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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

fuvest 2017 - 2a fase





a avaliação de português, domingo, dia 8, priorizou entendimento de texto, coesão, literatura e figura de linguagem, basicamente.
foram 10 questões dissertativas. cada uma com dois itens, "a" e "b".

na parte de literatura, questões relativamente fáceis, principalmente a quem debruçou-se sobre os livros. aqueles que se atreveram a ficar nos resumos, não devem ter conseguido muito sucesso, principalmente nas questões envolvendo "sagarana" e "vidas secas".


a questão envolvendo "o cortiço" deu prioridade à teoria do movimento naturalista, ou seja, o "romance de tese" que, no limite, fazia crer ao leitor que o ser humano era fruto do meio em que vivia; era escravo dos instintos. o francês taine reuniu as variadas teorias do comportamento humano que ficaram conhecidas como "determinismo".


em "sagarana", o vestibulando era levado a explicar como era a relação entre matraga e joãozinho, além de destrinchar a intertextualidade presente na expressão "homem do jumento", atribuída a matraga, no final da história. 

no primeiro caso, simples: ambos se conheceram por acaso, e joãzinho reconheceu naquele homem do campo um parceiro, alguém que sabia atirar e poderia fazer parte do bando. o respeito cresce pois matraga recusa a oferta, preferindo a vida no sítio de quitéria e serapião. seria um ultraje ao jagunço joãozinho bem-bem, mas este reconhece a força de matraga e prefere partir.
o segundo ponto, sobre "homem do jumento", revela intertextualidade com o novo testamento, quando o mito cristão jesus entra em jerusalém montado num jumento. é o símbolo da salvação do povo do rala coco, uma vez que matraga mata aquele que ameaçava a população.

clique aqui para ver a prova de português, janeiro 2017

sempre é bom ler os livros, todo mundo sabe. das 10 questões, 4 trataram da literatura. é quase metade da avaliação. a segunda fase não permite vacilo, porque feita de modo dissertativo, ou seja, cabe ao vestibulando elaborar resposta coerente dentro do espaço dado. para isso, é necessário o treino com a escrita e a leitura feita completamente.





domingo, 2 de outubro de 2016

a hora e a vez de augusto matraga





“Eu sou pobre, pobre, pobre,
 vou-me embora, vou-me embora
......................................................

Eu sou rica, rica, rica, vou-me embora, daqui!...”
(Cantiga antiga)

“Sapo não pula por boniteza,
 mas porém por precisão.”

(Provérbio capiau) 


a hora e vez de augusto matraga recria uma verdadeira saga do homem na travessia por este mundo. matraga é, de um modo mais amplo, o homem no sentido universal. o conto é uma tragédia, digamos, bem à moda grega. apolo e dioniso estão em xeque. ia dizer "choque", desisti. xeque. sua trajetória recria a passagem evolutiva em busca do aprendizado do viver e da ascensão espiritual em plenitude. seu objetivo será ter sua hora e vez de entrar no céu, "mesmo que seja a porrete". é uma história de redenção e espiritualidade. depois da epifania, vem a vontade de matar novamente...
aliás, "epifânio" é nome de um dos jagunços de joãozinho.
atenção às referências bíblicas: o título do conto é uma fala do padre... e a cena próxima ao final é releitura do novo testamento, jesus e a mula etc.
"matraga" é o último texto do livro "sagarana". nele, neste conto, há uma miscelânea de praticamente todos os temas que temperaram os outros oito textos, como religiosidade, vingança, animais poderosos, amor. veja que o burrinho que salva francolim, no primeiro conto ("o burrinho pedrês") parece repetir a cena, agora, em "matraga", com uma função diferente: salvar para a morte. 




quarta-feira, 18 de maio de 2016

a consciência do mal




 “o mito de sísifo” é um capítulo dentro do livro que leva este mesmo nome, assinado por albert camus, em 1943. ele, escritor modernista, lavado de existencialismo. 
penso nesse texto porque falo e falarei sempre de “a hora e a vez de augusto matraga”, do rosa, nosso melhor escritor. o livro em questão é “sagarana“, de onde “a hora e a vez…” é um dos contos. “sagarana” é palavra composta, meio germânica, meio tupi. numa tradução livre, teríamos “à moda de histórias épicas“. são narrativas míticas. aventuras que provocam reflexão. longe da realidade, o homem se realiza mais, penso eu.
voltando ao camus. sísifo é elemento da mitologia grega que é condenado a carregar uma pedra até o cimo de um monte. ela, por ser o que é, rola para a planície. sísifo desce o morro e faz o caminho de subida novamente. até que a pedra role novamente. isso seria o mal. o castigo? o castigo em si ou a consciência do trabalho inútil?
em “a hora e a vez de augusto matraga” pode-se dizer que o mal é a vingança que, para nhô augusto, se fazia necessária. não vou resumir a história aqui, não é isso que importa, nesse espaço. a questão é expor a ideia do mal para que, sustentado por alguma verdade, se tenha domínio sobre o medo do mal. não sei o que é pior, juro: um ou outro. o que faz matraga sair à revelia da razão, montado num jumento, pode não ser loucura, mas medo dela. matraga é figura criada para resolver questões à bala. como se sabe, passa quase sete anos, mais ou menos, no sítio do casal quitéria e serapião, regenerado. supostamente. provocado por joãozinho bem-bem e por seu próprio medo de não recuperar mais identidade perdida, matraga sai do sítio e vai ao seu destino. é redenção. é felicidade. é o enfrentamento do mal.
em “o mito de sísifo“, camus expõe sua curiosidade. diz ele: “Sísifo vê então a pedra resvalar em poucos instantes para esse mundo inferior de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície. É durante esse regresso, esta pausa, que Sísifo me interessa. Um rosto que sofre tão perto das pedras já é, ele próprio, pedra! Vejo esse homem descer outra vez, com um andar pesado, mas igual, para o momento, cujo fim nunca conhecerá. (…) Em cada um desses instantes em que ele abandona os cumes e se enterra pouco a pouco nos covis dos deuses, Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte que o seu rochedo.
ter a consciência do mal não nos faz menos sofredores, mas é meio caminho para um enfrentamento. o mal não se resolve. um samba de vinícius vaticina: “tristeza não tem fim; felicidade sim”. 
se como muita gente apressada diz que o mal é o oposto do bem, então tudo é permitido. o mal seria um “bem invertido”. pausa para riso de escárnio. balela. se o bem é uma sensação de conforto, prazer, então temos um conceito abstrato para este bem. logo, se o mal for mesmo o oposto do bem, então ele não é uma ideia, uma abstração, sendo então possível encontrá-lo em um objeto, numa gaveta ou estampado em camisas. pois é. o mal sendo contrário do bem é raciocínio que interessa aos religiosos cristãos, nada mais. o mal como não-ser está presente desde antes de agostinho (séc V d.c.). se se pensa que o ser é o bem, então o mal é aquele nada. aquele que não é. difícil definir o não-ser sem apresentar contradição. à medida que se conceitua, se nomeia esse “não” então ele deixaria de ser o “não” para já ter alguma existência, mesmo que em conceito. mal é aquilo que acontece enquanto o prazer não vem. algo parecido com outro mito, o de tântalo. ele, castigado também, está numa região natural e, ao buscar água, esta se distancia; ao erguer-se para colher frutos, estes se erguem, em seus galhos, impedindo a tântalo de os alcançar. querer, desejar, é infinito. alcançar o equilíbrio da pedra no alto do morro já é sonhar demais….