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terça-feira, 14 de junho de 2022

o poder e a glória da edição: cortar é uma arte?

 


não consigo trabalhar sem um plano. aula; uma viagem; horários de chegada em determinado lugar... etc... embora, para algumas ações, só o primeiro ímpeto já vale o início de determinada tarefa, como, por exemplo, gravar vídeos para o canal do youtube. eles chegam ao espectador recheados de cortes, alguns suaves, imperceptíveis, outros abruptos e quase risíveis. algumas vezes refaço a gravação, mas na maioria delas, deixo como está, porque não quero o grammy latino, o troféu de edição, mas transmitir alguma coisa útil: literatura. e um pouco do meu jeito único de destroçar vídeos.
por que escrevo isso? 
não sei.

. . . . . .  .   .   .   .   .

este do nelson é um dos mais retalhados 

[ nos comentários tem uma crítica construtiva, aliás ]



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

capitu não é desdêmona





“dom casmurro” parece ser livro mais conhecido que lido. pelo menos, durante muito tempo, foi assim. hoje, com a retomada de Machado nos vestibulares, a situação do romance machadiano toma outros ares. referências como “othelo”, augusto, nero, “fausto”, metalinguagem, digressão, tornam o texto menos difuso para o leitor desavisado.

mais que a questão do adultério, cometido ou não por capitu, temos aqui uma história centrada na personalidade de Bento Santiago. filho único, muito protegido pela mãe, bentinho é o “inocente útil” dessa história, pretendido tanto por josé dias como por capitu --  cada um a seu modo, diga-se. narrador pouco confiável, Bento destila o egocentrismo e a carência afetiva com quem quer que seja, desde Manduca e escobar, até mesmo capitu ou o filho ezequiel, quase morto pelo café envenenado que não chegou a tomar. As digressões de bento adulto e a recorrência à metalinguagem, dão o sabor íntimo a essa história que possui características tanto do classicismo, como a coesão e busca da clareza, como também do Impressionismo, quando se trata da recriação do passado.  o dado “realista” está na preocupação com o psicológico; no modo ora cáustico, ora sensível com que o narrador se refere às pessoas, como na caracterização de tio cosme; do vizinho que ele conhece “de vista e de chapéu” ou nas referências a capitu e seus olhos. não temos aqui a idealização da mulher e do amor como encontramos no romantismo, mas sim uma preocupação em comparar, filosoficamente ou apenas por ironia (valorizando o leitor inteligente) a sua vida a uma ópera. compará-la também à tragédia othelo, ou mesmo valorizando sua “ingenuidade” diante da perspicácia de pessoas como josé dias, capitu e escobar.