quarta-feira, 13 de maio de 2020

hino à tarde - olavo bilac




primeiro poema do livro "tarde", 1919.
publicado postumamente, pois olavo bilac faleceu em 1918.



  HINO À TARDE

 Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
 Alva! Natal da luz, primavera do dia,
 Não te amo! Nem a ti, canícula bravia,
 Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!
 
 Amo-te, hora hesitante em que se preludia
 O adágio vesperal, - tumba que te recamas
 De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
 Moribunda que ris sobre a própria agonia!

 Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
 Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
 Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,

 Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
 A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
 Perpetuação da vida e iniciação do nada...

. . . . . . . . . .  .  .  .  .   
.
nota
estruis  - estraga
adágio - sentença, ditado
nutriz -  mulher que amamenta
. . . . . . . .  .  .  .  .  .   .


soneto com versos alexandrinos, doze sílabas
- poeta não gosta das manhãs, mas do fim do dia porque a tarde é mãe da noite
- a tarde, quando moribunda, prenuncia os clarões das estrelas

poema simbólico sobre a carreira do poeta que, de fato, chegava ao fim

saiba mais! vídeo abaixo



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