um dos primeiros portugueses que, oficialmente, deixou sua marca por durban, áfrica do sul, foi bartolomeu dias, em 1488. no mesmo lugar, viveu parte da adolescência, o poeta fernando pessoa. ele chegou em 1896, em função do trabalho do padrasto, o cônsul joão rosa. na cidade de durban, pessoa escolheu um heterônimo: c.r. anon (brincadeira com "anônimo"). em 1905, o português das múltiplas personalidades deixava a áfrica do sul. na cidade, há um relógio em sua memória e uma estátua para bartolomeu dias, a quem pessoa dedicou versos:
Jaz aqui, na pequena praia extrema O Capitão do Fim Dobrado o Assombro, O mar é o mesmo: Já ninguém o tema!
niketche é dança tradicional do meio rural de moçambique, região da zambézia, áfrica.
livro de paulina chiziane, lançado em 2002, lisboa.
romance. naração em primeira pessoa: rami (rosa maria)
rami reclama ausência do pai de seus filhos. ela confidencia sua angústia com o espelho. nele, a sua imagem dança e diz para ela que seu marido cansou. a dança é niketche.
"dançar é orar", diz rami. "a vida é uma grande dança".
rami casada com tony, cinco filhos.
tony -- chefe de polícia -- se envolve com mais quatro mulhres: julieta, saly, mauáeluísa. somados aos cinco filhos de rami, chegam a dezesseis, no total.
rami é conservadora, educada a obedecer vontades masculinas. é a cultura europeia cristã predominando na personalidade dela.
rami se descobre inexperiente nas questões sexuais -- mas esta é uma visão masculina de sua postura... -- rami, ingenuamente, incorpora
leitor fica sabendo que no norte há escolas de amor. um outro tipo de relação com vida amorosa.
no dia do aniversário de cinquenta anos de tony, rami decide uma surpresa. une as quatro mulheres do marido em meio à sua família. tony se esconde, envergonhado
rami, ao longo do livro, sempre ouvirá de figuras diferentes que o sofrimento por que passa, na situação de poligamia, é culpa dela mesma que não soube segurar o marido
rami une as mulheres e elas se tornam empresárias. tony se vê fora do protagonismo. pede divórcio
as mulheres descobrem que tony está com mais outra mulher:eva. é a sexta. elas temem que ele a assuma... têm ciúme e raiva
decididas, esposas -- praticamente "ex-esposas" -- resolvem passar lição em tony: as mulheres expõem a ele a proposta de que deveria casar-se mais uma vez. as mulheres apresentam a noiva: saluá, dezoito anos. ele não aceita, nervoso.
o romance expõe tradições que transcendem a religiosidade trazida por europeus: uma delas é a escola de amor. nela, mulheres são levadas por uma tutora, conselheira, a deixarem de ser crianças para se tornarem mulhres... contudo, a tal escola se mostra um curso para atender melhor os homens
romance da segunda metade do século 20, cujo assunto é a guerrilha para conquista da independência de angola. os antagonistas? portugueses. os mocinhos são do "m.pl.a." - movimento pela lbertação de angola. nesse grupo estão os personagens "sem medo" (comandante), "teoria" (professor), comissário, verdade, lutamos, milagre, ondina, andré, muatiânvua, dentre outros guerrilheiros. enredo base: grupo está na floresta mayombe. horas de distância dali, na cidade dolisie, outro pequeno grupo se incumbe de enviar mantimentos e outros candidatos a ajudar o grupo de "sem medo". o livro tem 6 partes : a missão; a base; ondina; a surucucu; a amoreira e epílogo. saber mais ? assista-me !
pense numa espiral. pense num quadro de dali. pense em uma narrativa densa, poética. pense na áfrica dos últimos trinta anos. "terra sonâmbula" é muito mais que literatura moderna. é magia. portal de fantasia e história. mítico. crítico e filosófico. mia couto é cirúrgico quando se trata de construir painel para uma determinada ação. cenário que se move, personagens que se desfazem. são duas narrativas : muidinga e tuhair -- uma criança e um idoso -- fugindo da guerrilha, durante a guerra civil, emoçambique. a dupla busca abrigo num velho ônibus queimado (um "machimbombo"). lá, o garoto muidinga encontra um caderno e começa a ler as histórias de kindzu, ali narradas. quer mais ? veja-me!