sábado, 28 de maio de 2016

o céu a terra, o vento sossegado - camões





O céu, a terra, o vento sossegado
As ondas, que se estendem pela areia
Os peixes, que no mar o sono enfreia
O noturno silêncio repousado
O pescador Aónio, que, deitado
Onde co’o vento a água se meneia,
Chorando, o nome amado em vão nomeia,
Que não pode ser mais que nomeado
— Ondas – dizia – antes que Amor me mate,
Tornai-me a minha Ninfa, que tão cedo
Me fizestes à morte estar sujeita.
Ninguém lhe fala; o mar de longe bate;
Move-se brandamente o arvoredo;
Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita
        [ Camões, séc 16 ]
o pobre poeta está em meio à praia, mar e ventos e espera algum consolo pela morte da amada (ver 3a estrofe –  “morte estar sujeita). tratada como “ninfa”, a figura da musa ressalta a tristeza do amado, uma vez que ele ficou, literalmente, a ver navios.
o poeta pede “tornai-me a minha ninfa”, mas a natureza não lhe atende. o vento leva seu pedido para longe. é ruim. é a busca do amor. é a saudade. 






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