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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

desempregado tenta vender poesia no semáforo mas não consegue


professor desempregado tenta recitar poesia na rua mas não dá tempo

"dura muito pouco o vermelho", disse ele.

a saga do professor sem emprego em conseguir uns trocados é épica, se permitem redundância.
domingo passado, ele tentou ler "morte do leiteiro", de carlos drummond, mas nunca consegue terminar a leitura. o sinal abre e os carros partem sem lhe entregar uma moeda.

"drummond é perfeito pra esse tipo de situação porque é simplesinho."

"um dia, recebi dois reais antes de começar a leitura", ele conta entre risos.

"é drummond?" perguntou a motorista.
eu disse "é".

ela sacou dois reais da bolsa e:
"recita não! prefiro cheiro de óleo diesel". aceitei.

numa tarde meio chuvosa arrisquei recitar "navio negreiro", do castro alves. pessoal parecia não entender. alguns suspiravam aliviados quando o sinal abria.
"vou arriscar ana cristina cesar, de repente dá tempo", afirma o professor, já correndo pra um honda civic








sábado, 25 de março de 2017

eu mandava ladrilhar








no dia 25 de março de 1824 deu-se a primeira constituição do país independente. em 1865, sobre uma parte do rio tamanduateí, estava uma rua que ganharia este nome, com número e mês, 25 de março. o rio que corria sob a rua, se me permitem a má poesia, se converteu em mar de gente.
hoje, poucos se lembram do que aconteceu neste dia, em 1824 ou 1865.
o que importa é essa turba de humanos que se espreme, que se compra, que se vende na rua mais movimentada de s. paulo.