nelson rodrigues e guimarães rosa. de um lado, o conservadorismo de direita, e de outro, uma apelo à raiz do brasileiro que nasceu no sertão, primeiro como índio -- isso não está sem "sagarana" -- depois vieram bandeirantes e o resto a gente conhece: coronéis, escravidão, cangaceiros....
vale a pena ler e pensar "a hora e a vez de augusto matraga" por esta canção de geraldo vandré
matraga morre e melhora a vida de mimita e dionora -- no mínimo
"você que não entendeu" ... é um chamamento àquilo que se viu em "sobrevivendo no inferno" (racionais): bíblia véia e pistola automática ("gênenis"). é um chamamento à prontidão para defesa
os tempos são sombrios... muita gente, de verdade, faz pose de "bem-bem" ... mas...
nelson publica mais de oitenta crônicas cujo foco é o rio de janeiro dos anos 1960, 50 e 40, basicamente
critica o progresso, a evolução da postura feminina dentro da sociedade e, claro, critica dom hélder câmara, arcebispo do brasil, na época, a quem chama de "ex-católico"
enfim, fiz uma arriscadíssima lista ideológica e visceral só pra divertir
é a lista de autores para prova unicamp, novembro 2019
se não concordar, faça a sua e bota nos comentários aí
nelson rodrigues - - direita
machado de assis - - centro direita
carolina de jesus - - oprimida
racionais mc's - - esquerda cristã
érico veríssimo - - esquerda
padre vieira - - moralista
camões - - isentão guimarães rosa - - progressista
Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. Os sinos da vizinhança começaram a badalar. E tudo era um clamor. A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. [AZEVEDO, Aluísio. O cortiço, ed Moderna]
Em O cortiço, o narrador está em terceira pessoa, onisciente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em: a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos. d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada.
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resposta
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E
[ a palavra "cá" indica o local de onde parte o discurso do narrador ]
possíveis propostas de redação, para novembro 2019
PREPARE-SE * saúde mental - suicídio - depressão * escravidão moderna - imigrantes clandestinos - capitalismo selvagem * bullying - violência entre estudantes - empatia nas escolas em baixa * meio ambiente - agrotóxicos - ecossistema em risco: queimadas; desmatamento...
* educação física versus esporte nas escolas - mais saúde mental no cotidiano das aulas de ed física - aula de ed física é só esporte ? * terra plana: ciência desprezada - aumento no descrédito à ciência: educação falha - religiosidade impondo-se como verdade - ser humano terraplanista não sabe o que é realidade * fome - desperdício de alimentos - horta comunitária * meritocracia - trabalho e preconceito racial - cotas étnico-raciais nas universidades * preconceito à diversidade de gênero - censura à arte LGBT (rio de janeiro, setembro 2019) - direitos humanos devem ser respeitados - em nome de religião cristã exercita-se a violência contra homossexualidade * estado brasileiro e violência armada - violência entre estudantes - democracia nas escolas em baixa
Dia 04 – Aplicação das provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias / Redação / Ciências Humanas e suas Tecnologias
Dia 11 – Aplicação das Provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias / Matemática e suas Tecnologias
Dia 14 – Publicação dos Gabaritos e dos Cadernos de Questões
duras batalhas são travadas e ainda serão, por tempo. uma delas é a interna, envolve centralizar-se, buscar alguma harmonia e enfrentar essa avalanche de idiotização, ódio e crimes contra a humanidade, aqui, pelo brasil
continuo acreditando que é pela escola que conseguiremos algum resultado, alguma chance de plantar civilidade.
muita gente desorientada ou ressentida nesses últimos cem anos -- só pra ficar na segurança -- jogou pedra em quem criticou o capitalismo, principalmente naquela época da guerra fria e, hoje, continua atacando que não crê no capitalismo assim como aplaude a bizarrice intelectual do discurso deste presidente brasileiro que assumiu em janeiro 2019.
muita gente jogou pedra mas... mas... estão tomando ciência que só o capitalismo destrói meio ambiente e produz miséria. tinha de ser simples entender isso, mas às vezes, precisa doer em alguma parte do corpo pra se fazer notar.
não sei se é, necessariamente, o socialismo a solução. nem estou afim de lidar com isso, agora. o que sei e você também, é que esse sistema econômico é autofágico. não dá pra ser esperançoso com o capitalismo que destrói pelo bem ocasional do lucro. devia ser simples.
enquanto uma revolução não chega -- ou o nosso fim -- melhor é cuidar um pouco do futuro promovendo atividades na escola. gincanas, olimpíadas, campanhas comunitárias, qualquer coisa que envolva exercício com o outro pelo bem comum.
uma nova revolução está pelo horizonte. o cinza e o barulho que se formam não permitem distinguir, hoje, se é o começo ou o fim de uma era.
mas a situação é clara: quem possui trânsito junto a livros, laboratório, raciocínio criador e noções de trabalho em grupo devia ficar alerta.
para vencer essa onda de idiotice, ódio, ignorância e preconceito, existe a educação.
não falo aula sobre xis assunto. qualquer um faz, nem precisa diploma.
educar é a questão. muitas escolas -- geralmente as privadas -- se esmeraram no quesito aula, supostamente respaldados pelo tal vestibular. muitos desses alunos que engoliram a fórmula de bhaskara, as razões para o fim do império romano ou as fases da meiose foram pra avenida paulista, recentemente, aplaudir pato amarelo e eleger jair bolsonaro.
sim, é preciso ir direto ao ponto. não se trata de criticar quem tenha opinião diferente da minha, não é isso. é condenar o apoio ao fascismo, à violência, à brutalidade como se vem tratando o meio ambiente, a educação, a pesquisa, tudo. é ato humano combater essa plataforma que -- por razões de pura debilidade intelectual -- destrói o ânimo de quem acredita em trabalho, estudo e natureza.
na escola : promover ações fora da sala de aula, como gincanas culturais, show de talentos, concurso de memes, redação, olimpíadas esportivas, tudo que possa ligar-se a assuntos que envolvam saúde mental, respeito ao outro, respeito às diversidades, inclusão, sonho, democracia...
nas séries finais -- ensino médio -- incentivar a leitura, debater escolha de carreira, tentar tranquilizar estudantes que, muitas das vezes, ficam depressivos diante da necessidade de escolha de carreira e, hoje, diante dessa brutalidade contra o ensino superior público.
não é difícil. basta começar. reuniões, chuva de ideias, pequenas ações iniciais, e até a comunidade (pais e responsáveis) compram a ideia da cidadania antes da informação. civilidade antes da preocupação com vestibulares, simplesmente.
filme dirigido por kleber mendonça filho e juliano dornelles, bacurau (2019) é catarse premiada.
narrativa que reúne elementos de um brasil guerreiro com referências à guerra de canudos, lampião e trajetórias de resistência política ante à possibilidade de que o país se torne quintal de jogos de norte-americanos.
o museu de bacurau expõe um passado de luta e isso se faz chave para compreender o desfecho.
o que é o filme:
narrativa se passa no sertão de pernambuco, século 21.
bacurau é um vilarejo que precisa de água e ela vem com caminhão pipa de outra cidade.
o começo é impactante: caminhão pipa traz, além do motorista e da água, teresa, jovem liderança da região que volta à cidade para enterro da avó carmelita. nesse percurso, estrada precária, o caminhão chega a passar por cima de caixões, à beira da estrada. mais adiante, revela-se que um acidente com motociclista pode ter causado a tragédia e o tombamento da carga de um caminhão carregado de caixões.
bacurau é um pássaro, vive como corujas, à noite. mas tem a peculiaridade de ficar no chão, não em árvores.
a narrativa traz personagens brasileiros simples mas contundentes em suas posturas: prostitutas, cantador, homossexuais, negro, assassino, professor, crianças livres, donas de casa, dentre outros. todos se respeitam, convivem, sem preconceito.
a trama : candidato à reeleição, tony júnior se mostra hipocritamente acolhedor ante as necessidades do povo de bacurau. o vilarejo é espécie de distrito da cidade onde tony jr exerce prefeitura. ele é rechaçado pela população que se recolhe às casas deixando a cidade vazia quando o político passa. esta figura que -- de modo caricato -- tirou o vilarejo do mapa -- por vias tecnológicas -- representa boa parte da política corrupta nacional e permitiu que grupo de norte-americanos viesse para praticar a caça humana.
isolados, sendo atacados e mortos, povo de bacurau pede ajuda a lunga, um refugiado numa região de represa que, ao que indica a narrativa, teria entrado em conflito com o povo no passado recente. lunga aceita ajudar a cidade e, juntos, eliminam os estrangeiros. quase simples assim.
o museu mostra imagens antigas de um povo resistente, à época do cangaço.
a resistência parte do museu e da escola, repara nisso.
valem dois detalhes: a abertura do filme se dá com imagens do espaço, com um satélite cruzando a cena, da esquerda pra direita e o planeta, ao fundo, bem redondo, como manda o figurino. outro: um dos personagens produz, à base de planta, um alucinógeno que vai ser fundamental no combate aos fortemente armados estrangeiros que vêm á cidade pra praticar o jogo da caça respaldados pelo prefeito tony júnior. as cabeças dos estrangeiros são expostas na rua, numa citação explícita -- como vingança -- dos cangaceiros mortos e degolados pela polícia brasileira, século 20. o grupo de lampião e maria bonita foi assassinado.
repare que, ao chegar, teresa recebe uma dose em forma de comprimido, desse alucinógeno, com intuito -- talvez -- de permitir que ela suportasse a emoção de encontrar a avó falecida. no enterro, o ponto de vista de teresa prevalece e nota-se que ela tem a visão de uma água limpa saindo do caixão da avó.
uma das canções da trilha é "réquiem para matraga", geraldo vandré.
vem bem a calhar nos momentos de vestibular! guimarães rosa e seu "a hora e a vez de augusto matraga".
uma homenagem ao país com certeza. homenagem à diversidade e necessidade de união contra venda do país, um soco no estômago do bolsonarismo. me lembrei da "bíblia véia e pistola automática" da música "gênesis", racionais, em "sobrevivendo no inferno".
como é ?
escrever as palavras-chave de suas ideias
vejam
TEMA : arte ligada à cultura lgbt precisa de autorização do estado para ser divulgada?
fazendo projeto de texto
INTRODUÇÃO E TESE
elementos que devem aparecer na introdução:
- rio de janeiro
- bienal do livro
- estado censura
- 2019
- homofobia
[ a tese é a sua ideia a respeito do tema / uma afirmação categórica ]
- cultura lgbt deve ser respeitada, em qualquer lugar, principalmente em país laico
ARGUMENTOS
[ situações que defendam a tese ]
cultura lgbt+ deve ser respeita pois ...
- decisões sobre o corpo e quem amar são responsabilidade apenas da pessoa
- garantia pela constituição que brasileiros são livres
- estado não é teocrático
- diversidade deve ser respeitada
SOLUÇÃO HUMANISTA
- promoção de debates e ações educativas em escolas
CONCLUSÃO
[ reafirma a tese ]
início recomendado para seu parágrafo de conclusão:
sendo assim, a cultura lgbt, sua arte, seus costumes devem ser respeitada em qualquer lugar, pois as uniões homoafetivas são escolhas individuaise não podem sofrer julgamentos de qualquer ordem
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IMPORTANTE - -
a estrutura acima é apenas uma orientação básica; um esqueleto do todo cabe ao estudante desenvolver as frases e palavras-chave em uma redação de aproximadamente trinta linhas
não só porque em setembro pululam matérias ligadas ao tema da depressão. não só. é nebulosa e cinzenta a tal depressão, mas há controle médico, às vezes. o que não há é o controle do outro. difícil contar com a compreensão e empatia. o que se tem, do outro lado da ponte, é uma eterna ocupação consigo mesmo. pouco espaço, pouco tempo, "você não está ajudando" etc etc ... não só de medicamentos vive uma pessoa. há exceções, mas que só confirmam a regra: quem sofre de depressão costuma estar só. as campanhas dizem "fale mais"... quem tem moedas paga terapia, psiquiatra, cuidadores... aos demais, restam recados no fundo da caverna. até o próximo setembro.