilidade aflorada não deixa digerir nada fora do simples. qualquer conflito vira um inferno... qualquer sensação de que um deslize foi cometido é motivo de quase pânico. perde-se a fome. existe a vergonha, a vontade de sumir. solidão.


já disse, em outro post, que ninguém vive nossa dor. é fato. mas com o fingimento você até pode fazer amigos. ele não funciona em terapias, já aviso. mas cabe bem no bar, na trilha, hora do lanche ou em formaturas.
terapeuta e psiquiatra devem ter algum plano. essa gente sempre tem. 
enquanto espero, vou sentar e tentar descansar um pouco.


sábado, 8 de outubro de 2022

dicas de leitura - ensino fundamental e médio

 



      LEITURAS PARA SALVAR O MUNDO

dentro desse mundo repleto de barbárie, há de se começar por algum lugar e, como trabalho em escolas, achei que poderia compartilhar o que pretendo fazer ano que vem com meus estudantes, todos do ensino médio.  de repente ajuda, no mínimo, a combater essa enxurrada de violência, ódio e racismo. quiçá, mudar o mundo pra melhor, de uma vez. 

 1. "a vida não é útil" (krenak) 

sugestão: 9o (fund2) e ensino médio

-- cuidar do planeta
-- relação do humano com a tecnologia
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 2. "olhos d'água" (conceição evaristo)

sugestão: ensino médio

- - pelo menos dois contos: o primeiro e mais um

-- debate sobre racismo estrutural; amor; passado da negritude

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 3. "pequeno manual antirracista" (djamila)

-- racismo institucional e estrutural

sugestão: ensino médio, 8o. e 9o. anos

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 4.  "campo geral" (g rosa)

sugestão: ensino médio 

-- família o que é; infância; ética; busca de felicidade

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 5. "o conto da ilha desconhecida" (saramago)

sugestão: ensino médio

-- busca de felicidade; rei versus povo; sonhar; coletividade; viajar

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 6. "ideias para adiar o fim do mundo", krenak

sugestão: 9o. ano e ensino médio

-- ambiente; futuro; comunidades indígenas; tecnologia

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 7. "o visconde partido ao meio" (calvino)

sugestão: 9o ano e  1a. série ensino médio

-- maniqueísmo; bem e mal; preconceito; democracia

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8. "cartola - dez sambas" (agenor de oliveira / música)

-- lirismo na literatura, desde idade média; questão social; identidade

sugestão: 8o. e 9o. anos; ensino médio

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as leituras precisam ser compartilhadas com pelo menos mais um educador, educadora... ideal era que toda classe docente, em algum momento do ano, tratasse de um tema -- pelo menos -- dentro da leitura escolhida; mesmo no caso das chamadas "exatas" é possível ter um instante pra discutir, por exemplo, como a ciência, pode colaborar para acabar com racismo, preservar mais a natureza etc. olhem, em "conto da ilha..." o tema é a busca de um lugar novo que muito bem pode estar dentro de cada um... navegar é preciso, diz um ditado luso... por isso, unir música, história e física pode tornar a leitura de saramago (item 5) algo surpreendente.  é possível sim, juntar as áreas de matemática, arte e língua portuguesa para discutir economia, poluição, mundo digital, espírito colaborativo, reciclagem... ideia não falta.
olhe, se você acha que não dá pra salvar o mundo todo agora,  a gente pode tentar salvar uma pessoa de cada vez, mês a mês, ano a ano.


domingo, 2 de outubro de 2022

luta contra barbárie continua!

 


sensacionalismo em parte da imprensa; o racismo institucional e instalações pelo país ligadas a pseudo-religiosos -- somem-se aí canais de tv que vendem reza -- colaboraram sim para expressiva votação de jair, neste primeiro turno, 2022. o atual presidente teve 43% dos votos contra 48% de lula.
olhem, figuras conservadoras e distantes de questões -- por exemplo -- ambientais, como ronaldo caiado (mato grosso), castro (rio de janeiro) ou ratinho júnior (paraná) dão o tom de como a influência dessas insituições (uma boa parte da imprensa; pseudo igrejas) atrapalha desenvolvimento de questões substantivas como natureza, fome, desemprego, democracia, ciência, arte, não-violência etc... acrescente-se a enxurrada de mentiras sobre humanidade, desde terra plana, cloroquina contra covid, comunismo no brasil e outras bizarrices nessa linha. barbárie. são as fake news a todo vapor. 
é assustador que mesmo depois das mais de 600 mil mortes na pandemia, crise dos combustíveis, as "rachadinhas" e discurso de ódio de políticos como jair não fizeram o brasileiro médio se render à realidade... e acabaram elegendo, hoje, o pazzuello, a damares, zema, o astroanauta, o eduardo bolsonaro, mourão, além de outros tantos conservadores e vendilhões para cargos no senado, congresso e governo. estarrecedor. 
volto a insistir: escolas têm chance de manter viva ideia de humanidade.
como: debatendo questões sociais, em sala de aula, desde voluntariado, horta comunitária, transporte público, poluição, orientação sexual (sim!) e acesso a informação decente ou acesso decente a informação. debatendo política nacional, lógico! também discutir respeito às diferenças; racismo; mais leitura. é a civilização com alguma chance. 

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sábado, 1 de outubro de 2022

política não é entretenimento

                               

fernanda magnota deu a letra e publicou texto de respeito: por um brasil que não trate política como entretenimento.

coloco aqui um trecho : 
"Chegamos às vésperas da eleição presidencial no Brasil, todos de ressaca, exaustos pela exposição à tanta baixaria. (...) A culpa disso é de todos aqueles que estimulam os próprios líderes a se comportarem como apresentadores de programa de auditório. Presidente não é feito para 'mitar', é feito para conceber, negociar e implementar políticas públicas que beneficiem o interesse coletivo.(...)"
                      F. Magnotta, setembro 2022

 texto está no site uol.
política não é entretenimento - fernanda [clica]
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olhem, brasileiro, em geral, encara política com negligência, com descaso. um tanto da culpa é a postura de muitos políticos que, quando candidatos, se mostram midiáticos, palhaços, verborrágicos. não dá. mas o brasieiro já votou na xuxa (sem que fosse candidata), já votou no cacareco (rinoceronte), no tiririca, bolsonaro, pastores em geral e uma infinidade de outras figuras desprezíveis, que mereciam distância do poder público. muitos eleitores fazem isso por pura farra ou falta de estudo mesmo; e são incentivados por parcela da política que procura capturar justamente esses eleitores iletrados.
escolas brasileiras perdem excelente oportunidade de começar a resolver o problema quando fingem que nada acontece para além dos muros da sala de aula. uma pena. as públicas levam ligeira vantagem sobre as privadas, via de regra, porque podem trabalhar sobre projetos, já as privadas estão assentadas em conteúdos teóricos. em geral, estudantes saem das escolas  sabendo o que é barroco, as leis de newton, a fotossíntese e a economia na roma antiga... mas depois, elegem políticos anti-povo; elegem políticos que desmatam amazônia, que se vangloriam da corrupção. é quase um meme. é o caos.
simular eleição, explicar como funciona o congresso, mostrar do que o país necessita e qual seu papel na onu, por exemplo, são ações tão básicas quanto existência de bebedouro no corredor ou banheiro no fim dele. tratar de temas da política local, do bairro onde a escola se insere também deveriam nortear os princípios da boa educação. 
passou da hora das escolas tratarem de questões substantivas assim como tratam da vida no egito antigo ou como se forma a palavra sambódromo.



quinta-feira, 29 de setembro de 2022

negritude e jade picon - tema de redação

 

                       [ jade picon e a sandália com temática afro ]

coloquei, aqui, dois textos como uma coletânea para você, estudante, se basear e desenvolver uma redação argumentativa: pode ser artigo de opinião, crônica argumentativa ou a clássica redação modo-enem, modo-fuvest etc.

os textos são estes abaixo, basta clicar, ler e voltar aqui

jade e acm neto - privilégios da branquitude

comunidade preta reage a jade picon

o que é importante desenvolver se encontrar proposta que exiga uma argumentação e ainda peça soluções para questão do racismo.

primeiro: diferença entre racismo estrutural e institucional.

- racismo estrutural: sociedade cresceu baseada na ideia de que o negro é inferior ao branco (também vale para comunidades indígenas)

- racismo institucional: prática de segregação feita por instituições que se sustentaram no racismo estrutural; por exemplo: empresas que simplesmente não contratam negros; publicidade de produtos apenas com modelos brancos etc

vamos à redação argumentativa
1. crie uma tese, sua, a respeito; por exemplo:

- racismo institucional se combate na escola e na infância -

2. argumentos que defendam a tese 

(usei tópicos pra ficar objetivo / desenvolva parágrafo para cada item)

 com estudantes, promover podcast sobre o tema; mostra cultural contendo o assunto "negritude" e "raízes" da identidade brasileira

- documentário "amarelo", de emicida (toda escola)

- manual antirracista de djamila (qualquer idade) -  livro

- niketche, paulina (ensino médio)  -  livro

- black power de akin, kiusam (fundamental 2) - livro

estes itens acima, quando desenvolver seu texto, devem reforçar a ideia de que através do debate, na escola, aumenta-se a chance do indívíduo crescer com clareza a respeito das diferenças sociais, étnicas, no país.

lembrar que no modo enem, antes da conclusão é preciso apresentar proposta de solução para o que foi dado no tema.
sendo assim, reforce a necessidade de um chamamento de toda a comunidade (família, vizinhança etc) para dentro da escola, durante atividades a respeito do racismo.

3. conclusão: reforço da tese, ou seja, através da educação e a vivência de toda a comunidade junto à escola, será possível minimizar e acabar com racismo estrutural e, consequentemente, o institucional

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saiba mais -- veja estes vídeos 





quinta-feira, 22 de setembro de 2022

encomenda - cecília meireles - comentário

 

           ENCOMENDA
                       Cecília Meireles [1901-64]

  Desejo uma fotografia
  como esta — o senhor vê? — como esta:
  em que para sempre me ria
  como um vestido de eterna festa.

  Como tenho a testa sombria,
  derrame luz na minha testa.
  Deixe esta ruga, que me empresta
  um certo ar de sabedoria.

  Não meta fundos de floresta
  nem de arbitrária fantasia...
  Não... Neste espaço que ainda resta,
  ponha uma cadeira vazia.
                       [ Vaga Música, 1942 ]

poema sobre passagem de tempo e a possibilidade de assumir a solidão. assumir ou constatar, simplesmente. eis aí uma doença que aflige dez entre dez pessoas sensíveis. sempre.
o eu do texto quer -- na fotografia --  imagem que seja alegre; quer uma foto como a que está mostrando ao fotógrafo: nela, há alegria.
com rimas de uma sonoridade ímpar, "encomenda" traz influência do simbolismo, à medida que o lirismo é a sua maior caracterítica, ou seja, a expressão em primeira pessoa, a exposição de emoção, aqui, sem exageros. pois se houvesse, seria romântico. a primeira estrofe beira a singeleza e o clichê. depois, vem o clima sombrio, a constatação de uma ausência. repare: versos de oito sílabas poéticas, octassílabos: raridade.
o eu lírico dispensa lugares comuns na fotografia, como cenários artificiais ou fantasia aleatória. o que se quer é imagem que expõe o invisível através da cadeira. sobra, ao final, a saudade, representada por essa cadeira vazia. pode ser a saudade de alguém distante ou -- como já se disse -- a constatação da solidão do próprio eu lírico. ia escrever "constatação da depressão", mas desisti. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

democarcia, vera magalhães e a eleição de 2022

 

milly lacombe, mais uma vez, deixando claro o mundo atual:

"Vera Magalhães virou alvo da violência Bolsonarista. Não são lobos solitários que investem contra o corpo e a dignidade da jornalista. São agentes bem orientados por um tipo de lógica de morte que há mais de quatro anos controla esse país em todos os níveis. O Bolsonarismo precisa da violência de gênero como um vampiro precisa de sangue. Esse é um dos pilares que estruturam a sociedade que bolsonaristas querem erguer (...) Nesse projeto de sociedade, florestas viram pó, corrupção está liberada (chamam rachadinha que é para não assustar), pessoas negras não apitam muito, LGBTQs podem morrer porque não fazem falta. Nessa sociedade, a lógica é miliciana do começo ao fim. Vera Magalhães foi escolhida por essa turma covarde para virar, literal e simbolicamente, o rosto do inimigo (...)[ portal UOL ]

clique para ler o texto todo de milly

olhem, esse atual governo (2019-22) já causou muita trinca na vida brasileira, muita vergonha em que tem mais de um neurônio, por isso, esse tipo de governança precisa acabar. precisa acabar não porque seja uma opinião minha, mas é defesa de humanidade. 
vejam que mesmo vera magalhães, em passado recente, fez deboche da violência sofrida pela ex-ministra damares, além destilar escárnio sobre  a visita de lula ao velório de sua então esposa marisa. claro, nada justifica a violência por ela sofrida. registro isso pra que se tenha ideia do estado de horror e violência em que nos encontramos.
o que fazer: não se deixar contaminar pelo discurso de ódio; não compactuar com quem faz campanha pelo armamento de civis; valorizar o debate sobre atualidades, nas escolas; divulgar ações a respeito do meio ambiente, a respeito da democracia; apoiar candidatos de partidos que são a favor da educação e respeito à diversidade... juro, não é difícil.
vejam, a questão não é votar no fulano, na fulana, mas sim saber a qual plataforma pertencem... porque são os princípios do partido que valem na hora de votar ou barrar projetos, nas assembleias estaduais e na federal, em brasília.
então, sabendo qual é a plataforma (
partido) do candididato ou candidata fica simples perceber se vale a pena ou não apoiar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

mais uma vez - legião urbana - comentário

                                  
                                       [ legião urbana, brasília, década 1980 ]

       MAIS UMA VEZ
                       [ Renato Russo ]

  Mas é claro que o sol  Vai voltar amanhã  Mais uma vez, eu sei  Escuridão já vi pior  De endoidecer gente sã  Espera que o sol já vem
  Tem gente que está do mesmo lado que você  Mas deveria estar do lado de lá  Tem gente que machuca os outros  Tem gente que não sabe amar
  Tem gente enganando a gente  Veja a nossa vida como está  Mas eu sei que um dia a gente aprende  Se você quiser alguém em quem confiar  Confie em si mesmo  Quem acredita sempre alcança
  Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
  Acreditar no sonho que se tem
  Ou que seus planos nunca vão dar certo
  Ou que você nunca vai ser alguém
  Tem gente que machuca os outros
  Tem gente que não sabe amar
  Mas eu sei que um dia a gente aprende
  Se você quiser alguém em quem confiar
  Confie em si mesmo
  Quem acredita sempre alcança
. . . . . . . . . .  .  .  .  .   .   .
a canção da banda legião urbana saiu em 1987. 
época difícil, após ditadura militar (1964-85), com inflação galopante e praticamente nenhuma chance de melhora. nesse sentido, "mais uma vez" tem apelo esperançoso, quase singelo, não fosse o "confie em si mesmo" que destoa da doçura em volta, ou seja, anuncia que poderá vir o sol amanhã, poderá a vida melhorar, mas na contramão de clichês de autoajuda, não será de uma energia vinda do espaço ou do amor entre as gentes, mas da confiança em si próprio. 
muitas vezes me senti assim, tendo esperanças... e, por incrível que pareça, quanto mais velho, mais cético fico em relação a pessoas. quem quer que seja. confiar apenas em si é o básico mesmo. o pior é que sei lidar pouco com isso. pouco ou nada. sobram ansiedade e frustração. é o sinal dos tempos. pode ser a depressão, mais uma vez.

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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

quem somos


                          [ bienal do livro, s paulo, 2004, lançamento de "raposa" ]

carlos henrique carneiro, nascido em ribeirão preto, sp
- formação: letras, universidade estadual de campinas, 1984 a 88

                             
                         [ aos 17 anos, é personagem de "deus me livre", puntel, ed ática ]

inciou profissionalmente no colégio graphos, 1986, nas cidades de são josé do rio pardo, mococa, itapira e esp. s. pinhal, todas no estado de são paulo. professor de literatura e redação. trabalhou na rede objetivo, em campinas, mogi-mirim, mogi-gauçu e bragança paulista, tudo isso entre 1986 e 95.
por quase vinte anos, trabalhou no colégio visconde de porto seguro -- 1992 a 2010 (
coordenador e professor), em valinhos. 
é professor de literatura e história da arte, no curso alethus, rede poliedro, valinhos.
mora em campinas, desde 1984. 

escritor:  "poeta em construção", 1982"raposa", 2004; "camões em perigo", 2015; "determinada mandioca", 2013; "literatura não autorizada", 2014; "abolição via vargas", 2021 ; "atlântida" (monólogo - não publicado), 1998  e artigos sobre literatura no ensino médio, resenhas de obras literárias e afins, nesses últimos trinta anos.

1989: publica artigos aos sábados no jornal "diário do povo", campinas.
1998: junho, dia 21 -- com manuela soares --, monólogo "atlântida", escreveu e dirigiu. campinas, sp. apoio editora costa-flosi. assessoria de marcelo campos.

entre 1996 e 2003: professor convidado da pontifícia universidade católica de campinas, para cursos de extensão, na semana de letras da entidade.
entre 1993 e 2009 autor e encenador, teatro estudantil. trabalhos iniciados dentro do colégio visconde porto seguro, valinhos, ensino médio.
2003 : casado com bia balau -- quatro filhos: fabiana, carolina e felipe. cristiana chegou em 2017.
2004: palestra na casa do artista flávio de carvalho  (1899-1973), a convite da prefeitura de valinhos
2004: lançamento do romance "raposa", na bienal do livro, s paulo
2005: palestra faculdade de paulínia, com o tema: gosto, valor e leitura, a convite do professor olivo bedin
2007: valinhos, abril, palestra sobre arte na galeria joão do monte -- homenagem ao artista
2011 até 2018: colégio asther, campinas. professor de literatura e, especificamente, em 2018, também de história da arte. conhece mariana copertino, karen davini, regina ribeiro, adriano lacerda e leonardo crevelario. sintonia. reencontra alexandre souza, professor de biologia que fora seu aluno, em 1989, em mogi-guaçu.
2011: passa a morar definitivamente com beatriz balau.
2011 até 2015, professor de literatura e redação, colégio julio chevalier, campinas. conhece robson orzari, gustavo pansani e silvana rett, referências.
2012, novembro, no papel, casa-se com bia balau. 
2021 março: começa a escrever novo livro: "abolição via vargas"
2021 dezembro, dia 7, sai "abolição via vargas", ed clube de autores 
2022 março: rede globo -- eptv campinas -- faz matéria sobre "abolição via vargas" (vídeo abaixo)

está no canal youtube;com/letradeletra (clica) com resenhas de artes plásticas, música brasileira e obras literárias do brasil e do mundo: mia couto, fernando pessoa, paulina chiziane, borges, cortázar, carolina de jesus, leroux, machado, clarice, mário de andrade, thiago queiroz, kiusam oliveira, ailton krenak, elliot, tom jobim, florbela espanca, di cavalcanti, eduardo galeano, cartola, valter hugo mãe, chico buarque, edgar a. poe, guimarães rosa, kafka, conceição evaristo, camões, ishiguro, emicida, mestre vitalino, eduardo kobra, coleridge, edson capellato, marcos siscar, alencar, adélia prado, augusto dos anjos, luci collin, dentre tantos outros. tem até drummond e jorge amado, acreditem.