numa certa altura do sermão da sexagésima, pe. vieira ilumina :
"se o lavrador semeara primeiro trigo, e sobre o trigo semeara centeio, e
sobre o centeio semeara milho grosso e miúdo, e sobre o milho semeara cevada,
que havia de nascer? uma mata brava, uma confusão verde". é o século 17, só pra constar.
em toda escola que se quer consistente, há
conselhos, reuniões, balanço geral pedagógico sobre o que cada área fez, quais
resultados esperados, como foram os pesos das provas e se alguma área arriscou
métodos diferentes de avaliação, além do famoso lápis com papel.
todos temos o que dizer a respeito de rendimento e objetivos a se
alcançar, quando saímos de uma sala de aula... há de haver reuniões, há de haver balanço. e autoavaliação.
claro está que a escola precisa também olhar para a rua e fomentar, em sala de aula, questões a respeito do óbvio: racismo, moradia, orientação sexual, violência contra mulher, necessidades da comunidade em que ela -- a escola -- se insere, arte para salvar o mundo, soluções para a fome, importância da leitura, ciência para melhorar o presente etc.
e o aluno também deve se perguntar: eu aprendi?
consegui produzir algo além daquilo a que fui levado a fazer, em dias de
avaliação? participei das aulas?
quando se busca excelência em uma instituição educativa, necessário é a transparência do projeto da escola, quer seja ele
apenas trampolim para vestibular, quer seja o da formação intelectual desde a
alfabetização. quando há muito discurso diferente sobre educar, dentro da instituição, só nasce mata brava. confusão.
pois é será que 2020 será melhor? existe uma chance. só uma a escola quem está dentro de uma, aluno, professor, coordenador, funcionário administrativo ou direção deve arregaçar as mangas e procurar o que fazer para melhorar a vida de humanos o que fazer como minha área de atuação em escolas sempre foi a literatura, vão algumas dicas, de repente servem de inspiração
exemplo
"iracema" - alencar séries sugeridas - 9o. ano (fund 2) a 2a série (e médio)
o que pode ser trabalhado relação do brasileiro com índios; natureza a se preservar; fábula; uso indevido de drogas; anagrama - em grupo, alunos debatem sobre os temas acima ou outros que o(a) professor(a) indicar * licor verde e a ingestão de algo para ajudar a suportar realidade: o que é droga? * brasil respeita território e cultura dos índios? * fábula: animais falam nome da índia ... qual ideal de beleza da floresta é transmitido? * religião dos índios é soterrada pela cristandade, ao final do livro ... e na atualidade? como é a relação do brasileiro com as religiões vindas da áfrica ou mesmo a tradição indígena? * "iracema" é anagrama de "américa" ... a mensagem do livro é de crítica à colonização? - o intuito é provocar discussão sobre as relações que se estabelecem entre pessoas - claro que o educador, a educadora, pode perguntar sobre as características do romantismo ou o significado do nome "martim", diminutivo sonoro de marte etc etc ... mas nossa proposta principal é a da civilidade, do exercício de humanidade
de repente, com atividades envolvendo empatia, descoberta do outro ou reconhecimento da diversidade, poderemos ver, num futuro, pessoas que busquem a verdade, o respeito, não creiam em sandices como terra plana ou campanhas contra vacina, que queiram a união e não se sintam sozinhas diante de injustiças.
narrado em primeira
pessoa, luís da silva relata sua vida, em alagoas, como funcionário de
repartição pública e de um jornal, ligado ao governo do estado, onde faz
crítica literária, em maceió. século 20. década de 30.
muitos crimes
depois da revolução de 30. valeria a pena escrever isto? impossível, porque eu
trabalhava em jornal do governo.
órfão do pai -- camilo -- luís se mostra, na
vida adulta, muito rejeitado. solitário profissional. seus companheiros são moisés e pimentel.
vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos
(...) dão-me um ofício, um relatório, para datilografar, na repartição. até dez
linhas vou bem. daí em diante a cara balofa do julião tavares aparece em cima
do original, e os meus dedos encontram no teclado uma resistência mole de carne
gorda. (...)
em duas horas escrevo uma palavra: marina. depois,
aproveitando as letras desse nome, arranjo coisas absurdas: “ar”, “mar”,
“rima”, “ira”, “amar”. uns vinte
nomes.(...) o artigo que me pediram afasta-se do papel. é verdade que tenho cigarro e tenho
o álcool, mas quando bebo demais ou fumo demais, a minha tristeza cresce. tristeza e raiva. “ar”, “mar”, “ria”, “arma”, “ira”. passatempo estúpido.
trinta e cinco anos de
idade, luís se ressente da vida que leva, recebendo ordens para escrever
artigos, ora datilografando relatórios, sempre de cabeça baixa.
numa tarde, durante a
leitura de um romance, divisou a vizinha, unhas pintadas.
eu estava debaixo da mangueira, de onde via através da
cerca baixa o banheiro da casa vizinha, paredes pegadas com o meu, algumas
roseiras, algumas roseiras e um vulto que se mexia (...) era uma sujeitinha
vermelhaça, de olhos azuis e cabelos tão amarelos que pareciam oxigenados. não
havia nada interessante nela. devia ser moradora nova. cabelos pegando fogo e a
cara pintada. lambisgóia, falei comigo mesmo. depois notei que ela me
observava. encabulei. sou tímido. sei que sou feio. olhos, braços e boca muito
grande, além de um nariz grosso. (...)
a tal moça vermelha
era marina
naturalmente gastei meses construindo esta marina que vive dentro de mim, que é diferente da outra, mas se confunde com
ela. antes de eu conhecer a mocinha dos cabelos de fogo, ela me parecia
dividida numa grande quantidade de pedaços de mulher, e às vezes os pedaços não
se combinavam bem, davam-me a impressão de que a vizinha estava desconjuntada.
Agora mesmo temo deixar aqui uma sucessão de peças e de qualidades: nádegas,
coxas, olhos, braços, inquietação, vivacidade, amor ao luxo, quentura,
admiração a d. mercedes. (...) além disso ela era meiga, muito limpa. (...) passava uma hora no banheiro, e a roupa branca que vestia cheirava. (...)
á memória de luís,
conforme o relato caminha, aparecem tanto a figura do pai, camilo pereira da silva, como a de josé baía, contador de histórias de onça, além de outras
passagens do tempo de menino, como assistir ao trato com o gado, por mestre amaro ou lembrar o dia em que uma cobra se enrodilhou no pescoço do velho trajano.
o tempo passa e o
narrador percebe que seria patética uma disputa com tavares, mais rico, mais
poderoso. além do mais, marina estava pendendo para o lado do sujeito, roupas
bem cortadas, indo a passeios, teatro e cinema.
do seu próprio banheiro,
tempos mais tarde, percebe que a moça cuspia no chão e a voz de d. amélia, preocupada:
ela estava grávida e tavares não aparecia mais como antes... possuído de raiva
pensa em matar julião.
se marina voltasse... por que não? se voltasse
inteiramente esquecida de julião tavares, seríamos felizes. Absurdo pretender
que uma pessoa passe a vida com olhos fechados e vá abri-los exatamente na hora
em que aparecemos diante dela.
compõem o dia-a-dia de luís, a figura de ivo, homem simplório, às vezes bêbado; antônia, moça que vive
procurando homem; rosália e seus gemidos ouvidos de seu quarto, quando chega o
marido que ele nunca vira; as histórias repetidas de seu ramalho, como a do
moleque, retalhado à faca por ter deflorado uma moça; além do café onde, quase
sempre, esbarra no próprio ex-amante de marina.
medo da opinião pública? não existe opinião pública. o leitor de jornais admite uma chusma de opiniões desencontradas, assevera isto,
assevera aquilo, atrapalha-se e não sabe para que banda vai. (...) penso no
tempo em que os homens não liam jornais. penso em filipe benigno, que tinha um
certo número de ideias bastante seguras, no velho trajano, que tinha ideias
muito reduzidas, em mestre domingos, que era privado de ideias e vivia feliz. e lamento essa balbúrdia, essa torre de babel em que se atarantam os frequentadores
do café. quero bradar:
— eles escrevem assim porque receberam ordem
para escreverem assim. depois escreverão de outra forma. é tapeação, é safadeza
sem muito esforço, descobre que tavares estava tendo
um caso com uma moça que trabalhava numa loja de miudezas. pela madrugada,
seguiu-o até a casa, nas cercanias da cidade. esperou que saísse e o atacou com
uma corda, sufocando-o. influenciado pela visão do velho evaristo, enforcado, luís tenta transformar o crime em suicídio e procura pendurar o corpo na árvore,
mas acaba se machucando nas mãos e rasgando parte da roupa. desiste, quase
esquece o chapéu, tenciona voltar, mas acaba mesmo no rumo de casa. lá, mal
descansa, fica assustado.
falta ao trabalho no dia seguinte, assusta-se com um
pedinte, à porta, acreditando ser a polícia. cai de cama, com delírios, vendo
fatos passados, misturados, vagando por sua mente.
a narrativa inicia-se cerca de trinta dias após o narrador recuperar-se do
assassinato de tavares, e dura praticamente um ano — no tempo da narrativa,
apesar de prevalecer o tempo psicológico. luís vive num cenário por onde
passeiam prostitutas, velhacos, aproveitadores, pobres de espírito, enfim, um beco
sem saídas. vez por outra, surgem imagens de afogamentos, pesadelos com figuras
enforcadas ou a cobra enrolada no pescoço de trajano. quanto ao tempo,
confundem-se o psicológico e o cronológico. misturam-se. da primeira à última
página, dura o romance cerca de um ano. este é o tempo que cobre desde o
conhecimento de marina até a morte de julião. contudo sobram memória,
reminiscência e dor. referências à infância, o momento presente é evocado com a
tensão que os comunistas sofreram, na era vargas. a auto-estima baixa do
narrador traz à tona cenas da vida na época da adolescência, no campo, sua
relação curta e “inaugural” com berta, as imagens da fazenda, na época do avô e
a escola do antônio justino. pois bem, em meio ao dia-a-dia sofrido, cujo ponto
principal de dor é o rompimento com Marina, pululam imagens do passado, desde o
homem enforcado, o pai morto ou a tal cobra no pescoço do avô trajano. há quem
diga que a dor de luís mora na sua extrema carga de realidade que suporta na
frente dos olhos, mas isso é conversa de psicanalista
repare num trecho -- registrado acima -- quando luís se refere à imprensa: muita gente é enganada, acaba acreditando na realidade que lhes entregam... é tapeação, diz luis... imprensa é paga (comprada) para favorecer coronéis, acobertar crimes
a técnica do monólogo interior,é, aqui, motivo de comoção junto ao leitor. a alternância do uso do tempo, em planos diferentes, dá ao texto uma intensidade
e carga emotiva que poucos neste século XX conseguiram... talvez lúcio cardoso,
talvez clarice... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Estou plenamente convencido de que a cola tanto aumenta
quanto maior é o descrédito do aluno pela prova. A cola justamente contesta o
sistema de avaliação de provas, sobre o qual debruça-se grande parte de nosso
ensino. A prova é uma avaliação das capacidades individuais do aluno entregue
aos seus próprios conhecimentos. A cola perverte essa avaliação, suprindo o
aluno por outras fontes.
O aluno já sabe que a carreira de
engenheiro é imensamente diferente de uma prova, daí seu ceticismo. Um problema
real não possui nem sequer a sombra de semelhança com uma avaliação de
faculdade. O engenheiro trabalha em equipe, possui a sua disposição consulta a
literatura, estará livre para pensar em várias soluções, e sempre haverá
revisões de seu trabalho final. Sua ferramenta é a capacidade de análise, não a
memória. Em contrapartida, o ambiente de uma prova é artificial: Ser cobrado em
duas horas a fazer manipulações complexas e específicas de matérias extensas,
enclausurado e incomunicável preso numa carteira nem sempre confortável sob a
vigilância de alguém pronto a suspeitar de seus menores movimentos. E a
correção posterior não é mais justa, pressupõe a pergunta: “O aluno teve
capacidade de guardar (não importa se decorado e memorizado ou aprendido e
assimilado) a resolução destes n exercícios dos quais uma fração nem sempre
amostral lhe será cobrada totalizando um índice de desempenho de 0 a 10?”.
Essa contestação vem desde o estudo.
“Estudar para a prova” é uma grande elucubração, verdadeiramente forçar nos
dias que antecedem o teste conhecimento no cérebro para demonstrá-lo na prova.
Depois, se algo não for esquecido, tanto maior o lucro. E a isto se chama
aprendizado. Verdadeiramente uma osmose reversa, usa-se uma pressão artificial
e mecânica para fazer algum conhecimento penetrar na mente quando o contrário é
o natural. Se permitem uma experiência minha, não me lembro de haver aprendido
menos nas matérias sem prova (cuja avaliação era feita pela presença e
trabalhos, com eventualmente alguma breve provinha) do que nas exaustivas
sessões de esgotamento e desestímulo que antecediam a grandes provas de
disciplinas pesadíssimas. (...)
http://www.hottopos.com/regeq9/andre.htm
texto 2
COLA NA ESCOLA
Em março de 2006, um grupo de estudantes
daMount Saint Vincent Universityem
Bedford, Nova Scotia, Canadá, convenceram a reitoria da instituição a proibir
que os professores usem qualquerauxílio informatizado anti-plágio. O
pretexto da solicitação dos alunos? Para o líder do diretório acadêmico daMount San Vincent, o esforço dos
docentes em desvendar casos de trabalhos copiados de outros textos disponíveis
na rede mundial de computadores “cria na universidade uma cultura da
desconfiança”.
Na Bósnia, os alunos da Universidade de
Banja Luka protestaram, em fevereiro de 2006, contra a decisão da direção da
faculdade de Economia de instalar câmeras de segurança nas salas de aula no
intuito de vigiar os alunos durante a realização das provas. A justificativa
dos líderes do protesto? Para eles, “colar nas provas é parte da mentalidade
dos Bálcãs e seriam necessários muitos anos para que os alunos mudassem de
atitude.”
Aqui no Brasil, Vicente Martins, professor
da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Ceará, declarou na
edição da Revista Espaço Acadêmico de junho de 2004, que vê “a cola como
liberdade de aprender, (…)não como fraude ou ato clandestino do aluno, mas como
manifestação ou recurso de liberdade de aprender do aluno e estratégia de recuperação
dos alunos de baixo rendimento”. Para ele, a cola é uma solução para o baixo
rendimento escolar dos alunos e para os altos índices de reprovação; em sua
questionável visão de educação, Martins vê no “procedimento da cola um
instrumento para assegurar, na verificação do rendimento escolar, um princípio
de ensino como preconiza a Constituição Federal, no seu inciso II, do artigo
206, que enumera, entre os princípios de ensino, a liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. Em sua defesa da
cola como expressão da indignação dos alunos diante de um sistema escolar
opressor, “o poder reconhecido aos alunos, pelos estabelecimentos de ensino, de
só aprenderem aquilo que quiserem e como quiserem”, Martins esboça um pequeno
código de direitos doscolantes, abaixo reproduzido em sua
totalidade:
A partir das leituras que fez aqui e em seu
próprio conhecimento,
redija um texto argumentativo com o tema :
“ Por que colar ? ”
Lembre-se: todo texto argumentativo-dissertativo deve
conter uma tese, a introdução, os argumentos e uma conclusão.
Não use 1ª pessoa.
Não esquecer título. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . comentário post anterior #8 sugestões para um texto argumentativo a partir da proposta abaixo [ use suas palavras e construa seu texto, em 30 linhas ] tese (sua opinião sobre a proposta): ócio é necessário / ócio contribui com a criatividade
- foi tratado como inação, como vadiagem, pois desde a colonização, nativos e escravos vindos de áfrica foram obrigados a construir o país com as mãos - conceito de trabalho, para nobreza de elite, até hoje, passa pelo movimento, passa pelo suor - o trabalho intelectual acaba entrando nesse conceito ... em "vidas secas" o próprio fabiano criticava o patrão tomás por "estragar os olhos" em cima dos livros conclusão: - ócio é necessário porque permite diálogo consigo próprio / permite criatividade
sim, sim, continuo indicando alguns temas para produção de texto, neste próximo vestibular, enem, 2016.
como se sabe, a prova tem priorizado, até agora, o gênero argumentativo.
basicamente, algo assim:
introdução - - nela, apresenta-se o assunto e a tese aparece. a sua tese, sua ideia a respeito da proposta. desenvolvimento - - - surgem os argumentos que defendem a tese. pelo menos dois. proposta de solução ao problema - - o vestibulando deve ser objetivo na abordagem do problema que mora na proposta, sempre respeitando direitos humanos conclusão - - - reforçar a tese. a sua tese.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
alguns temas para você estudar e produzir
1. mobilidade urbana 2. função da arte 3. corrupção 4. esporte vs. educação física, na escola 5. economia compartilhada (uber, airbnb etc) 6. maioridade penal 7. questão de gênero / sexualidade 8. zoológico ou parque (reservas ambientais) 9. desperdício de alimentos bom estudo! boa prova!