domingo, 31 de maio de 2020

samaritana - olavo bilac - soneto


soneto decassílabo.
poeta faz paródia de uma passagem bíblica, em que jesus cristo, perto de um poço, pede água para uma moça de samaria, a samaritana. 

aqui, o apelo erótico toma a frente, na mensagem que é lírica.

repare que a mulher é marcada como diferente da original bíblica: ela é um contraste, diz o verso 9
o poeta, depois de beber da "fonte eterna" (eufemismo! metáfora boa!) se diz envenenado... e até arrependido... de tão bom que deve ter sido.
certeza.

                     .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .

SAMARITANA

Numa volta de estrada, em sede insana,
Vi-te. Ao lado, a frescura da cisterna.
E tinhas a expressão piedosa e terna,
Como na Bíblia, da Samaritana.
Deste-me de beber. Mas quanto engana,
Às vezes, a piedade, e a esmola inferna!
Deste-me de beber da fonte eterna,
De onde a torrente dos remorsos mana.
Com a água que me deste (que contraste
De ti para a mulher de Samaria!)
A boca e o coração me envenenaste:
Maior do que o da sede, este tormento,
Esta ânsia singular, esta agonia
Que é de saudade e de arrependimento!

Olavo Bilac

. . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .    .

saiba mais


quinta-feira, 28 de maio de 2020

história da literatura brasileira para quem tem muita pressa



                                                arte - Quinho


capitu entrou pro bando de riobaldo depois de tomar o alucinógeno da índia tabajara.

juntos, capitu, riobaldo e a cachorra baleia, viajaram pelo país, montados em capivaras. 

foram obrigados a parar porque tinha uma pedra no meio do caminho.

ali mesmo, padre anchieta fez o casamento de riobaldo e capitu. 

o jesuíta recitou versos em tupi e em português, para irritação de gabriela e marília de dirceu borboleta.

nasceram os filhos dessa relação: maanape, jiguê, macunaíma e leonardo pataca.

eles todos moraram um tempo na favela canindé, no estácio, em porto alegre, salvador, manaus, outra vez no estácio, todos de organdi azul.






segunda-feira, 25 de maio de 2020

leitura para iniciantes




três dicas de leitura para iniciantes

não gosto do termo "criança", "adolescente" quando o assunto é livro

não sei se existe mesmo livro para criança, livro para meninos, livro para jovens...pode ser...

sei que existem livros que precisam de certa experiência de leitura para serem digeridos e outros menos...

aqui vão três dicas para quem quer leituras dinâmicas

leitor menos experiente, bem-vindo a este post

confira abaixo as dicas para cada um

boas leituras!

LUNA CLARA & APOLO ONZE



O GAROTO DO CACHECOL VERMELHO



O FANTASMA DA ÓPERA


sexta-feira, 22 de maio de 2020

anchieta - olavo bilac



outro soneto do livro "tarde", bilac, 1919.

josé de anchieta (1534 - 97) foi, segundo história oficial, o primeiro a fazer poesia, no país, ficção. também publicou estudos sobre a língua tupi.
o padre -- nascido nas ilhas canárias (espanha) -- é comparado a um santo: francisco e também a um mito grego: orfeu


   ANCHIETA

Cavaleiro da mística aventura,
Herói cristão! nas provações atrozes
Sonhas, casando a tua voz às vozes
Dos ventos e dos rios na espessura:

Entrando as brenhas, teu amor procura
Os índios, ora filhos, ora algozes,
Aves pela inocência, e onças ferozes
Pela bruteza, na floresta escura.

Semeador de esperanças e quimeras, 
Bandeirante de “entradas” mais suaves,
Nos espinhos a carne dilaceras:

E, porque as almas e os sertões desbraves, 
Cantas:Orfeu humanizando as feras,
São Francisco de Assis pregando às aves

. . . . . . . . . . . .  .  .  .  .   .   .   .

as aspas em"entradas" são denunciadoras.
sabe-se que entradas e bandeiras, aqui, foram expedições para expansão do território, busca de minério, aprisionamento de índios, possíveis mortes de quem não queria se converter ao cristianismo, tampouco ser escravo. enfim, na sede de manter limpo o perfil do padre, o poeta coloca aspas na palavra "entrada", mudando um pouco seu sentido original, ou seja, anchieta fez sim parte desse processo que autorizava violência contra os índios, mas foi suave, no mínimo conivente... chamá-lo de "semeador de esperanças", nesse contexto, chega a ser doloroso. mas a ideia é mesmo a idolatria que aproxima o poema do gosto romântico, apesar do estilo ser mesmo parnasiano. ainda segundo o poema, o padre esteve com índios bons (aqueles que aceitavam o catolicismo), teve a pele ferida pelos espinhos da mata (lembra coroa de espinhos sim), então, digamos, sua cumplicidade na violação da vida selvagem estaria compensada.


terça-feira, 19 de maio de 2020

os sofrimentos de wetrher: livro levou muitos ao sucídio





pois é, final do século 18. alemanha.
escritor ícone de seu tempo e de outros.

goethe (1749 - 1932) produziu um diário e botou um autor: o jovem werther.

historinha simples, creiam.

o pós-adolescente se apaixona por carlota. esta, por sua vez, é noiva de alberto.
este, por incrível que pareça, respeita werther o considera até amigo.

carlota, ao final da história, se casa mesmo com alberto.

werther atira em si mesmo. agoniza por umas doze horas.

morre.

se fosse só isso, moleza.

mas leitores da obra não resistiram à catarse.

dezenas e dezenas de jovens e outros nem tão novos, tiraram a própria vida depois da leitura... ou fizeram de raiva, pelo estilo adocicado da narrativa, ou se identificaram com o enredo e os sofrimentos.

o que fica disso tudo é o quanto de silêncio e falta de empatia sofrem os jovens e, claro, adultos também.

não deixe seus próximos sozinhos...

ouça.

acolha.

. . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .   .
saber mais ? clica e vê


sábado, 16 de maio de 2020

língua portuguesa - olavo bilac




mais um poema do livro "tarde", 1919, bilac

"última flor do lácio" o que é?

o latim, base da língua portuguesa, nasceu na região do lácio, próximo a roma

dele, latim, vieram o romeno, francês, espanhol e, por fim, o português


logo, a língua é a última flor, um eufemismo para o latim que termina sua jornada no idioma de camões

aqui, homenageia a língua portuguesa mas faz ressalva, afirmando que ela ainda é um tanto rude, barulhenta...

não é do estilo do poeta expor a vida em sociedade, a realidade.

bilac escrevia para os próximos, para um grupo elitizado que via no vocabulário raro, nas tramas de uma sintaxe mais complexa um certo engrandecimento do idioma

ainda bem que gente como guimarães rosa, oswald de andrade, carolina de jesus, patativa do assaré -- e tantos outros -- trataram de valorizar nosso idioma sem pedantismo

. . . . . . . .  .  .   .  .  .  .  .  .   .   .

LÍNGUA PORTUGUESA


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”,
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


nota
trom e silvo - barulhos de canhão; estrondos
procela - tempestade

. . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .

saiba mais!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

hino à tarde - olavo bilac




primeiro poema do livro "tarde", 1919.
publicado postumamente, pois olavo bilac faleceu em 1918.



  HINO À TARDE

 Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
 Alva! Natal da luz, primavera do dia,
 Não te amo! Nem a ti, canícula bravia,
 Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!
 
 Amo-te, hora hesitante em que se preludia
 O adágio vesperal, - tumba que te recamas
 De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
 Moribunda que ris sobre a própria agonia!

 Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
 Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
 Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,

 Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
 A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
 Perpetuação da vida e iniciação do nada...

. . . . . . . . . .  .  .  .  .   
.
nota
estruis  - estraga
adágio - sentença, ditado
nutriz -  mulher que amamenta
. . . . . . . .  .  .  .  .  .   .


soneto com versos alexandrinos, doze sílabas
- poeta não gosta das manhãs, mas do fim do dia porque a tarde é mãe da noite
- a tarde, quando moribunda, prenuncia os clarões das estrelas

poema simbólico sobre a carreira do poeta que, de fato, chegava ao fim

saiba mais! vídeo abaixo



domingo, 10 de maio de 2020

estudando literatura sozinho? dicas para ensino médio


                                         [ prof carneiro em seu canal letradeletra]

quatro aulas importantes para seus estudos de literatura

clique para assistir


funções da linguagem -


figuras de linguagem -

o que é romance -

                     

o que é soneto - 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

é preciso coragem




maio de 2020.
pandemia.

país mostra sua realidade que é a falta de saneamento básico, políticas públicas de saúde decentes e apoio à educação. 

quando houve algum cisco de ação em prol de quem mais precisou, um ex-presidente foi preso -- sem provas -- e uma presidenta deposta por casuísmos mais políticos do que econômicos. 
quando escrevo, os corpos chegam a nove mil, desde meados de março, quando a contagem se deu. centenas de milhares de infectados.
pessoas agonizam.

e há lideranças políticas que desdenham da pandemia, das mortes, da pobreza.

é preciso coragem para resistir ao surto.

o sentimento, hoje -- posso piorar amanhã -- é de mágoa com quem apoiou essa plataforma política, no fim de 2018. 
avisos não faltaram.
quem está na linha de frente, na vanguarda, são os profissionais de saúde. 
todos eles, médicos, auxiliares de limpeza, motoristas de ambulância, enfermeiros, estudantes, estagiários, residentes, secretários, e eles ainda são apedrejados! 

já senti muita raiva -- muita mesmo -- de quem votou pela volta das perseguições à ciência e ao desmatamento. já senti raiva. hoje, não sei que nome dar ao que vai em mim.

sinto muito, não consigo ser otimista hoje. 

segunda-feira, 4 de maio de 2020

como sobreviver ao covid e à ignorância letal



se você que me lê gosta da vida, natureza, convívio saudável, respeitando diferentes, argumentando no rumo da harmonia, então, preciso ajuda.

combater a avalanche de notícias falsas, enfrentar o discurso contra quarentena e contra máscara, defender profissionais de saúde, além de querer manter-me vivo, são elementos que se movem pela minha cabeça.

pessoas fazem carreata contra quarentena. pessoas morrem. 
gente sai de casa porque crê estar bem de saúde, sem sintomas de coronavírus. e essa gente espalha doença. pessoas morrem.

hoje, a ideia é impedir que essa pandemia de ignorância letal tome nossa história.

preciso ajuda para realizar esta tarefa.

pensei nestes passos:

1. divulgar notícias sobre importância do confinamento

2. compartilhar matérias (artigos, entrevistas etc) sobre o papel das escolas, na formação cidadã

3. reforçar que educadores, educadoras, em geral, têm responsabilidade de transmitir aos mais jovens que é vital respeitar o próximo, continuar os estudos, acreditar na ciência porque ela é o óbvio motivo da existência

sábado, 2 de maio de 2020

macunaíma - herói sem caráter - comentário





romance

1928
mário de andrade

modernista e antropofágico

chamado "romance rapsódia"

narrativa expressionista, surrealista, divertida e sarcástica

qual a importância?

o que é antropofagia?

e rapsódia?...

o que acontece com macunaíma, ao final?

. . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .

clica para descobrir tudo!