terça-feira, 30 de agosto de 2022

disfarça e chora - cartola - comentário

 


   DISFARÇA E CHORA
      Cartola (1908 - 80)

 Chora, disfarça e chora
 Aproveita a voz do lamento
 Que já vem a aurora
 A pessoa que tanto querias
 Antes mesmo de raiar o dia
 Deixou o ensaio por outra
 Ó triste senhora
 Disfarça e chora
 Todo o pranto tem hora
 E eu vejo seu pranto cair
 No momento mais certo
 Olhar, gostar só de longe
 Não faz ninguém chegar perto
 E o seu pranto, ó triste senhora
 Vai molhar o deserto
 Chora, disfarça e chora

  . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .

samba critica com algum escárnio o amor platônico de uma senhora por alguém. este objeto do desejo acaba indo para outra pessoa. "deixar o ensaio" pode significar metaforicamente, ensaio de escola de samba, ou seja, o sambista mudou de escola antes do carnaval; ou então: seu amor se foi antes da realização amorosa desejada... o que gerou choro. repare a figura de linguagem hipérbole: lágrimas vão molhar o deserto. é demais.
a letra dá uma lição à senhora triste: "gostar de longe" não resolve. 
cartola foi um dos fundadores da escola de samba estação primeira de mangueira. o apelido "cartola", veio dos tempos em que trabalhou como pedreiro e, para proteger-se, usava chapéu.

. . . . . . . . . .  .  .  .  .   .

saiba mais:


 

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário