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sexta-feira, 29 de março de 2024

lembrar para não repetir - 31 de março

 

                                                                    arte : caio gomez

o golpe militar, no brasil, aconteceu em 1964. faz tempo... deposto presidente joão goulart, em primeiro de abril tínhamos novo presidente, agora general. começou um período horripilante em nossa história, com tortura, mortes, censura e o fim do voto direto à presidência, dentre outras privações. a coisa toda durou mais de vinte anos e ainda ecoa. é importante relembrar. é importante tratar do assunto sim, principalmente, na escola. indico os filmes "pra frente brasil" (1983) e "zuzu angel" (2006), para ficar em dois, retratam com maestria o período. agora, há um outro, mais poético – se  cabe poesia aqui – é "o ano em que meus pais saíram de férias" (2006), de cao hamburger, cuja narrativa se passa no primeiro semestre de 1970, já no governo médici. parte das filmagens se deu em campinas, são paulo. é o último filme de paulo autran. nele, o jovem mauro, uns oito anos, espera os pais voltarem, foragidos que estão em função da ditadura. duas imensas expectativas se apoderam do garoto: a volta dos pais e poder assistir, pela primeira vez, a seleção masculina de futebol, na copa do mundo, pela televisão. lembrar pelé, tostão, rivellino e companhia, necessariamente, é saudar também outros heróis, anônimos ou não, que morreram ou foram torturados em nome da liberdade civil.

domingo, 26 de novembro de 2023

é simples melhorar a vida da gente

 


[ dahmer ]

violência contra mulher, racismo, discurso de ódio, homofobia, terraplanismo, enfim, o que pode haver de pior numa sociedade, está espalhado por aí. e já estamos no fim de 2023. piora quando nos voltamos para a natureza. desmatamento, poluição, uso pífio de energia solar, nada de ferrovias novas para diminuir fluxo de caminhões etc etc...

uma saída, no curto prazo para esse caos, existe: eleições.

para legislativo, apoiar grupos políticos cujas pautas sejam pela saúde, o valor à educação, direitos trabalhistas, a natureza preservada e não à violência. por legislativo, entenda-se: deputados estaduais, federais e senado, além, claro de vereadores. parece simples. e é.
quando se lê pelo país a expressão "voto consciente", pode-se prerguntar: consicente de quê? pois bem, consicente da responsabilidade desse gesto, elegendo gestores para o brasil que é pobre. votar em figuras comprometidas com o óbvio: a lista que você leu acima: natureza, saúde, educação etc. 

a questão não é a figura individual de cada político (no legislativo), mas sim a qual partido pertence a candidatura. olhem, se o partido tem um hitórico de defesa de direitos humanos, qualquer candidato(a) vai seguir o que o partido ditar. 
pesquise, em sua cidade, seu estado, quais partidos (siglas) defendem causas que destacamos acima... anote a sigla (dois números) do partido, guarde. na eleição, procure saber de candidatos e candidatas que pertençam a tal partido e os apoie. vote. participe. só a população muda.



sábado, 26 de junho de 2021

cidade de deus é narrativa impactante e pai de bacurau

 


filme de fernando meirelles -- baseado no livro de paulo lins, "
cidade de deus" (2002) --, é obra impactante também em função do modo como se resolve contar a história, através de dois narradores: terceira pessoa e o personagem buscapé.

a trama toda acontece entre as décadas de mil novencentos e sessenta até o final da década de setenta e inícios da seguinte, num rio de janeiro do subúrbio. 
cidade de deus é complexo habitacional, no rio de janeiro, criado para abrigar quem sofria com as enchentes, mas também resolvia, de modo cruel, a questão do inchaço do grande centro.

buscapé e zé pequeno (dadinho) sempre se esbarraram em cidade de deus. ironicamente, um precisou do outro para maior reconhecimento público, via fotografia.
mais triste que violento, filme usa de cenas com tomadas em plano infinito, mostrando muitas pessoas, dando um caráter turbulento às cenas o que combina com a personalidade do perssonagem zé pequeno. com direção impecável, o filme mostra a comunidade à mercê dos grupos rivais que ascendem ao poder, no local, pela violência.

mané galinha (seu jorge) é um exemplo típico do determinismo social, uma vez que sai de um trabalho e pula para vida de criminoso no tráfico, por ser vítima da crueldade de zé pequeno, consequentemente, do tráfico.
gosto do filme porque não se presta a dividir o mundo entre "bem" e "mal", bandido e mocinho ou propor uma nesga de esperança dentro do enredo, isolando algum personagem mais simpático ou menos malvado. pelas personalidades dos personagens e suas origens sociais, filme de meirelles se aproxima de "bacurau" (dornelles/mendonça). em ambos existe a visão da exploração vertical da elite branca sobre pardos e pretos de subúrbio. a fotgrafia, inclusive, está presente em ambos: nas mãos e olhares de buscapé e, no caso de "bacurau", nas paredes do museu, no desfecho da trama.

o caráter documental da história de "cidade de deus", além da movimentação de câmera e a violência dão o tom dinâmico ao filme que, parcialmente narrado por buscapé quase o deixa lírico, mas sei que pode ser exagero.

. . . . . . . . . . . . .  .  .   .   .   .   .   .   .   .

NOTAS - -

Recebeu 4 indicações ao Oscar, nas categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia.
- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, categoria de Melhor Filme Estrangeiro.


- Ganhou o BAFTA de Melhor Edição, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
- Recebeu uma indicação ao Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

- Ganhou 9 prêmios no Festival de Havana, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (dividido entre Matheus Nachtergaele, Seu Jorge, Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Philippe Haagensen, Johnathan Haagensen e Douglas Silva), Prêmio da Universidade de Havana, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Prêmio FIPRESCI, Prêmio OCIC, Prêmio da Associação de Imprensa Cubana e Prêmio Grand Coral.
- Ganhou 6 prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Fotografia. Recebeu ainda outras 10 indicações, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Leandro Firmino da Hora), Melhor Atriz (Roberta Rodrigues), Melhor Ator Coadjuvante (Douglas Silva e Jonathan Haagensen), Melhor Atriz Coadjuvante (Alice Braga e Graziella Moretto), Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte.

- Grande parte do elenco de Cidade de Deus foi escolhido entre garotos que vivem em diversas comunidades e favelas do Rio de Janeiro e que não tinham tido até aquele momento nenhum contato com a arte de atuar. Para fazer esta seleção foram realizadas mais de 2000 entrevistas.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

pergunta-se neste problema qual é maior, se o bem perdido na posse ou o que se perde antes de lograr... -- gregório de matos

 

PERGUNTA-SE NESTE PROBLEMA, QUAL É MAIOR, SE O BEM PERDIDO NA POSSE OU O QUE SE PERDE ANTES DE SE LOGRAR? DEFENDE O BEM JÁ POSSUÍDO

Quem perde o bem que teve possuído, 
A morte não dilate ao banimento, 
Que esta dor, esta mágoa, este tormento 
Não pode ter tormento parecido. 

Quem perde o bem logrado, tem perdido
O discurso, a razão, o entendimento: 
Porque caber não pode em pensamento
 esperança de ser restituído 

Quanto fosse a esperança alento à vida,
Té nas faltas do bem seria engano 
O presumir melhoras desta  sorte. 

Porque onde falta o bem, é homicida 
A memória, que atalha o próprio dano, 
O refúgio, que priva a mesma morte. 

GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA [ séc 17 ]

. . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .    .

nota  -     "atalha": diminui; encurta
                "lograr":  obter; alcançar
            

o título pergunta o que seria maior: o bem vivido e perdido ou aquilo que se perde sem ter havido a chance de alcançar. pois lá mesmo, o poeta defende que o problema maior é perder o que se viveu.
na primeira estrofe, enfatiza o poeta que não pode haver tormento parecido com uma perda dessas.

soneto que tematiza a perda de um bem, possivelmente um amor. o eu lírico reforça ideia de que quem o perde não consegue reavê-lo

a memória diminuiria o problema, uma vez que resgataria o bem, via pensamento


sexta-feira, 9 de abril de 2021

ficar em casa precisa ser sinal de amor e inteligência

 

governo federal ainda não tem um plano de vacinação em massa pra chamar de seu.
quem tem atuado são governadores e prefeituras. além do sus, claro.
as mortes continuam a galope, mesmo com mais de 22 milhões de vacinados, hoje, meio de abril.
o mapa do país é verdadeiro arco-íris, onde se alternam fases vermelhas, roxas, amarelas e por aí vai, uma vez que cada estado buscou seus meios de conter pandemia e vacinar seus habitantes. 
sempre é bom lembrar que o governo federal recusou-se a comprar vacinas no final do ano de 2020 por puro capricho do presidente. simples assim. hoje, a tragédia só aumenta.
também há quem não dê a mínima pra isso e continua transitando, distribuindo vírus pelo mundo. 
o que está faltando, afinal? é informação? o que é que está faltando?
olhem, muita gente que pode ficar em casa insiste em sair todos os dias, até andar sem máscara ... é revoltante!

quem votou nessa tragédia, lá em 2018, não deve estar conseguindo dormir e isso é o mínimo que espero pra essa gente que sabia sim o que estava fazendo. era para castigar pretos, pobres, comunidade lgbt, mulheres e tudo em nome da família e do tal deus. por quê? porque brasileiro de elite -- e os que pensam que são -- odeiam dividir espaço com outras classes sociais. são egoístas, individulaistas, ignorantes mesmo. houve brasileiro que também aplaudia donald trump, hoje está meio murcho,  esperando a banda passar e dizendo que tudo que está aí é culpa do vírus. antes fosse.
minha saúde mental que há alguns anos é quase terreno baldio só se mantém viva porque há minha companheira, terapias e remédio...  uma vez que  muito do entorno só me deixa submerso na tristeza.

domingo, 17 de janeiro de 2021

livro dos abraços é celebração da memória

                                               

primeira edição de "el libro de los abrazos" é de junho, 1991.
eduardo galeano (1940-2015), uruguaio.
 tradução do eric nepomuceno.

são textos curtos sobre vivências do eu-personagem, tanto pelas américas, como pela europa e dentro de si.

no espeço à dedicatória, lemos :
 " Recordar:  Do latim re-cordis tornar a passar pelo coração. "

e o início é assim:

   O mundo

 Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou —. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.    [galeano, eduardo. livro dos abraços]

lembra estilo dos africanos mia couto e valter hugo mãe.

muitos textos tratam do tempo da ditadura militar na américa latina, do qual foi contemporâneo galeano. escreve sobre exilados, indígenas, torturas, arte, censura... outros textos relembram antepassados, aqueles mais antigos na luta pela liberdade e também alegorias do viver em estado de arte e estado de espera para mundo menos rude.

nessa linha, celebra a memória. celebra a necessidade de reconhecer nosso lugar, nossa história latina, deve ser por isso o "abraços", no título. e como são necessários.

vejam :



sexta-feira, 8 de maio de 2020

é preciso coragem




maio de 2020.
pandemia.

país mostra sua realidade que é a falta de saneamento básico, políticas públicas de saúde decentes e apoio à educação. 

quando houve algum cisco de ação em prol de quem mais precisou, um ex-presidente foi preso -- sem provas -- e uma presidenta deposta por casuísmos mais políticos do que econômicos. 
quando escrevo, os corpos chegam a nove mil, desde meados de março, quando a contagem se deu. centenas de milhares de infectados.
pessoas agonizam.

e há lideranças políticas que desdenham da pandemia, das mortes, da pobreza.

é preciso coragem para resistir ao surto.

o sentimento, hoje -- posso piorar amanhã -- é de mágoa com quem apoiou essa plataforma política, no fim de 2018. 
avisos não faltaram.
quem está na linha de frente, na vanguarda, são os profissionais de saúde. 
todos eles, médicos, auxiliares de limpeza, motoristas de ambulância, enfermeiros, estudantes, estagiários, residentes, secretários, e eles ainda são apedrejados! 

já senti muita raiva -- muita mesmo -- de quem votou pela volta das perseguições à ciência e ao desmatamento. já senti raiva. hoje, não sei que nome dar ao que vai em mim.

sinto muito, não consigo ser otimista hoje. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

bacurau imprescindível





filme dirigido por kleber mendonça filho e juliano dornelles, bacurau (2019) é catarse premiada.
narrativa que reúne elementos de um  brasil guerreiro com referências à guerra de canudos, lampião e trajetórias de resistência política ante à possibilidade de que o país se torne quintal de jogos de norte-americanos.

o museu de bacurau expõe um passado de luta e isso se faz chave para compreender o desfecho.

o que é o filme:
narrativa se passa no sertão de pernambuco, século 21.

bacurau é um vilarejo que precisa de água e ela vem com caminhão pipa de outra cidade.
o começo é impactante: caminhão pipa traz, além do motorista e da água, teresa, jovem liderança da região que volta à cidade para enterro da avó carmelita. nesse percurso, estrada precária, o caminhão chega a passar por cima de caixões, à beira da estrada. mais adiante, revela-se que um acidente com motociclista pode ter causado a tragédia e o tombamento da carga de um caminhão carregado de caixões.

bacurau é um pássaro, vive como corujas, à noite. mas tem a peculiaridade de ficar no chão, não em árvores.

a narrativa traz personagens brasileiros simples mas contundentes em suas posturas: prostitutas, cantador, homossexuais, negro, assassino, professor, crianças livres, donas de casa, dentre outros. todos se respeitam, convivem, sem preconceito.

a trama : candidato à reeleição, tony júnior se mostra hipocritamente acolhedor ante as necessidades do povo de bacurau.  o vilarejo é espécie de distrito da cidade onde tony jr exerce prefeitura. ele é rechaçado pela população que se recolhe às casas deixando a cidade vazia quando o político passa. esta figura que -- de modo caricato -- tirou o vilarejo do mapa -- por vias tecnológicas -- representa boa parte da política corrupta nacional e permitiu que grupo de norte-americanos viesse para praticar a caça humana.

isolados, sendo atacados e mortos, povo de bacurau pede ajuda a lunga, um refugiado numa região de represa que, ao que indica a narrativa, teria entrado em conflito com o povo no passado recente. lunga aceita ajudar a cidade e, juntos, eliminam os estrangeiros. quase simples assim.

o museu mostra imagens antigas de um povo resistente, à época do cangaço.
a resistência parte do museu e da escola, repara nisso.

valem dois detalhes: a abertura do filme se dá com imagens do espaço, com um satélite cruzando a cena, da esquerda pra direita e o planeta, ao fundo, bem redondo, como manda o figurino. outro: um dos personagens produz, à base de planta, um alucinógeno que vai ser fundamental no combate aos fortemente armados estrangeiros que vêm á cidade pra praticar o jogo da caça respaldados pelo prefeito tony júnior. as cabeças dos estrangeiros são expostas na rua, numa citação explícita -- como vingança -- dos cangaceiros mortos e degolados pela polícia brasileira, século 20. o grupo de lampião e maria bonita foi assassinado.

repare que, ao chegar, teresa recebe uma dose em forma de comprimido, desse alucinógeno, com intuito -- talvez -- de permitir que ela suportasse a emoção de encontrar a avó falecida. no enterro, o ponto de vista de teresa prevalece e nota-se que ela tem a visão de uma água limpa saindo do caixão da avó.

uma das canções da trilha é "réquiem para matraga", geraldo vandré.
vem bem a calhar nos momentos de vestibular! guimarães rosa e seu "a hora e a vez de augusto matraga".

uma homenagem ao país com certeza. homenagem à diversidade e necessidade de união contra venda do país, um soco no estômago do bolsonarismo. me lembrei da "bíblia véia e pistola automática" da música "gênesis", racionais, em "sobrevivendo no inferno".

veja! compartilha!





quarta-feira, 8 de maio de 2019

espalhar educação, conhecimento e cidadania






pela democracia
pelo futuro que se avizinha obscuro e letal
pelo presente que nos esmaga
pelo passado que não deve ser esquecido

este golpe desde 2016 planta a semente do ódio aos pobres, criminaliza a miséria social

é autofagia

necessário se faz manter a população acordada!

educadores de toda ordem
estudantes
diletantes
gente que gosta de viver com justiça

vamos espalhar o que é justo!
o que alimenta o intelecto
vamos compartilhar filosofia, ciência, arte, saúde, prazer, empatia...

por favor







domingo, 28 de abril de 2019

bater na educação é primeiro gesto da demência -- internação pode ajudar





presidente da república, eleito, tomou posse em janeiro 2019, diz que filosofia e sociologia não merecem apoio do brasileiro... essas ciências não dariam retorno -- palavras de jair -- e melhor seria focar em medicina etc etc... nem precisa lembrar que para ser médico razoável (e não doutor bum-bum) passa-se pelo estudo da ética... para ser engenheiro razoável (e não sergio naya) é preciso ter mínima noção de cidadania e para que serve uma obra. 
mas não adianta escrever isto, porque gente como esse presidente não entende de argumento, não trabalha com intelecto, nada sabe de empatia, diferenças sociais e importância da educação. 
falharam governantes anteriores... estaduais, federais, municipais... deveriam ter feito mais pela ciência, pela educação básica, pelos professores, mas a ideia nunca foi esta... foi o curto prazo, a eleição baseada em promessas voláteis, como "honestidade", "dignidade", "trabalho", termos tão vagos quanto "sempre" e "nunca". 
falharam elite e clero que, nada, nada estavam a quinhentos anos ditando regra para a população mais pobre. falharam porque planejaram tudo pensando no próprio umbigo e nunca deram ouvidos a quem estava na escola... nossa elite sempre pulou essa parte do estudar. hoje só sabe de auto-ajuda e nem assim deixam de bater em mulher, sonegar imposto ou sustentar turismo sexual...
o título desse texto não se dirige apenas ao óbvio tuiteiro que fez arminha com a mão durante campanha eleitoral... é também aos que elegeram esta desgraça que envergonha até -- pasmem -- que flertou com nazismo, tamanhas as besteiras ditas a respeito da segunda guerra mundial.
precisamos de nossa dignidade de volta. educação é o único lugar. não é no congresso apenas, nunca foi na igreja, não é no armamento, nem condenando à morte negros, mulheres, comunidade lgbt e afins como se vem fazendo há tempos. 


quem é educador, educadora, precisa sempre manter a dignidade. 

ninguém solta a mão de ninguém.


. . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .   .   .    .

se puder, veja, divulgue




sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Descreve com galharda propriedade o labirinto confuso de suas desconfianças - gregório de matos




Descreve com galharda propriedade o labirinto 
confuso de suas desconfianças


Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio achando,
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte, aonde estou vivendo!

Ó voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada fantasia, sono brando,
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando,
Onde o próprio, que escuto, não entendo!

Sempre és certeza, nunca desengano,
E a ambas propensões, com igualdade
No bem te não penetro, nem no dano.

És ciúme martírio da vontade,
Verdadeiro tormento para engano,
E cega presunção para verdade.


. . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   .    .


  • poema de caráter subjetivo, lírico e reflexivo
  • pessimista


. . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .

notas -

     Babel –
      bíblico: torre inacabada por castigo divino, daí seus idiomas se diferenciaram;
                   confusão

     Paradoxos

             1.sofrimento no lugar de glória  - verso 3
             2.morte e vida – verso 4

     Antíteses    certeza / desengano
       penando  / vivendo
      engano  / verdade


sábado, 19 de maio de 2018

política e inteligência







verdade seja dita, há muitos anos o querer melhorar a vida dos assalariados, a luta por direitos trabalhistas, o apoio à comunidade lgbt, a reforma agrária e a busca de uma política que se habitue a valorizar a coisa pública sempre foram pautas da esquerda. é uma pena. pena porque deveria haver mais diversidade. pode parecer simples, mas a meritocracia e o racismo pontuam relações sociais na américa latina. há mais de 500 anos. vai vendo. a direita individualista, aquela que acredita no deus capital como saída pra tudo, além do protecionismo às vozes do mercado -- do tipo "privatiza tudo" -- isso realmente afasta qualquer chance de harmonia social.
quem não estuda, quem não olha para seu estado com um mínimo de curiosidade social, realmente perde a chance de contribuir e alimenta a ideia de que opinião é argumento. 
a pauta social que se construiu desde o início do século 21 está esfarelada por esse desgoverno que precisa fechar a conta de que os sustentou. empresários, banqueiros, latifundiários e imprensa privada que precisam de benesses financeiras e acreditavam que em 2014 haveria aquele aécio na presidência. prenderam o ex-presidente sem provas, retiraram do poder a presidenta sem crime de corrupção e querem a reforma trabalhista para agradar o empresariado que financiou políticos e precisam do retorno. 
vejam como foi o golpe de 2016.

reflita.
o congresso brasileiro precisa de humanistas, estadistas e devotados a questões populares. melhora a economia, a geração de emprego e a inflação cai. aliás, como foi entre 2004 e 2015, pra ser bem franco. é só estudar.

serei mais claro: partido dos trabalhadores, partido da solidariedade e partido comunista estão na vanguarda dessa busca por estabilidade social. não é a direita que vai fazer isso, já estamos vendo. 
por favor. querem mudança no congresso? nada de bancada evangélica, nada de pmdb, bolsonaro, psdb, ptb... por favor. veja com cuidado qual é o partido do candidato do seu espaço eleitoral. não basta ser o boa-praça, o bom discursador, o que financia festa junina, se esse cidadão é a favor dessa reforma trabalhista. não dá.

veja esses vídeos. acho que ajudam...








segunda-feira, 30 de outubro de 2017

joão cabral de melo neto - o urubu mobilizado



hoje, a ideia é discutir com seus alunos(as) um texto do modernista joão cabral de melo neto. segundo a crítica literária, pertnce ao terceiro tempo modernista, décadas de 1950 e 60, junto com clarice e guimarães rosa, dentre outros.

joão foi um regionalista, porém, elevou a discussão sobre diferença de classe, nos sertões do nordeste, a um patamar mais universal, tratando do homem e a questão da existencia


    O urubu mobilizado

Durante as secas do Sertão, o urubu 
de urubu livre, passa a funcionário.
O urubu não retira, pois prevendo cedo 
que lhe mobilizarão a técnica e o tacto, 
cala os serviços prestados e diplomas,
que o enquadrariam num melhor salário,
e vai acolitar os empreiteiros da seca,
veterano, mas ainda com zelos de novato:
aviando com eutanásia o morto incerto,
ele, que no civil que o morto claro. 

                                 2
Embora mobilizado, nesse urubu em ação 
reponta logo o perfeito profissional.
No ar compenetrado, curvo e conselheiro,
no todo de guarda-chuva, na unção clerical,
Com que age, embora em posto subalterno:
ele, um convicto profissional liberal.

MELO NETO, João Cabral de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Ed Nova Aguilar

nota
acolitar ; prestar serviço; ajuda


pergunte a seus alunos o que se entende por "indústria da seca", no século 20.
o que seriam esses diplomas do urubu?
em que medida este texto se aproxima do que se lê em "vidas secas", de graciliano?


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professor(a),  
a ideia, aqui no blog, nesta série, não é ser definitivo, com algo muito extenso, em cada post... mas sim deixar material suficiente para uns 50 ou 40 minutos


algo para, de repente, um exercício, depois do seu debate, uma avaliação, uma tarefa de casa... use este material como lhe convier!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

aula : barroco e contrastes




                                                                        [ banksy ]

hoje, barroco :

o que é ?
segundo alfredo bosi, o estilo “enraizou-se com mais vigor e resistiu mais tempo nas esferas da Europa neolatina que sofreram impacto vitorioso de  novos tempos mercantis. é na estufa da nobreza e do clero espanhol, português e romano que se incuba a maneira barroco-jesuítica: (...) mundo  (...) organicamente preso à Contrarreforma e ao império filipino (...)”

         [história concisa da literatura brasileira, ed cultrix]

o estilo barroco ficou marcado, vulgarmente, pela ideia de contrastes. claro-escuro. teocentrismo versus antropocentrismo, mas é um tanto mais que isso.

continuando o barroco, aqui vai mais uma proposta de aula :

análise de texto com gregório de mattos e guerra, século 17:


Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia,
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora
Quando vem passear-te pela fria,
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,

E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


maria parece ser uma figura à altura de um mito grego – adônis – e capaz de agregar em sua feição, a aurora, o sol etc.

contudo, algo pode pôr fim às virtudes da moça: o tempo. melhor é viver do que esperar.
questione seus alunos sobre o que seria aproveitar o tempo. o que é, afinal, aproveitar? 

sempre que começar um projeto, uma aula, sempre que começar seu dia, pergunte a si mesmo se a educação é o que gostaria de fazer se, de repente, o dinheiro não fosse um problema.
passada essa etapa, caso a resposta seja sim, vale a pena continuar perguntando se você é capaz de fazer seu aluno feliz.

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professor(a),  
a ideia, aqui no blog, nesta série, não é ser definitivo, com algo muito extenso, em cada post... mas sim deixar material suficiente para uns 50 ou 40 minutos

algo para, de repente, um exercício, depois do seu debate, uma avaliação, uma tarefa de casa...
use este material como lhe convier!


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melhorar sua aula? projetos interdisciplinares? clique aqui !




sexta-feira, 3 de março de 2017

anita malfatti e a exposição de 1917




pintora, professora, ilustradora, enfim, uma artista completa, dentro de um cenário genuinamente masculino, acabou produzindo uma tensão que, a mim, também passa pela questão do gênero.
em 1917, malfatti fez uma exposição com 53 obras modernas, na líbero badaró, 111, são paulo. era dezembro. dentre as obras, "o homem amarelo", "mulher de cabelos verdes", "o farol de monhegan" (uma ilha, nos e.u.a.) e "o japonês".

a técnica de influência expressionista, após temporadas entre berlin e estados unidos não combinava com o conservadorismo quatrocentão do paulistano bandeirante pai de família. a famosa "gente de bem", que tanto se conhece por aqui. 
lobato, legítimo representante dessa estirpe, na época, destruiu verbalmente a exposição, num artigo chamado "paranoia ou mistificação". anita ficou um ano sem pintar. modernistas como mário de andrade e oswald saíram em sua defesa. contudo, a vida artística de anita malfatti não seria mais a mesma.

em 2017 completam-se cem anos dessa mostra importantíssima. uma batalha, não necessariamente contra o conservadorismo, mas sim pela liberdade de fazer arte a seu modo. isso, ela conseguiu.

para saber mais, assista-me!




sexta-feira, 7 de outubro de 2016

esquerda e direita - que são ?





quando me dizem que os conceitos de "esquerda" e "direita" estão acabados, sinto uma vontade muito grande de chamar a galera para quem certas palavras não se perdem no vento: de um lado, kant, adam smith, napoleão, quase todo o vaticano, henry ford, o pessoal da fiesp... de outro, marx, durkeim, lênin, niemeyer, rosa luxemburgo, graciliano ramos, luís carlos prestes ...
essa gente aí está bem esclarecida quanto aos conceitos de "esquerda" e "direita".
de um lado, privatizações, o liberalismo, o capitalismo e a política ligada a grandes corporações empresariais que beneficia apenas um certo grupo de figuras. no brasil, geralmente brancas, diga-se. do outro, justiça social, direitos trabalhistas e o valor ao estado.
quer saber mais ?
assista-me !
e pare de falar que conceitos e "direita" e "esquerda" acabou.


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

o que é realismo





a tela aqui registrada é do lusitano silva porto. 1893. chama-se "ceifeiras". expõe realidade dura, ardida de sol, para as duas mulhres... ao infinito, toda a colheita por fazer.
no plano da escrita é escola literária nascida na frança, segunda metade do século 19.
1857, diz a história. "madame bovary", falubert assina o romance polêmico pra época.
e aqui no brasil? quem foi o autor que primeiro topou mudar de estilo  superar a lenga lenga dos românticos?
assista-me !


sexta-feira, 2 de setembro de 2016

capitães da areia




o livro se inclui na primeira fase da obra do baiano lírico, revela a diferença de classe e a violência contra os mais pobres, vitimados pelo que se acostumou a ler como “os ricos”. de caráter panfletário e feito em forma de uma sequência de episódios, “capitães da areia” se esforça para expor caráter quase documental, uma vez que as notícias publicadas antes do primeiro capítulo, dariam verossimilhança à narrativa, expondo uma necessidade de fazer da obra uma arma contra a miséria
a narrativa envolve pedro bala, líder dos “capitães”, filho de um grevista morto pela polícia, com um tiro. em torno dele, outros meninos, como sem-pernas, joão grande, professor, gato, querido-de-deus e pirulito, dentre outros.
cometendo furtos e vivendo como gente grande, os meninos, por volta de quatorze ou quinze anos, são mostrados como vítimas da sociedade capitalista. Vale lembrar que o livro sai em 1937, auge do varguismo. os adultos respeitados pelo grupo são apenas dois: padre josé e aninha, mãe de santo. uma cena emblemática, é o momento em que professor (joão josé) toma o capote de um homem que se ofendera com seu desenho, tendo inclusive apanhado deste homem. o capote torna a figura do adulto um estrangeiro, alguém fora do ambiente quente de salvador. os policiais também fazem parte dos sonhos de ódio dos capitães. até a família singela, que adota Sem-Pernas, padece, vítima do assalto dos meninos, pois eram ricos. Professor chega a ser reconhecido, na rua, como um futuro desenhista de sucesso, mas não consegue acreditar na proposta de um homem bem vestido que lhe dá um cartão. o menino prefere ficar com a piteira que recebera, deixando o cartão pela sarjeta.
marcando época, está a varíola, que acaba vitimando ricos e pobres. boa-vida, um dos capitães, é acometido pela “bexiga”, mas fica saudável.
com a chegada de dora ao trapiche, percebe-se um rito de passagem para todo o grupo. seus pais haviam morrido de “alastrim”, a varíola. protegida pelo bando, torna-se uma mescla de menina e menino, ágil, companheira, vestida de homem. presos, dora vai a um orfanato e Pedro ao reformatório. torturado, não revela a morada dos outros capitães. É notícia nos jornais. com ajuda dos demais que ficaram fora, consegue fugir, mesmo enfraquecido por passar oito dias em uma cafua, espécie de solitária. dora é retirada do orfanato pelo bando, muito doente. ela e pedro se amam no trapiche e, em seguida, ela morre. impossível não lembrar romeu e julieta, muito menos esquecer iracema, enterrada na praia, deixando seu amado Martim com sua memória. dora é levada mar adentro, oferecida a iemanjá.  sem-pernas também passa por uma espécie de rito de crescimento, quando se vê seduzido pela quarentona que o acolhe, envolvida no mesmo plano de outrora: entrar para roubar. a partir daí, os capitães irão se dispersar. gato vai para ilhéus, professor parte para o rio de janeiro (capital do país), pirulito torna-se frade, padre josé vai ao interior, em nova paróquia, Volta Seca entra para o bando de lampião, joão Grande vira marinheiro, sem-Pernas suicida-se e querido-de-deus segue sua vida de capoeirista. pedro bala deixa o trapiche, torna-se líder comunista, após se envolver com os doqueiros. fim.