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domingo, 17 de janeiro de 2021

livro dos abraços é celebração da memória

                                               

primeira edição de "el libro de los abrazos" é de junho, 1991.
eduardo galeano (1940-2015), uruguaio.
 tradução do eric nepomuceno.

são textos curtos sobre vivências do eu-personagem, tanto pelas américas, como pela europa e dentro de si.

no espeço à dedicatória, lemos :
 " Recordar:  Do latim re-cordis tornar a passar pelo coração. "

e o início é assim:

   O mundo

 Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou —. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.    [galeano, eduardo. livro dos abraços]

lembra estilo dos africanos mia couto e valter hugo mãe.

muitos textos tratam do tempo da ditadura militar na américa latina, do qual foi contemporâneo galeano. escreve sobre exilados, indígenas, torturas, arte, censura... outros textos relembram antepassados, aqueles mais antigos na luta pela liberdade e também alegorias do viver em estado de arte e estado de espera para mundo menos rude.

nessa linha, celebra a memória. celebra a necessidade de reconhecer nosso lugar, nossa história latina, deve ser por isso o "abraços", no título. e como são necessários.

vejam :