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sábado, 19 de dezembro de 2020

escola que anima e acolhe: sugestões ao planejamento


                 

desenho acima é de jean-marc coutê, 1899. 

ele responde pergunta curiosa: como seria a escola em 2000?  

então, fez este desenho. será que errou? não, claro. 

sempre trabalhei na rede particular de ensino, desde 1986, com carteira assinada. antes disso, entre 1982 e 83, fui assistente de professores de redação no cursinho pré-vestibular, no colégio em que terminei o ensino médio, ribeirão preto, s paulo. o início foi aí. 

um de meus professores foi o escritor luiz puntel. com ele comecei essa história de compartilhar algum conhecimento e acolher quem tinha dificuldade.

daí, penso em uma escola que pudesse ser mais acolhedora. 

entre os anos 1950 e 70, muita discussão sobre psicologia e aprendizado, pelo planeta. no período, com destaque mundial, está paulo freire. contudo, tanto a rede pública, como a privada, desde a ditadura militar, resolveram seguir caminho conservador-tradicional, para o educar: punição, reprovação, medo, autoritarismo disfarçado de disciplina etc etc. são raras as instituições que dão protagonsimo ao estudante. 

penso em escola que pudesse mais acolher que separar.

há muitas que promovem ações bem legais como feira de ciência, de arte, show de talentos, teatro, palestras com especialistas, debates entre estudantes de séries diferentes, sarau, gincana etc.

contudo, 99% dessas ações quando acontecem, estão fora da sala de aula. fora do horário das aulas... às vezes, à noite ou num sábado, trazendo ao evento um caráter de espetáculo com hora para começar e terminar. e a vida segue em seu enfadonho cotidiano com as regras de acentuação, as leis de newton ou os antecedentes da primeira guerra mundial. 

de novo: nada contra esses assuntos que dão conteúdo às aulas, só acredito que eles não devem ser a única razão de existir de uma escola. 

o que poderia acontecer, então, para oxigenar boa parte da rotina escolar, hoje?

0. enquanto professor(a), converse com direção e coordenação sobre postura em sala: necessidade de aula dinâmica, interagindo com estudantes, evitando censurar -- de início -- qualquer conversa paralela e evitando posturas negativas quanto a uso de celular, por exemplo. a ideia é mostrar que você sabe o que irá fazer.

1. sugerir, no planejamento, atividades interdisciplinares: estudos do meio pelo bairro (geografia, ciências, história etc), gincana, sarau, feira de ciência, de livro, de arte, café filosófico, campanhas solidárias, prática esportiva e por aí vai -- tudo acontecendo no horário das aulas pelo simples fato de serem atividades educativas

2. professores engajados nos projetos de todos -- podendo, inclusive, considerar como sua uma atividade avaliativa feita com outos professores, compondo, por exemplo, uma nota de "atividade" -- se bem que nem precisaria valer nota, mas na rede privada geralmente é dando que se recebe

3. após atividades, combinar espaço para que haja discussão do que foi feito, necessariamente com alunos, óbvio

4. exemplo básico: história de sua cidade. estudantes são levados a pesquisar xis nomes de ruas e avenidas principais. o que significam? por que estes nomes? conhecem história da formação da cidade? quando foi? quem participou? 

4a. os alunos, alunas, podem fazer vídeo ou postagem na rede social da escola -- ou qualquer outro meio de comunicação -- revelando o que descobriram, envolvendo comunidade etc

5. outro exemplo básico: música. estudantes são levados a formar um coral ou uma banda e criar uma canção sobre a cidade citando seus pontos históricos ou turísticos. de novo, divulgam nas redes de comunicação disponíveis.

6. mais um exemplo: importância das árvores, na cidade. que tipo é mais comum de se encontrar? quem decide qual plantar? quem habita esses galhos, folhas e frutos?

6a. vale fazer poesia, vale mostrar aos estudantes a importância da árvore, o que é mata atlântica, pantanal, amazônia, cerrado... dá-lhe pesquisa em grupo, criação de publicação em meios digitais, interação com alunos de séries diferentes, palestra de estudantes do ensino médio para alunos do fundamental, tudo sempre dinâmico e tornando estudantes mais independentes

7. interagir, em sala, com o grupo, o tempo todo. conversar, chamar, acostumar com os nomes das pessoas. no meio disso, a aula. alunos se acostumam, então, à importância deles no processo. sobra quase nenhum tempo pra dispersão, sono, usar aparelho telefone etc. aula boa não precisa ser censora de nada.

7a. para muitos professores, o que funciona é o silêncio total,  só a voz do mestre ecoando, como se o processo de educar fosse mesmo o tal jesuítico do brasil colônia. silêncio e subserviência. bobagem. nunca deu certo. até em "memórias de um sgto de milícias" (almeida, séc 19) isso já era satirizado. leia "conto de escola", machado, no mesmo século 19, expondo o horror da sala de aula da época... veja que praticamente só mudou a ferramenta de espancar aluno.

7b. olhar no olho, gastar menos tempo com lousa (professor fica de costas para a sala muito tempo, não é bom). se o estudante se acostuma com a interação todos os dias, ele consegue sim, num determinao momento do ano, suportar uma aula expositiva um pouco mais longa, quando necessário

7c. há professores inseguros que se escondem atrás de algum autoritarismo para suportar os minutos, dentro da sala. pior: coordenações e direção aprovam e potencializam essas posturas duras, proibindo celular, proibindo conversar com colegas, delimitando espaço de circulação e interagindo com alunos apenas no momento de cobrar peça do uniforme faltando. um horror. 

7d. cabe às coordenações incentivar postura dinâmica de seus professores. e, hoje, século 21, parar com essa de prender celular de aluno, obrigá-lo a deixar o aparelho na lousa ou simplesmente tomar o objeto dele, devolvendo na saída. é violência isso. o que deve mudar é a aula. o celular é o relógio do aluno. o celular é a calculadora, o meio de comunicação. e, por fim, o aparelho é dele, não da escola. melhore a aula e terá estudantes mais participativos. de repente, até aprendendo.

7d. a condição para uma aprendizado razoável é a interação constante. nada de sermão sobre comportamento ou ameçar classe com um futuro de desgraças se eles continuarem dispersos. interaja com seu público. cria cumplicidade, facilita a vida de todos. há exceções, claro: estudantes depressivos, com determinada síndrome, traumas etc. entendo. dilemas que precisam ajuda mais técnica do departamento pedagógico, psicológico. isso é a exceção. a regra: melhore sua aula. não sabe? pergunte. fale com assessoria pedagógica, fale com a coordenação, divida angústia com colegas, procure um plano de trabalho. agora, se essa gente (coordenação / direção) é conservadora e autoritária, volte ao item zero desta lista. ou chore.

7. escolher leituras -- ficção ou não -- para que sejam discutidas em aula. preferencialmente por mais de um professor. vale obra de caráter científico, poesia, romance, história... importante é o estudante perceber que mais de uma matéria está engajada na cobrança da leiutra e não só  professor(a) de português

8a. faço sugestão sim: no link abaixo há um e-book com lista de livros, tarefas e para qual série é recomendado --  não perca!

literatura para salvar o mundo  - clica

entendeu agora por que há quem deteste paulo freire?...



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

atividade interdisciplinar: oxigênio para escola




tenho pensado e tratado da questão da interdisciplinaridade há tempos.
já trabalhei com teatro estudantil, gincana virtual, fotografia, estudos do meio, sarau, música, vídeo, café filosófico, cinema, o diabo. quase sempre sozinho. no limite, com mais um professor. muitas das vezes, o trabalho era visto como um espetáculo, ou seja, um evento. um acontecimento que, na melhor das hipóteses, poderia se repetir, mas no outro ano.

já sofri um tanto com isso. hoje, só lamento não poder ter feito mais, agregado mais, ajudado mais nesse campo de atividades interdisciplinares.
necessário é que haja elemento catalisador de ações. um espaço de encontro de áreas ativas, na escola. um fórum, mesmo que virtual, via digital, para troca de ideias e possíveis ações ligadas a determinado tema, desde função da arte, produção de documentários, saúde mental, pesquisa sobre profissões ou moda através do século vinte. qualquer coisa.

essas atividades tiram as paredes que dividem salas de aula. deveria ser simples. 
não é porque poucas ações existem, nesse campo que, no limite, facilita o trabalho de professores porque há muitas mãos trabalhando. mãos e mentes, se permitem redundância.
numa reunião breve, objetiva, a pauta poderia ser:

1. o que fazer
2. como fazer
3. como avaliar


exemplo:

turmas de oitavo e nonos anos.
tema : "o que esperar do futuro"

1. organizar alunos em grupos de três a cinco integrantes; sugerir que organizem uma série de três perguntas envolvendo o tema
2. esses grupos podem ir à rua; podem entrevistar alunos e professores do ensino médio; podem buscar conferência em vídeo e conectarem-se a escolas de outras cidades para realizar a pesquisa etc etc...
3. a avaliação precisa ser decidida com o grupo de professores e coordenação: notas envolvendo conceitos de "a" a "d" ... ou de "a" até "e". a grade poderia ser algo como: tarefa cumprida totalmente (a); tarefa cumprida parcialmente (b); tarefa cumprida mas com falhas na estrutura etc (c) e por aí vai.

no ensino médio, com segunda série, fiz trabalho similar junto à área de matemática.


vejam como ficou :




visitar museu sempre é bom! mesmo que virtualmente, por aqui.





segunda-feira, 17 de outubro de 2016

escola precisa ser inclusiva




venho repetindo, junto com poucas pessoas, que um dos males da escola é a falta de interdisciplinaridade. o método linha-de-montagem que escolas -- principalmente as privadas -- adotam é desumano. é o tal fordismo na educação, imperando, aqui, há mais de 70 anos.
concordo com o vídeo da organização "humana.org". querer analisar o grau de inteligência de um peixe por sua capacidade em subir pelas árvores é bizarro. se um médico receitar o mesmo remédio para todos seus pacientes com dor de cabeça, por exemplo, vai ser tragédia. é com esses e outros exemplos que o vídeo trabalha. um julgamento à escola. lamentavelmente, parece que ela é sempre a única culpada pelo descaso com aprendizado, em muitos locais do mundo. e a gente sabe que não é a única responsável. mas voltando ao vídeo: discutir avaliação e finalidade da escola é uma urgência. de novo: principalmente na rede privada, um tiquinho ainda atrás da rede pública no quesito lidar com projetos. mas a vantagem da rede particular é que ela pode realizar mudanças num espaço de tempo menor do que toda uma rede, dentro de um país.
não vou me estender. o filme (curto, já aviso) fala por si.